“Diboxi” e o seu Renascimento, “os reis do andebol em Angola”

Por Alfredo Dikwiza

Uíge, 25/05 (Wizi-Kongo) – Da coragem, voluntarismo e ao amor com o andebol, lapidou Constantino Afonso Carvalho “Diboxi” e ao lado do seu Renascimento, tornaram-se em donos da modalidade em Angola. Chegaram no trono e receberam a coroa do país, legando para demais equipas e treinadores nos lugares secundários, terciários e tanto mais, cuja odisseia iniciada em 2014, dura seis anos com Uíge no topo.

Coleccionador de vários títulos nacionais, regionais e provinciais, Constantino Diboxi Afonso Carvalho, depois que aceitou hoje, segunda-feira, nesta cidade, a entrevista solicitada pelo portal Wizi-Kongo, começou a observar a necessidade dos clubes locais apostarem mais nas modalidades de sala.

Por aquilo que se vê, apontou, tem sido mais vontade dos treinadores em fazerem funcionar a modalidade, que, os clubes, ou seja, o voluntarismo e o amor dos treinadores para com a modalidade, têm sido os elementos essenciais para a existência da modalidade nas terras do “bago vermelho”. “Devo dizer que em juvenis desde a nossa primeira participação, isto é, em 2014 até ao momento/2020, sempre ficamos no pódio.

Em juniores, em 5 participações, temos dois troféus, os de 3° e 2° classificado, são conquistas alcançadas de maneira gigante, por estarmos a competir com equipas a nível nacional que possuem melhores condições de trabalho e ritmo competitivo apurado”, assegurou, o treinador sucedido a nível nacional.

(Wizi-Kongo) – O que lhe motivou a abraçar o andebol e em que ano começou?

(Diboxi): A grande motivação é o legado de passar o testemunho às novas gerações. Joguei pouco andebol, comecei a praticar a modalidade na escola, em 1990 e apenas participei em um campeonato provincial juvenil, em 1991. Nas épocas de 1992 à 1996, não pratiquei no andebol, mas, em1997, fui convidado por um grupo de jovens que acharam em mim algumas qualidades e aceitei fazer parte do mesmo. “Era jogador e responsável do mesmo grupo de jovens, pela indicação de todos. Mas em 2000, quando ingressei ao Instituto Superior de Ciências de Educação local (ISCED), parei novamente até que finalizei. Assim, em 2010, achei por bem formar um grupo de jovens e daí nunca mais sustive, até hoje”. Concretamente, comecei a carreira de treinador de andebol, em 2010, mas naquela altura não possuía formação alguma ligada a essa modalidade. Três anos depois, isto é, em 2013, a Federação Angolana de Andebol (FAN) e a Associação Provincial local dos Desportos Colectivos, que, proporcionaram-me a formação e daí nunca mais parei.

Em que ano estreou-se num campeonato nacional e do mesmo modo em que ano obteve o seu primeiro troféu nacional?

Nos estreamos em Janeiro de 2014, com os juvenis masculinos, no campeonato nacional, decorrido em Luanda, onde ficamos na terceira posição. Foi o nosso primeiro troféu. Devo dizer que em juvenis desde a nossa primeira participação/2014/2020, sempre ficamos no pódio. Em juniores, em 5 participações, temos dois troféus, os de 3º e 2° classificado.

Como consegue ombrear-se de igual para igual e supera-los, equipas como 1º de Agosto, Petro de Luanda e outras, certamente, com maior volume competitivo?

Desde que começamos nunca defrontamos o Petro Atlético de Luanda. Jogamos de igual para igual com os demais equipas nacionais, fruto do trabalho árduo que desenvolvemos, apesar das grandes dificuldades que enfrentamos.

Cada final é uma final, ainda assim, qual das finais o marcou mais e onde foi?

A primeira final marcou-nos bastante, foi com o 1° de Agosto e perdemo-la por expressivos golos, disputada em Lubango, em Janeiro de 2015. O que mais marcou-me foi a diferença de golos na primeira parte, perdíamos por 11-3. A segunda parte já foi bem conseguida, conseguimos marcar 14 golos e no final perdemos por 28-17. É a primeira final que perdemos desta forma.

Durante a sua odisseia a nível nacional, quantos títulos de campeão e sub-campeão coleccionam no seu histórico?

