DEPARA LEMVU JOÃO, o histórico fotógrafo africano, foi natural de Makela do Zombo

João Depara Lemvo. Auto-retrato

Por Sebastião Kupessa

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Desde o ano que iniciou a grande revolta de angolanos, encabeçado pelo Tulante Mbuta, em 1912, o período que seguiu dominado pelo sistema dos contratados, onde angolanos eram obrigados a trabalhar nas Tongas sob contrato, um sistema que consistia explorar os nativos, instituído pelo regime colonialista em Angola e a insurreição do noroeste angolano em 1961, muitos angolanos  emigraram para o ex-Congo Belga, em busca de liberdade e melhores condições.

Os refugiados angolanos formaram uma importante diáspora naquele país, muita activa, que não só produziu, como se sabe, resistentes ao regime salazista, como também, artistas, desportistas e músicos, que o estado angolano hesita reconhecer, mas que o Congo exibe, com orgulho, como se fossem seus filhos!

A lista é longa, os músicos como Manuel de Oliveira e Mavatiku Visy; o pugilista Django Makiese,  irmão do advogado e ex-político angolano André Milton Kilandamoko; do esculptor Manuel autor de obelísco de Kalamu (já não existe mais), do futebolista Ngunza “Tchang-Lay”, dos designers (alfaiates) Ladjos e Somi-Tail;  do ciclista Sebastião Luvumbu “Ndombasi”; do famoso tradi-terapeuta (Nganga Nkisi) Pereira e tantos outros, anónimos.

Hoje vamos honrar um destes filhos que deixou impressões digitais, a nível africano, que alguns observadores, qualificam como pioneiro nesta arte, que é a fotografia. DEPARA foi o seu nome artístico.

Depara Lemvu João nasceu no Kibokolo, município do Zombo, província do Uíge, em 1928. Muito cedo, por razões já elucidadas, exilou-se para o ex-Congo-Belga, em 1948, onde, para ganhar a sua vida, aprendeu pequenos ofícios, como mecánico de biscicletas, sapateiro, pedreiro, pescador, etc. Em breve, um sucateiro, antes de converter-se em fotógrafo de talento.

Foi para imortlizar o seu casamento, realizado em 1950, na cidade de Matadi, que decide comprar um aparelho fotográfico pequeno da marca Adox de um atacadista, o que fará dele, um dos maiores desta arte no continente, ao ponto de ser nomeado, tempos depois, fotógrafo oficial parlamento congolês. É autor de mais de 5 mil fotografias, entre as quais, o retrato de Mobutu no Parlamento, de Luambo Makiadi “Franco”, etc

Depois do seu casamento, munido do seu único e precioso instrumento, transfere-se  em Leopoldeville, cidade onde passa a viver apartir de 1951. A fotografia  e outras profissões de biscateiro vão sustentar a sua vida, nessa cidade, sem família nem conhecidos.

Descoberto por Luambo Makiadi aliás Franco, em 1954, dois anos antes da fundação do seu famoso OK.Jazz.. O músico convida-o para ser seu fotógrafo oficial, lançando assim, a carreira de Jean L. Whisckys Depara, como era as vezes chamado. Ràpidamente transfansforma-se em um cronista de imagem da agitada vida social de Kin-Malebo.

Em 1956 cria o estúdio fotógrafico, “Jean Whiskys Depara” na rua Kato n° 54, o que faz dele o retatrista profissional de dia, actvidade bastante lucrativa naquele tempo e “caçador de imagem” noturno, percorrendo bares do Leopoldville, considerado como capital da música africana. Torna-se um cliente assíduo dos conhecidos bares, verdadeiras usinas de “ambiance tropical”  nesse Kin-Malebo de “Tango ya ba Wendo”, tal como Afro Mongembo, Champs-Elysées, o Djambu-Djambu, Fifi, Kongo-Bar, Rivoli na Bandal, Café-Rio. etc.

Os seus disparos instatáneos do fotógrafo oficial, imortalizaram noites de rumba-congolesa em que o Franco ajudou desenvolver, capturando imagens de uma outra África.

Transportando sempre seu flash no ombro, como um verdadeiro companheiro e cúmplice, capturando a realidade da África dos casais mistos, jazzeurs, posturas de bandidos e bandidos, os Bill, Djangos, Sartanas, esses jovens de Léopodville imitadores de actores de filmes Western produzidos em Hollywood, como o James Dean.

