“Somos poucos para uma grande Nação”

João Mavinga | Mbanza Kongo

D. Vicente Carlos Kiaziku (D. Vicaki), Bispo da Diocese de Mbanza Kongo, abriu as portas do Bispado ao Jornal de Angola e durante duas horas emitiu sugestões e indicou vias conducentes à saída da pobreza e ao estimular de estratégias para um ensino de qualidade. O prelado afirmou que a riqueza de um povo são os homens bem formados, pois só assim “seremos uma grande nação”. D. Vicente Carlos Kiaziku admitiu que a qualidade de ensino em Angola é muito baixa, garantindo abertura total da Igreja para, com a sua experiência, ajudar o Governo a melhorá-lo e critica o “capitalismo selvagem” que se instalou em Angola”

Senhor Bispo, Mbanza Kongo acaba de ganhar o emblema da UNESCO de Património Cultural da Humanidade. Que efeitos práticos terá isso na vida da população local?

Quando falamos de efeitos práticos, o que esperamos é que se melhorem as condições de vida da nossa população. Esperamos também que a nossa cidade tenha aquelas condições ideais para acolher turistas, historiadores, investigadores e estudiosos. Esse reconhecimento mundial, para nós, é também um sinal de esperança. Claramente é um processo, e não podemos esperar que Mbanza Kongo se transforme de “pé para mão”, de um quadro precário à uma situação completamente diferente, isso é humanamente impossível. E porque é um processo significa que nesta caminhada há avanços, recuos e reticências, mas o importante é que o objectivo a atingir seja bem claro e a sua implementação comece com o pé direito e não tenha muitos recuos. São precisos recursos financeiros e é preciso também que haja mudança de mentalidades por parte de todos nós munícipes de Mbanza Kongo, porque vimos, por exemplo, a nível de bens colectivos, como muitas escolas novas são vandalizadas de uma forma que eu até me pergunto se o vandalismo é mesmo obra de nossos jovens, filhos capazes de tanto mal e de tanta destruição?

Em 2020, os peritos da UNESCO estarão em Mbanza Kongo para avaliar o grau de cumprimento das exigências saídas no encontro de Cracóvia, na Polónia…

O comentário que faço é de isso ser um grande desafio. É um desafio que nós recebemos. Angola e o Governo, em particular, sabem quais são os seus compromissos. A população também foi informada das exigências e agora há necessidade de encararmos seriamente estas obrigações para as transformações que se impõem e se esperam com muita ansiedade.

Se não forem cumpridas as exigências da UNESCO, a cidade corre o risco de perder a proeza.

Sim, temos consciência disso. Agora, nós sabemos também que estamos com muitas dificuldades, por isso do pouco dinheiro que entra, certamente, Mbanza Kongo terá que ser priorizada. Estive há dias com a senhora ministra da Cultura que me garantiu ter feito tudo junto das instâncias superiores, e de modo particular do Sr. Presidente da República, para que parte dos recursos financeiros que entram seja endereçada à nossa cidade. É uma honra, estamos contentes, pois muito se fez para que a nossa cidade chegasse a essa qualificação e seria insensato agora deixar a cidade à mercê do próprio destino. Se é importante sermos um património da humanidade, logo temos que fazer de tudo, mesmo financeiramente, para que Mbanza Kongo não recue nesse processo de desenvolvimento que se requer sustentável.

Que contribuições a Igreja pode dar para sustentar mudanças no figurino de uma cidade histórica como Mbanza Kongo?

Sabe que a Igreja nunca está prevalentemente na acção de construção da linha da frente. No passado até esteve (e em abono da verdade em algumas regiões remotas ainda está), mas agora e graças a Deus o Estado vai paulatinamente assumindo as suas responsabilidades sociais. Nós podemos sugerir e dar um ou outro conselho, mas o importante para nós, como até foi no passado nesta região que foi a capital do Antigo Reino do Kongo, é ajudarmos o Estado a melhorar o ensino e a formação integral das pessoas. As nossas infra-estruturas, porque primam pela atenção ao homem no seu todo, devem ser de estímulo, de emulação para a melhoria das escolas estatais e de outras particulares. A Igreja trabalha sobretudo na mudança das consciências e das mentalidades. Aqui sim, o nosso contributo será mais concreto e profundo.

De que forma, senhor Bispo?