Temos 4 títulos de campeões Nacionais (2015, 2016, 2017 e 2019) e 2 de sub-campeões Nacionais (2014 e 2018). Importa referenciar que o último título de campeão (2019), foi conseguido em Janeiro passado do corrente ano, na vizinha província de Malanje.

Qual é a sua visão para com essa modalidade a nível da província do Uíge?

A modalidade a nível da nossa província está presente, apesar de existirem poucas equipas, mas precisamos de um grande investimento para que consigamos competir de igual para igual com às demais equipas do país, continuamente. Por agora, fazemos bons resultados nacionais, por via do clube Renascimento, mas gostaria que as outras equipas conseguissem dar um passo gigantesco na senda nacional, a exemplo do que temos feitos e quiçá, numa das finais futuras, ser disputada a nível nacional, entre duas equipas do Uíge. Os clubes devem apostar mais nesta modalidade, por aquilo que vemos, tem sido mais vontade dos treinadores em fazerem funcionar a modalidade, ou seja, o voluntarismo e o amor dos treinadores para com a modalidade, têm sido os elementos essenciais para a existência da modalidade nas terras do “bago vermelho”.

O modo como são disputados os campeonatos nacionais é o ideal ou não?

Quando começamos, as equipas inscreviam-se directamente para as provas nacionais, mesmo que não participasse em competições locais, refiro-me as competições das camadas jovens. É o nosso caso, as primeiras três (3) participações, não tínhamos competições locais, mas participamos. Acho que não era boa forma, apesar de ter sido bom para nós pelas conquistas, mas não era boa maneira. Nos últimos dois (2) anos, mudamos para provas zonais e os participantes aos nacionais, devem vencer os referidos zonais. De facto, melhoramos um pouco, visto que as equipas vão aos nacionais com alguma rodagem.

Qual é o diagnóstico que faz em termos das infraestruras de modalidades de sala na região do Uíge?

Sobre infraestruturas desportivas no geral, a nossa província está mal, pois as poucas que existem estão degradadas e foram deixadas pelo colono português. Há nãos, não se verifica um investimento do governo local nesta área, talvez, para os dirigentes locais, o desporto não é prioridade!

Os bons resultados promovem as pessoas. Sendo assim, já chegou de receber convite de uma equipa gigante do nosso país, quiçá da diáspora?

Nunca tive um convite sequer dos grandes clubes do país. Mas, isto não nos preocupa, estamos focados na aprendizagem contínua por formas a melhorarmos os níveis de treinamento e, naturalmente, continuar a somar vitórias atrás de vitórias aos demais campeonatos nacionais e não só.

O que falta para dar continuidade dos treinos com uma equipa sénior no Uíge, uma vez que apenas participam com juvenis e juniores, quer nos campeonatos locais, quer nos nacionais.

Faltam apoios, já temos alguns seniores, mas não conseguimos participar por falta de apoios financeiros. Este ano era nossa aposta trabalhar alguns juniores e seniores para que pudéssemos participar em seniores, pois havia uma luz no fundo do túnel no que tange aos apoios, infelizmente, a pandemia da covid19, estrangulou nossos propósitos. Mas continua a ser um desafio participarmos em campeonatos seniores e se Deus permitir, mais tempo ou menos tempo, poderemos realizar o sonho.

Quantos jogadores já saírem em suas mãos e que hoje estão a dar cartas em equipas nacionais, cita seus nomes e as equipas onde estão? Como saíram (assinou-se um contrato que apoia por exemplo o clube que o catapultou a elite)?

Em 2018 saíram por cedência temporária três (3) jovens que representaram o Inter Clube de Angola, concretamente, Cláudio Chicola, Wilson da Silva e Maiton Guilherme. Os dois últimos, na presente temporada, poderão representar a equipa B do Inter, enquanto Cláudio Chicola, representa desde 2019 a equipa principal deste clube. Para o Jovem Cláudio, nesta época será cedido definitivamente aos paramilitares do Rocha Pinto.

O que falta para fazer parte da equipa técnica de uma das selecções nacionais da modalidade ou já integras uma delas?

Quanto a esta questão, devo referir que fiz parte como adjunto treinador da selecção júnior masculina que participou no Campeonato africano da modalidade, que decorreu em Marrocos, em 2018. O Treinador principal foi o Filipe Cruz e, ficamos na 6ª posição. Desde que comecei, apenas oriento o Renascimento do Uíge. Caso continuemos nesta senda, meu grande objectivo é crescer cada vez mais por formas a estar em grandes palcos.

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