Festas da Cidade do Uíge vs Desenvolvimento

Por Filipe Nkosi

 

 

 

 

 

Há felizmente muita gente com vontade de trabalhar, com vontade de fazerem as coisas a acontecerem. E, sem sombras de duvidas e, cada vez mais estou convencido disto (não é que eu já não soube-se…) nós os angolanos vamos atingir o desenvolvimento quando de facto apostarmos no sector agro pecuário de forma seria e responsável. Porque?

Porque vai, entre outros, permitir-nos:

1 – Produzir os nossos próprios alimentos, ou ao menos parte deles.

2 – Vai permitir o surgimento da industria transformadora.

3 – Vai permitir exportar o excedente e trazer de volta as divisas.

Nesta data (03.07.2018) fruto da minha atividade profissional, desloquei-me em visita de trabalho ao município do Negage, com o objectivo de visitar um agricultor que apesar de ter recebido credito no âmbito do Angola Investe, ainda tem muitas dificuldades em conseguir dar andamento ao projeto. Consegui constatar uma extensa área de cultivo com plantações de mandioca (cerca de 2 hectares) prontos para a colheita, uma zona com produção de beringela, uma outra zona com produção de melancia e cerca de 2 hectares com abacaxi. A visita efectuada pude constatar entre vários factos, os seguintes que me impactaram:

1 – Dificuldades na transformação do bombom em fuba de mandioca (A moageira mais próxima é a da Cadeia do Kindoqui, onde segundo as informações prestadas lhe cobraram 50% do produto a ser transformado). Absurdo.

2 – Só produz culturas de longa duração por falta de pesticidas, insecticidas…para produzir as sazonais (tomates, repolhos, pimento, cebola…etc.)

3 – Dificuldade no sistema de irrigação

4 – Ausência de um técnico agrário

Os pontos acima são para demostrar que existem muitas situações que acontecem com os empreendedores simplesmente porque falta organização e capacidade institucional para se debelar as mesmas. Agora que estamos na época das festas da cidade do Uije, e por acaso recebi um convite para participar na mesa redonda a se realizar no dia 04.07 em que entre vários temas vai se apresentar o relatório síntese e do grau de cumprimento das edições anteriores dos Fóruns de Oportunidades de Negocio.

Na realidade e tal como no país todo o que falta aqui é mesmo o cumprimento e seriedade das decisões que são tomadas, simples como isto! Não se entende por exemplo e fugindo um pouco do tema, como é possível que o negocio precário seja dominado pelos estrangeiros. Será isso racional?

Mas como não devemos somente levantar os problemas sem dar ao menos 1 solução então ai vai:

1 – Os profissionais/empresários da área agro pecuária devem unir-se em cooperativas activas e actuantes de formas a serem o contra peso nas decisões que o estado/governo toma para o sector e ou mesmo para negociar com os bancos, nos escoamento dos bens produzidos.

2 – Devem os mesmo ter capacidade de celebrar contratos com as escolas de especialidade adstritas a província do Uije; Falo concretamente do IMAN e a Faculdade de Agronomia da UNIKIVI. Com que propósito? Ora no caso deste agricultor do Negage e lhe sugeri que entra-se em contacto com a escola de formas que a fazenda dele se torna-se como um campo onde os estudantes fossem praticar os seus conhecimentos acompanhados dos seus professores. Ex: se o mesmo quiser plantar 1 hectar de mandioca…a lavoura e o plantio poderia ser feito pelos alunos sob supervisão dos professores; sairiam a ganhar todos e poupava-se dinheiro dos 2 lados (mais pormenores só com consultoria).

Celebram-se anos apos anos as festas da cidade do Uije, fazem-se os fóruns, convidam as pessoas e não publicam para todos e a todos os resultados práticos. Será que existe mesmo um mecanismo que mede o grau de cumprimento das medidas anteriores? Que mudanças de facto, trazem as mesmas? Não sinto. Não tenho visto. Espero amanha encontrar respostas as minhas inquietações.

E assim vamos nós comemorando o 101º aniversario da fundação ou melhor elevação da localidade do Uije em Cidade. Onde falta tudo. Não há cinema a funcionar. Não há parques de diversões. A cidade está velha. Surgiu o Kilumosso, a centralidade em que o acesso está discriminatório. Cresceu desordenadamente as zonas sub urbanas com todos os problemas que acarretam estas localidades.

COROLARIO: Não há desenvolvimento e nem crescimento na província do Uije ( e não preciso ir longe para sentir…basta ver que nas pessoas não há mudanças). A propósito os desmaios já pararam? Qual o agente etiológico e ou patogénico?

Viva o Uije

Boas festas

Que venham as autárquicas

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