Através de escolas qualificadas, através de escolas que mereçam este nome, através da formação humana integral e da nossa catequese, que ajuda a formar as consciências e, sobretudo, através de uma moral e ética justas. Formar o homem novo à luz do Evangelho, da pessoa de Jesus Cristo. Na nossa história recente, tentamos formar o homem novo sem o Evangelho e foi um grande fracasso… Muitos desaires que nós hoje colhemos na sociedade e nas famílias é também fruto do que semeamos ao tentarmos formar o homem novo sem Deus, sem Jesus Cristo.
O tão apregoado resgate de valores morais, para nós católicos, só se alcança com o recurso ao Evangelho, que provoca em nós uma conversão que significa mudança radical das atitudes pecaminosas do nosso coração para a prática de boas acções. E mais, não basta a boa vontade e a formação, mas adquire-se com a ajuda da graça de Deus. E não é por acaso que o Estado tem apelado às Igrejas para que o ajude nesta tão honrosa e difícil missão do resgate dos valores éticos.
O Estado avança e tem os seus deveres para com a Nação e nós, no caso específico do ensino, devíamos ter escolas que ajudem, verdadeiramente, a melhorar o ensino geral do Estado científica e moralmente. É um desafio que nós também temos, porque hoje há muitos que aclamam as escolas católicas, dizendo que são aquelas com maior rigor e dinamismo e maior qualidade de ensino. As nossas escolas têm bom nível de aproveitamento no país. É importante que a qualidade seja verdadeiramente boa. A ciência deve ser acompanhada pelo aspecto moral do indivíduo. Mas é preciso fazer muito mais… por exemplo, superar radicalmente o vírus da corrupção e preparar melhor os professores que chegam às nossas escolas.

E os Magistérios?

Olha, seria bom também o seu ressurgimento, seria uma boa ajuda para todo o país também, mas estamos votados a muitas dificuldades financeiras e os tempos mudaram… O que eu sugiro é que mesmo as escolas estatais não tenham receio de implementar o ensino de educação moral e cívica no currículo escolar, mas com elementos credíveis, que aportem uma certa conduta moral, e empregar professores com muita responsabilidade, que não sejam corruptos. Professores com elevada autoridade moral e competência.

Com novos programas em execução na cidade, o problema de água vai ter solução?

Bem, a água é vida. Ter água potável em casa ou pelo menos perto é reflexo de saúde e de qualidade de vida. É termos capacidade para uma melhor higiene. Termos água potável à disposição é o mínimo que se exige para o bem-estar das populações. Vemos com muita satisfação a implementação lenta mas segura do projecto de água, esperando que seja efectivamente para toda a população: água pura e abundante! Ainda se vê muita população que vai correndo com bidões e bacias à cabeça à procura de água pela cidade. Esperemos que este cenário acabe quanto antes. O programa intitulado “Água para Todos” ain-da não é uma realidade no Zaire e em muitas partes do País. Mas já se registaram algumas melhorias. Eu pessoalmente aqui no Bispa-do e noutras casas vivo isto. Há bem pouco tempo comprávamos água em cisternas e hoje já não. O nosso reservatório tem recebido com regularidade, embora com uma certa intermitência, água da rede pública. A qualidade da água também deixa muito a desejar. Só a sua cor amarelada, diz tudo. Não é por nada que a febre tifóide em Mbanza Kongo é de casa…

Concordará se considerar o potencial turístico existente como mera utopia, pelos baixos níveis de crescimento da cidade?

Mera utopia não é bem assim, isso depende de nós. Que o turismo não vai ter de imediato aquele ritmo que gostaríamos que tivesse, posso admitir. Eu estive (não como turista) várias vezes no Quénia, Tanzânia, África do Sul, Namíbia, só para citar alguns países da África com turismo qualificado, e da experiência destes podemos colher muito. Acredito que seja questão de organização e de mentalidade, devemos organizar o nosso país para acolher turistas. Está em curso uma política que facilita a aquisição de vistos sem percalços. Este é um passo na abertura do País. E se tivermos agências turísticas capazes de motivar a população turística lá fora, sobretudo termos aqueles itinerários bem definidos e organizados, com certeza que os turistas virão e com muita força. É preciso criar as condições. Deixar mãos livres aos empreendedores turísticos com verdadeira capacidade financeira…  Os hotéis em Angola, por exemplo, têm preços exorbitantes com serviços medíocres. A maior parte de serviços nos nossos hotéis não é bem-feita, não são da qualidade que se exige. Esta é também uma questão a corrigir, mas mera utopia, não!

