O matagal invadiu o cemitério do Uíge.

Imagem de arquivo.

Uíge, 03/05 (Wizi-Kongo – O cenário é desolador e de bastante indignação para quem vai ao cemitério municipal do Uíge acompanhar um ente-querido a sua última morada.

As campas, principalmente aquelas em que não foram construídas com estruturas de betão e ornamentadas com mosaíco cerâmico ou mármore, foram engolidas pelo capim. O capim já atingiu altura superior a dois metros e o “Campo Santo” parece-se mais com “uma quinta vedada e abandonada à sua sorte”.

Menos de uma dezena de coveiros têm a responsabilidade de cuidar da “última morada de todos nós”. Mas como “saco vazio não fica em pé”, como eles dizem, perderam forças para tratar da capina do recinto. Um dos coveiros que não queria ser identificado, revelou que ele é os colegas estão há sete meses sem receber salários, situação que os tem deixado desmoralizados para o trabalho.

“Somos todos chefes de família e nossos familiares sabem que todos os dias vamos ao trabalho. Mas não conseguimos levar pão diariamente para as crianças e no final do mês nunca temos dinheiros para custear as despesas pessoais e da casa”, referiu, acrescentando que “se trata apenas de um mísero salário de 21 mil Kwanzas que a administração municipal não consegue pagar”.

 

A fonte disse que o agravante é que nenhuma autoridade governamental ou administrativa visita o cemitério do Uíge para se inteirar do funcionamento do mesmo e das dificuldades vividas pelos trabalhadores que alí funcionam.

“Não nos é garantida condições de trabalho, como alimentação, água para beber e para higiene pessoal. Mesmos algum material de trabalho, temos de ser nós a adquirir”, disse. Referiu que para que consigam garantir a continuidade do trabalho que prestam à população, dependem da ajuda dos familiares que fazem funerais naquele cemitério.

“As nossas enxadas, catanas e outros equipamento têm um tempo de vida útil e desgaste. Muitas das vezes, até para termos limas para alimar estes utensílios, temos de pedir aos utentes”, disse. Sem salários há sete meses. Desmotivação para o trabalho. Somos pais de família e não levamos nada para casa e os filhos cobram.

As autoridades governamentais e administrativas não visitam o campo Santo. Para garantir alguma condição de trabalho, temos de mendigar alguns míseros Kwanzas as famílias dos mortos a serem sepultados. Não nos é garantida alimentação, água para beber ou para higiene pessoal, depois do trabalho.

Até alguns matérias de trabalho adquirimos com a comparticipação das famílias. Somos poucos funcionários e o nosso salário é apenas de 21 mil Kwanzas. Será que custa mesmo pagar os ordenados de um colectivo de menos de 10 pessoas”, questionou.

 

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