Desenvolvimento do Uíge “passa pelas promessas”

Por Alfredo Dikwiza
Uíge, 01/03 (Wizi-Kongo) – Todos os anos assiste-se na província do Uíge, um grande festival de promessas dos seus dirigentes locais e como de nível nacional, para o melhoramento dos sectores da educação, saúde, estradas, água, energia eléctrica e outros. A maioria dos projectos anunciados para o desenvolvimento da região, “passam apenas pelas promessas”, cuja prática é uma gota no oceano.

Para começar, em 2017, concretamente, no dia 09 de Agosto , o ex-secretário de Estado para Construção, António Teixeira Flor, afirma que em 2018, os 76 quilómetros de estrada que partem do município de Quitexe/Ambuila, seriam inaugurados, uma empreitada iniciada em 2016 sob responsabilidades de uma construtora chinesa (CTCE).

Além de asfaltarem a estrada, no mesmo troço, segundo ele, incluía a construção de duas pontes e uma outra por reabilitar, bem como a construção de 75 passagens hidráulicas, com vista a facilitar a circulação de pessoas e bens dos municípios de Quitexe, Ambuila e Songo. Passados estão dois anos e tal, aquela estrada é uma das péssimas por se circular, entre os 16 municípios que compõem a província do Uíge.

As garantias da inauguração do troço do município de Ambuila, em 2018, dadas por António Flor, em Agosto de 2017, foram no âmbito de uma visita de 48 horas que procedera no Uíge, onde juntou-se aos membros do governo local, para de perto avaliar a execução de obras sociais, como estradas e construção de residências.

Naquele dia, ele e sua comitiva não conseguiram chegar na sede de Ambuila, ou seja, “provou da desilusão” e não gostou dos saltos que sentiu dos poucos quilómetros que andou de Quitexe até ao território de Ambuila e dai a caravana parou, em seguida, os carros manobraram para o regresso. Se os carros dos ministros, governadores e outras entidades, que são de bons gabarito, não conseguem enfrentar algumas estradas péssimas a nível do Uíge, agora imagine “as latas velhas dos taxistas”.

Mas, é nestas estradas que a população que dirigem circula dia e noite, haja chuva, haja sol, frio ou calor, por cima de carros caducos e motocíclos, em busca da sobrevivência. Ambuila, situado a sul da província do Uíge, a pouco menos de 110 quilómetros, possui uma das jóias de Angola, ou seja, é neste município onde está localizado as grutas do Nzenzo, uma das sete maravilhas de Angola, mas, para chegar no local desta maravilha, requer andar dentro do carro com instrumentos de trabalho como “enxadas”, “catanas”, “machados” e outros, pois, a qualquer momento o carro fica estagnado sobre o solo.

Para isso, as grutas do Nzenzo não são visitadas pelos turistas locais, nacionais ou internacionais regularmente. Encontra-se simplesmente em estado de abandono, pois, “ o desenvolvimento da província do Uíge, passa pelas promessas”, dai entender-se até hoje a razão deste troço não ser inaugurado, embora as obras terem iniciado na era de José Eduardo dos Santos e de Paulo Pombolo, um como presidente de Angola e outro como governador provincial do Uíge.

Com vista a facilitar a execução da mesma obra, em 2017, cento e 70 técnicos, entre angolanos e expatriados, garantiam a mão-de-obra, onde, dos 76 quilómetros, 20 já estavam terraplanados. Assim, Ambuila, alia-se ao Bembe, Milunga e Buengas, formando um quarteto de municípios com péssimas condições de estradas, que, dia-a-dia retira o sossego a todas famílias dos quatros municípios em referência.

No mesmo dia (09/08/2017, António Teixeira Flor, na sede da cidade do Uíge, em companhia de ex-governador provincial, Paulo Pombolo e do vice-governador para os sectores técnico e infra-estrutura (até hoje no mesmo cargo), Afonso Luviluku, visitara o projecto de construção de 500 casas sociais, nas imediações da centralidade do Kilumosso, periferia da cidade do Uíge. Um projecto que surgiu para acomodar as famílias que seriam desalojadas das zonas de riscos.

Entre as 500 casas sociais, 200 moradias T2 e 300 outras T3, onde, 102 casas, já estavam concluídas, cuja obra encontrava-se a cargo da empresa CRBC, que, iniciara a construção das mesmas casas a 15 de Maio de 2017. No entanto, as 500 casas deste projecto, contemplariam redes técnicas, de drenagem, distribuição de água potável, de energia eléctrica, entre outros. Passados quase três anos, indo no local, fala por si.

Naquele mesmo dia, com o mesmo objectivo, o ex-secretário, igualmente, ainda teve tempo para visitar o estádio 4 de Janeiro, localizado na rua da Agricultura. Este estádio, também esteve nos planos de ser requalificado, aliás, inicialmente, António Flor, afirmara na possibilidade da construção de um outro estádio, mas, em seguida, Paulo Pombolo sugeriu-lhe que esquecesse a possibilidade da construção de um novo estádio e, sim, que reabilita-se apenas o 4 de Janeiro.

Na verdade, o único estádio a nível da província do Uíge, no caso, 4 de Janeiro, embora não ser, como é chamado de estádio, pois, está além de ser um recinto desportivo, continua do mesmo jeito, como António Teixeira Flor deixou desde o dia 09 de Agosto de 2017. Naquele dia, Flor, garantira que as obras do estádio 4 de Janeiro, em breve começariam.

De garantia em garantia, no dia seguinte, isto é, 10 de Agosto/2017, com a mesma finalidade de constatação das obras sociais em algumas partes da região, António Flor Teixeira e sua comitiva, seguiram percurso para segunda estrada que interliga os municípios do Uíge e Negage, vice-versa, numa distância de 40 quilómetros. A semelhança das outras prometidas, essa, igualmente, até hoje, nunca foi inaugurada, aliás, concluída.

De lembrar que, a estrada Quitexe/Ambuila corresponde ao “lote um”, que vai até ao Songo, com vista a consolidar a malha rodoviária daquelas localidades. O segundo trecho inicia no Uíge, ligando-se ao Songo, Bembe e Lucunga, isto é, no que tange a construção daquelas estradas.

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