Coloquei a questão pelo facto do Zaire ser um potencial económico e que contrasta com a realidade existente.

Sim, isto é verdade. Mbanza Kongo e Angola no geral. Não podemos negar que nós somos ainda um país do Terceiro Mundo, com tudo aquilo que isso significa. Toda Angola deve rejuvenescer-se economicamente. Termos mil e um acordos com todos países do mundo, com a vinda de “n” delegações a firmar acordos a “torto e a direito”, tenho consciência de que Angola vai ter dificuldades de colocar-se à frente. Acordos e parcerias com o exterior não nos falta, só que o processo tem dificuldades de arrancar de forma objectiva. Agora mudou-se um pouco de políticas e vamos ver se conseguimos acertar e se essas parcerias começam a dar frutos em nosso benefício. O sonho tido nos primeiros anos da nossa independência de sermos o farol de toda a África, infelizmente continua tal, mas estamos firmes na esperança.

Que políticas mudaram no país, na óptica do senhor Bispo?

As políticas económicas estão a mudar. A política de investimento externo está a mu-dar. Há maior abertura agora. Com o socialismo estava tudo concentrado nas mãos do Estado. Hoje já há uma certa abertura com a classe privada. Mas ainda há muita interferência de indivíduos afectos ao regime na actividade dos privados… por exemplo procurando parcerias a todo o custo em troca de uma licença a que tem direito… isto trava os investimentos. Muitas vezes pensamos como capitalistas, mas com a mentalidade socialista, porque muitos quadros do país foram formados com essa mentalidade e este é um problema. Agora há outro extremo também que devemos evitar no país. Refiro-me ao capitalismo selvagem. Eu confesso que em certas acções do nosso Executivo às vezes é preciso pensar também naqueles pontos positivos que o socialismo tinha, para não cairmos no capitalismo selvagem. O Estado tem a sua missão reguladora. Nem oito, nem oitenta. Porque não aproveitar também o exemplo dos países sociais-democratas que hoje afinal são os países mais desenvolvidos do mundo, onde o bem-estar é uma realidade para a maioria da população?
O multipartidarismo vai-se afirmando cada vez mais com todas as consequências positivas que advêm desta realidade para a nação. A liberdade em geral e no seu verdadeiro sentido da palavra também se vai afirmando paulatinamente e isto também ajuda a mudar as políticas do nosso país. Sublinho por exemplo a liberdade de imprensa e a sua influência na sociedade.

Como caracteriza as relações entre o Estado angolano e a Igreja Católica?

Graças a Deus, as relações são boas, já tivemos no passado, sobretudo no tempo do marxismo-leninismo, momentos de  fortes tensões, mas hoje são boas. Por exemplo, a decisão do Executivo, na pessoa do Presidente da República, de autorizar a emissão da Rádio Ecclesia para todo o País é uma das provas. O próprio Estado não teme a Igreja, como não devia temê-la nunca, por ser um parceiro para o bem e, aliás, nós devemos agradecer quando alguém nos faz uma crítica construtiva e que nos ajuda a fazer melhor. Devemos aprender a não ter medo da crítica, pois estamos abertos a outras ideias para depois dessa confrontação podermos escolher o que melhor interessa para o bem-estar do povo. E mais, os passos dados na elaboração da Concordata entre o Estado Angolano e a Santa Sé também é um indicador importante das relações entre o Estado e a Igreja. Só desejamos que a sua assinatura não leve ainda muito tempo…

“Seria bom que os governantes conhecessem a doutrina social da Igreja”

Existem condições que garantem o funcionamento da Rádio Ecclesia em Mbanza Kongo?

As condições estão quase criadas. Temos ainda algumas dificuldades técnicas razão pela qual ainda não emitimos em regime experimental. Temos que comprar alguns aparelhos para uma emissão de programas de qualidade, mas depois vamos ter, naturalmente, o desafio dos quadros. Não basta termos aparelhos ultramodernos a funcionar, sem que para o efeito contemos com quadros preparados. As condições mínimas estamos a criá-las, para depois, paulatinamente, irmos resolvendo também outras questões pontuais que se impõem.

O que o país esperava depois da realização das eleições?

