Camilo Afonso: “A casa de Angola na Bahia está aberta para todos angolanos e turistas”

Por Jorge Eurico

Por isso, dele guardo a imagem de um morigerado diplomata preocupado, de facto, com a difusão dos valores culturais do nosso País à sociedade soteropolitana e não só. Soube que Camilo Afonso tem feito das «tripas, coração» para manter a Casa de Angola na Bahia de portas abertas para os soteropolitanos e turistas interessados em conhecer mais da cultura angolana. Há dificuldades de toda a ordem. A Casa de Angola na Bahia tem sido ponto de encontro da Comunidade Angolana residente em Salvador. Os encontros têm sido sazonais; aliás, a maior parte deles acontece sempre quando se está às portas da comemoração de uma efémeride política.

Todavia, é bom que se diga que a Comunidade Angolana não quer encontros sazonais. Não quer encontros de reflexão, saraus culturais ou momentos lúdicos quando apenas se assinala uma efémeride política. Quem comunga deste querer, acredito piamente, é, segundo soube, o director da Casa de Angola na Bahia, Camilo Afonso que gostaria de fazer mais para a comunidade. Mas não pode fazê-lo, pois está de pés e mãos atadas. Pés e mãos atadas pelas oscilações de humor e usurpação de competências do embaixador de Angola, Nelson Manuel Cosme.

Por conta disso, o acervo que a Casa de Angola na Bahia possui está a degradar-se dia após dia por falta de assistência técnica. A ausência da referida assistência técnica deve-se ao facto de Nelson Manuel Cosme ter chamado, indevidamente, a si a responsabilidade da gestão financeira da Casa de Angola na Bahia, facto que vai em direcção contrária a uma orientação do Titular do Poder Executivo, José Eduardo dos Santos (Tany Narciso, actual administrador do Cazenga pode disso dar público testemunho).

Por exemplo: Está programado um evento cultural para a próxima semana no quadro da entrega oficial da Casa de Angola na Bahia pelas autoridades brasileiras à parte angolana. Até ao momento em que redigia estas linhas, ainda não havia programa nenhum para a referida actividade. Muito menos convites para os membros da Comunidade Angolana em Salvador da Bahia.

Sabia-se, por alto, que a «Banda Maravilha» haveria de abrilhantar a cerimónia de entrega da Casa de Angola na Bahia. Está, ao que consta, tudo parado. Porquê? Porque o embaixador Nelson Manuel Cosme quer «assobiar e chupar» cana ao mesmo tempo. Quer tocar vários «apitos» ao mesmo tempo. Ou seja, o programa do evento e os convites têm de ser feitos por ele ou pelo menos contar com o seu «agreement».

Será por essa e por outras que a corrente não passa entre o embaixador de Angola e os cônsules do Rio de Janeiro e de São Paulo? Diz-se à boca grande que, só para contrariar, Nelson Cosme também interfere na gestão dos consulados do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Há membros da Comunidade Angolana em Salvador que sequer conhecem o embaixador, pois nunca se dignou reunir com a mesma. Também pode dizer-se que há empresários baianos que pretendem obter informação sobre como proceder para investir no País pós-guerra, mas o embaixador Nelson Cosme nunca lhes «passou cartão».

Ignoro a existência de problemas pessoais entre o embaixador, Nelson Cosme, e o director da Casa de Angola na Bahia, Camilo Afonso. Existindo ou não problemas de cariz pessoal entre os dois, a verdade é que a Comunidade Angolana em Salvador da Bahia não pode ser prejudicada, nem o Estado angolano deve ficar «mal na fotografia» pelo facto de o embaixador Nelson Cosme estar a pôr a colher numa «panela» que não está sob sua alçada – a Casa de Angola na Bahia, no caso -, mas sim da ministra da Cultura, Carolina Cerqueira.

Para terminar, gostaria de perguntar ao senhor embaixador Nelson Cosme: Qual é parte do artigo sexto do Estatuto das Casas de Cultura, referente à sua «Tutela e Superintendência», que não entende? Aí vai uma ajudinha: O referido artigo diz no seu Ponto Um que “As Casas de Cultura” subordinam-se metodologicamente ao Ministério da Cultura através da Direcção Nacional de Acção Cultural (..)”.

É por essas e por outras que a atitude do embaixador Nelson Cosme não encaixa na minha ciência nem da dos que acompanham o seu desempenho enquanto delegado de Luanda em Brasília. E enquanto não conseguir compreender, hei-de perguntar: Quê, quê é isso senhor embaixador Nelson Cosme?

Via facebook

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