Cidadãos exigem fiscalização na aplicação das verbas do PIIM

Por Valter Gomes

Munícipes da província do Uíge defendem transparência por parte dos gestores municipais e provinciais na implementação das acções do Programa Integrado de Intervenção dos Municípios (PIIM), que visa a construção e reabilitação de infra-estruturas básicas.

O Jornal de Angola ouviu cidadãos de vários estratos sociais, e foram unânimes em reconhecer a importância de uma gestão participativa, transparente e fiscalizada, dando prioridade à concretização das acções que podem contribuir para a melhoria das condições de vida da população, num curto espaço de tempo, prosseguindo de forma paulatina e segura com os programas e projectos de longo prazo.

“O PIIM é um instrumento catalisador que vai minimizar os problemas e melhorar as condições de vida das populações, mas queremos maior transparência na gestão deste programa,melhorando os mecanismos de fiscalização” disse o economista Roberto Castigo,de 38 anos.

O técnico superior é de opinião que “os administradores municipais auscultam as reais necessidades dos munícipes, através dos conselhos municipais de concertação social, bem como manter contacto directo com os habitantes das zonas rurais”.

Residente no município do Uíge há 28 anos, Roberto Castigo disse conhecer as dificuldades da província, por isso espera que a verba a ser alocada para cada município seja priorizada à agricultura, concretamente à mecanização agrícola, melhoria das vias de acesso, e a criação de políticas que visam atrair investimentos no sector do Turísmo.
Victor Mayala, 52 anos, defende a divulgação do valor global do PIIM disponibilizado à província do Uíge, a exemplo de outras províncias do país, que já a fizeram. Disse esperar que este Programa melhore o fornecimento de água potável e de energia eléctrica às comunidades, e contribua para a melhoria das condições de formação técnica e profissional dos jovens.

Madalena Anselmo de Almeida, 37 anos, mãe de quatro filhos, quer que na execução das acções do Programa haja maior atenção ao aumento de número de técnicos no sector da Saúde, visto que em várias localidades da província existem postos e centros de saúde que carecem de quadros e assistência médica, a população é obrigada a percorrer longas distâncias em busca de serviços de Saúde.

“Constatamos nas aldeias a existência de postos e centros de saúde sem técnicos suficientes, e os poucos existentes, são maioritariamente contratados. Por isso, pedimos que seja dada mais atenção ao enquadramento de técnicos para a garantia dos primeiros socorros nas comunidades”, acrescentou Madalena de Almeida.

Administradores defendem prioridades
Administradores municipais e comunais na província já traçaram algumas prioridades, no âmbito do Programa Integrado de Intervenção nos Municípios.

O administrador municipal de Cangola, Pedro Zua, disse que a construção de salas de aula, postos e centros de saúde, melhoria dos locais turísticos e a mecanização agrícola, figuram entre as prioridades a serem materializadas com os dinheiros do PIIM.

No que concerne a agricultura, o gestor avançou que a Administração Municipal já está a trabalhar para a aquisição de máquinas de lavoura, para o cultivo de terras em grande escala, visto que a região tem terras férteis, que não necessitam de correcção.

“O sector da Agricultura em Cangola está adormecido. A região possui uma bacia hidrográfica do rio Cuilo e terras férteis, que não necessitam de correcção. Precisamos apenas de investidores, para o desenvolvimento da agricultura mecanizada na região e garantir o sustento das populações”, afirmou.

No município do Uíge a prioridade recai para a melhoria do saneamento básico, construção de escolas, expansão da rede de distribuição de água potável, energia eléctrica, bem como a melhoria das vias de acesso.

O administrador municipal do Uíge, Emílio de Castro, considerou o PIIM como um instrumento de extrema importância no desenvolvimento dos municípios. Pediu a colaboração e participação activa da população na concretização das acções que visam o bem-estar.

O administrador municipal de Milunga, Abel do Rosário, definiu a reabilitação das vias de acesso e pontes que ligam a sede do município com as comunas de Massau e Macolo e a melhoria dos 36 quilómetros que separam a comuna de Macocola à sede de Milunga como primeira tarefa a executar no quadro do PIIM.

O administrador afirmou que o objectivo é garantir a circulação de pessoas e bens com normalidade, facilitar a instalação de Serviços de Saúde e da Educação nas localidades, bem como incentivar a produção agrícola e o escoamento dos produtos.

A construção de uma nova conduta de água com capacidade para mais de 40 mil metros cúbicos e 20 chafarizes a partir do rio Cuhu, para beneficiar mais de dez mil habitantes, alargamento da rede de iluminação pública e domiciliária, melhoria dos sítios turísticos e históricos existentes no município, com vista a atrair investimentos, constituem outras prioridades de Milunga.

Na comuna de Lucunga, município do Bembe, o administrador comunal, Manuel de Oliveira, deu prioridade à reabilitação da estrada que liga à comuna ao sector do Wando Nsundi, pelo facto de grande número da população enfrentar dificuldades de circulação, numa zona estratégica de produção agrícola.
A província do Uíge tem mais de 58 mil quilómetros quadrados, 16 municípios, 31 comunas e possui um potencial agrícola invejável.

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