Sobre actualização do Kikongo

 

Por José Carlos de Oliveira

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Aqui está,! Se não estou em erro, a nova forma de grafar ACTUALIZAÇÃO, deve ser ATUALIZAÇÃO, daí o entender-se que todas as línguas vivas, como é o caso do Kikongo, estejam continuamente a adaptar-se ao ESPIRITO DO TEMPO.

A influência da mãe negra na transmissão da língua ladina ao Linguará e deste ao Acordo Ortográfico. Se compulsarmos qualquer dicionário da língua portuguesa em busca do termo ladino encontramos o adjectivo astuto, ardiloso, finório, manhoso.

Significado de Ladino na estória (história) da língua portuguesa

adj. Astuto, vivo, esperto.

Ardiloso, finório, manhoso.

Bras. Dizia-se do escravo e do índio que já falavam o português e já estavam familiarizado com certos costumes dos brancos. Qual a origem da língua ladina? Ainda é falado atualmente em alguma região do mundo?

O dialeto ladino é a língua hispânica oral e escrita dos judeus de origem espanhola. O ladino tornou-se uma língua caracteristicamente judaica apenas depois da expulsão dos judeus.

Espanha em 1492 – até então era apenas a língua da província onde moravam.

Quando os judeus foram expulsos da Espanha e Portugal, perdeu-se o contato com o desenvolvimento posterior daquela língua, mas continuaram a usá-la nas comunidades e países para os quais emigraram. O ladino, portanto, reflete a gramática e o vocabulário do espanhol nos séculos XIV e XV. Quanto mais distantes da Espanha os judeus se instalavam, mais alienados às mudanças da língua eles ficavam, e mais diferentes do espanhol.

Em Amsterdã (Holanda), na Inglaterra e na Itália, o judeus que continuavam falando o Ladino estavam em constante contato com a Espanha, e, portanto, falavam praticamente o espanhol da época. Porém, nas comunidades sefaraditas do Império Otomano, a língua não somente preservou as formas antigas do espanhol, como “pegou emprestado” várias palavras do Hebraico, Árabe, Grego, Turco, e até mesmo Francês, tornando-se mais e mais distante de sua forma original. O vocabulário Ladino inclui centenas de palavras em espanhol arcaico, e também inclui muitas palavras de diferentes línguas que substituíram as palavras originais em espanhol, dos diferentes países onde os judeus se instalaram.

Alguns termos foram transferidos de uma comunidade para outra através dos relacionamentos econômicos e culturais, enquanto outros se tornaram peculiares a comunidades específicas. No Ladino falado em Israel, há até mesmo palavras emprestadas do Ídiche.

O Ladino era escrito com o alfabeto hebraico, em letras do Rashi ou ainda num sistema de letras denominado Solitro. Foi apenas no século XX que foi escrito no alfabeto latino.

Em várias épocas, o Ladino foi falado no norte da África, Egito, Grécia, Turquia, Iugoslávia, Bulgária, Romênia, França, Israel e, em escala menor, nos Estados Unidos (as maiores populações sendo em Seattle, Los Angeles, Nova Iorque e sul da Flórida) e América Latina.

No começo deste século, com o alastramento do ensino obrigatório da língua local, o Ladino começou a desintegrar-se. A emigração para Israel proveniente dos Bálcãs agilizou o declínio do Ladino na Europa Oriental e Turquia.

Os nazistas, que seu nome seja apagado, destruíram a maioria das comunidades européias onde o Ladino representava a primeira língua entre os judeus. Os sobreviventes do Holocausto que falavam Ladino e emigraram para a América Latina costumavam captar o espanhol comum muito rapidamente, enquanto outros adotaram a língua do país para onde foram.

Israel é hoje o país onde há mais pessoas que falam Ladino, com aproximadamente 2.000.000 pessoas que ainda falam ou entendem a língua.

Contribuição da língua kikongo para a língua portuguesa.

Exemplo e significado do termo Moleque.

Bras. Diz-se do menino que vive na rua, garoto, individuo sem compostura ou que não é digno de crédito.

Port. Diz-se preto de pouca idade, criado preto

Significado do termo moleque (muleke) no meu antendimento

1º  A origem do termo vem da lingua Kongo, ou seja o Kkongo: Muanaleke,

2º  Durante a época escravocrata, centenas de milhares e milhares de meninos seguiram com suas mães a tremenda situação de escravos. Estes meninos, por vezes eram filhos de notáveis, provocavam pela sua precoce inteligencia, profunda inveja em outros membros da familia menos “espertos” e que desejavam notariedade. O resultado era o rapto e a venda ao Pombeiro,
(o que ia comprar PEÇAS, leia-se escravos, permutando-os por arttigos dos brancos.) Este é um assunto muito complicado, naquele tempo todos estavam implicados, NEGROS, MESTIÇOS E BRANCOS.

3º Feita a seleção dos meninos mais inteligentes, eram depois de educados pela mãe que utilizava sempre a lingua materna de permeio com a lingua portuguesa. Ficavam assim a ser prestimosos interpretes nos negócios dos senhores dos engenhos de  cana de açucar que os enviavam posteriormente para ANGOLA E KONGO e não só…

4º Daí que o muleke, viesse a ter novo nome: catraio ( que significava o homem que sózinho fazia o contrabando, ou seja o que passou a ser conhecido por Kandongueiro, daí o Ka-igual a pequeno, e Ndongo-canoa.

Quando eu era menino, lá em Angola, há cerca de sessenta anos atrás, aprendi algumas musiquinhas, sem saber que a origem e pronúncia eram brasileiras. Os mais velhos lembrar-se-ão, os versos diziam mais ou menos o seguinte:

Chiquita bacana

Lá da Martinica…

Foi assim que comecei a misturar tudo. O português da antiga 3ª classe, com musiquinha brasileira, vinda longinquamente do Linguará mais o acento pretuguês. Que português era este? Se os puristas fazem tanta questão na sua semântica, porque é que não percebem que o termo Chiquita, deriva de Chiquitano, povo constituído a partir de uma amálgama de grupos indígenas acantonados no século XVII pelas missões jesuíticas? Ao tempo, os Filipes de Espanha governavam também em

E Mais, o significado do termo linguará pode ser compulsado em dicionários e enciclopédias da língua portuguesa. Encontramos: Linguará , intérprete dos brancos perante os índios e vice versa.

A esta definição podemos acrescentar: linguarado, termo do crioulo da Brava Verde). O mesmo que linguareiro e ainda Chiquitanos, grupo de índios da fronteira do Brasil com a Bolívia, que umas vezes sim, outras vezes não, falam ora o português ora o castelhano e em casa “o tal de Linguará”.

Finalmente afirmo que a luta pelo primor da língua Kikongo, é sumamente importante para estabelecer o rigor atual ( veja-se como graças ao acordo ortográfico se deixou de grafar actual).

É fundamental que os que presam o bom kikongo assim procedam, mas por favor, pensem bem, o espirito do momento tem de estar presente, lembrem-se do Muleke, que por ser um menino vivo e inteligente houve logo alguém que o apelidou de SEM VALOR, MENINO SEM

Se não estou em erro, uma das variantes locais do kikongo é o kisolongo. que riqueza de formas tem a língua kongo.

Espero não ser importuno, a intenção é salientar a capacidade que os kongo têm, desde hà séculos, para permutarem o que for necessário à sua vida, utilizando como grandes poliglotas que são, os termos adequados ao momento.

Do vosso companheiro desta vida Luso Tropicalista

José Carlos de Oliveira

 

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