Em 1966 fecha o seu famoso estúdio para consagrar-se às suas reportagens, como escreve  Jean Paul Gavard Peret, poeta e crítico francês : “Nas fotografias do Jean Depara (fotógrafo do  século XX  desaparecido com ele), uma virtuosidade (sem efeitos), faz ferver a noite onde as chaves dos amores possívelmente clandestinos expulsam as nuvens no leito dos céus. As coxas se entregam às derivas, elas se cobram do observador das suas erudições. Amar deve escrever-se entre todos lábios. E em plena noite o livre obstáculo do corpo liberta o sol. As emoções não têm idade.”

No antigo Leopoldville, como em Kinshasa de hoje, os homens famosos são, na sua maioria, alvos de calúnias, o fotógrafo Depara será victima do seu próprio sucesso, obtido graças à sua vida noturna de “ambianceur” declarado, amante do whisky e de mulheres bonitas. Foi acusado de sequestrar as suas conquistas femininas, para sacrificâ-las na “Elima ya mayi”, uma divinidade maléfica imaginária que habita no rio do Zaire. A sua profissão de confeccionador de pequenas embarcações pesqueiras vai accelerar a expansão da difamação. Converte-se no Islão e adopta o apelido Abubacar Lemvu alias AboubaKar Jean Whiskesse D. Parant.

Depois de ocupar um cargo de fotógrafo oficial no parlamento Zairense entre 1975 e 1989, abandona a vida pública, para se consagrar na fabicação pequenos barcos artesenais.

João Depara Lemvu faleceu em 1997 em kinshasa, na RDC. Assim desaparece para sempre um dos filhos de talento que Angola viu nascer.

O conjunto das obras do João Depara Lemvo foram exibidas pela primeira vêz em Genebra, na Suiça, no Centro de Fotografia em 2002 e depois em seguintes localidades:

EXPOSITIONS INDIVIDUELLES 2011/2012 Depara, night and day in Kinshasa,1955-1965.Exposition individuelle, Maison Revue Noire, Paris, France 2009

Les nuits de Kinshasa, Jean Depara, 1955 à 1975, Rencontres africaines, Biennale de la Photographie, Bamako, Mali 2002

Depara, Centre de la Photographie, Exposition individuelle Geneva, Switzerland 2000

Exposition individuelle, Bologna, Italy EXPOSITIONS COLLECTIVES 2015 Beauté Congo – Congo Kitoko, Fondation Cartier pour l’Art Contemporain, Paris – France Art Genève,

Galerie Magnin-a, Genève, Suisse 2011, JapanCongo, Double regard de Carsten Höller sur la collection de Jean Pigozzi Le Magasin, Grenoble, France .

The Garage Center for Contemporary Culture, Moscow, Russia 2010 Un rêve utile.

Photographie africaine 1960-2010, Palais des Beaux-arts, Brussels, Belgium 2008 Zoom sur la femme congolaise,

Espace “Art de vivre”, Kinshasa, DemocraticRepublic of Congo 2007

Le rituel de la pose, Musée des Arts derniers, Paris, France 2006/2007 100% Africa,

Guggenheim Museum, Bilbao, Spain 2005/2006 African Art Now:

Masterpieces from the Jean Pigozzi Collection Museum of Fine Arts Houston, Houston, USA

National Museum of African Art, Smithsonian Institution, Washington DC, USA 2005 Arts of Africa,

The Contemporary collection of Jean Pigozzi, Grimaldi Forum, Monaco 2004

E la Nave Va, Jours tranquilles à Kinshasa, MAMCO, Geneva, Switzerland 2001 Photographes de Kinshasa, Rencontres africaines, Biennale de la Photographie,

Exposition individuelle, Bamako, Mali 2000 Noorderlicht 2000

Photo Festival, Fries Museum, Leeuwarden, Netherlands

Anacostia Museum Washington 2000,

New African Museum New York 2000,

Africa Past-Present: Seydou Keita, P.K. Apagya, Depara, C.A. Azaglo and Ojeikere,

Fifty One Fine Art Photography Gallery, Antwerp, Belgium 1998/1999

Eye Africa: African photography 1840-1998, Festival of African photography, South African National Gallery, Cape Town, South Africa

 

Fontes consultadas: Wikipedia, Revue Noire e Lino Neto.

 

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