Claro, as eleições criaram muita expectativa e boa. A gente escolhe alguém para que dirija o povo e consiga cumprir com as promessas que são feitas na campanha eleitoral. Como dizem os italianos, entre o dizer e o fazer tem no meio dessas duas realidades o mar. A gente vê o mar de uma ponta e nunca vê o mar da outra ponta, é uma coisa infinita. É difícil cumprir aquilo que se promete, mas acredito ser uma grande satisfação cumprir este dever de cidadania.  Por outra, pessoalmente esperava uma maior colaboração entre as forças políticas e uma maior inclusão. Somos ainda poucos para uma grande nação que queremos ser e a colaboração de todos os angolanos no desenvolvimento do país é indispensável. Ainda se verifica uma certa estigmatização em relação a quadros técnicos provenientes de outras forças políticas, continua a ser uma realidade e isto é negativo para o rápido desenvolvimento do País, pois nenhum partido político pode ou poderá cobrir toda a nação. Todos os angolanos deveriam ser convenientemente aproveitados.

O Senhor acredita haver mudanças na vida das famílias em função das acções em curso no país?

Eu acredito que tem havido mudanças, mas devemos também ser honestos e dizer que são muito lentas, sobretudo para alguns sectores. Também reconheço não ser fácil mudar uma situação de toda uma Nação num abrir e fechar de olhos. O risco que há é de permitirmos que aqueles que são ricos tornarem-se ainda mais ricos e aqueles que são pobres continuarem na pobreza ou então recuarem para a miséria. Justamente por isso é que a acção do Governo deve ser abrangente e deve ser capilar, para que toda a população possa beneficiar do verdadeiro bem-estar. Ter politicas económicas bem miradas e eficientes. Como dizia um grande estadista, não basta ter desenvolvimento, é necessário que o desenvolvimento tenha um impacto real sobre as populações. Este deve constituir o grande desafio.

O que a Igreja pode fazer mais para auxiliar a acção do Governo?

A Igreja tem a sua doutrina social e seria bom que os nossos governantes a conhecessem pois pode sobremaneira influenciar as diferentes políticas governamentais; nos encontros formais e informais, talvez o nosso parceiro estivesse naquela predisposição de nos ouvir e deixar-se aconselhar também pela Igreja sobre questões que têm um impacto directo na população. Não nos esqueçamos que a Igreja é mãe e mestra e com uma experiência milenária de serviço única em favor da sociedade.

Não tem havido isso?
Poucas vezes, isto varia muito de governante a governante. Falo no aspecto mais amplo de colaboração entre o Estado e a Igreja. Aqui em Mbanza Kongo temos conversado bastante com as autoridades locais, não nego isso. Se fosse uma coisa mais regular, mais oficial, talvez numa forma mais simples e directa, teria maior impacto. O Governo tem os seus programas de acção e embora respeitando as próprias autonomias, acredito que aproveitaria de muitas contribuições úteis. O Conselho de Auscultação existente não me parece ser muito eficiente, embora marque um passo neste tipo de colaboração com a sociedade civil.

Mbanza Kongo de há dez anos e a de hoje, que comentário faz?

Há diferença e eu digo sempre: Mbanza Kongo, quem te viu e quem te vê. Para nós que estamos a viver nele dia a dia não nos apercebemos das diferenças, mas eu noto no pessoal que vem de fora, que a conheceu há mais de dez anos, que admiram o actual postal e dizem que houve algum desenvolvimento. Há ainda muita coisa por se fazer, mas que demos alguns passos seguros demos. Há pouco falamos da água, mas a própria questão da energia e das estradas melhorou muito. Quando cá cheguei eu fazia o uso de um gerador caseiro, hoje a realidade é diferente. Poucos beneficiavam da luz da rede. Hoje é diferente. Já estamos a ter novos hotéis. Há melhorias!

Os hotéis são suficientes para sustentar o título de Património da Humanidade?

Claro que não são suficientes, mas é um bom início e um bom passo que a cidade marcou. Acabamos de receber mais dois novos hotéis no Nfumu, uma grande oferta que nos dá um certo alívio, para não contarmos sempre com o Hotel Estrela do Kongo. Muita gente não gostava de vir a Mbanza Kongo por saber que não tinha lugar para se hospedar, hoje isso mudou. Estão em curso também as obras do maior Hotel de TOPEGEL, que vai dar mais outro alento à cidade quando terminar. Falar do turismo não é só o europeu, o americano que tem de vir, mas o nosso turismo interno e temos a graça de termos uma das melhores vias asfaltadas que ligam à capital, Luanda. É um convite para a presença de turistas na região.

Como o Senhor Bispo qualifica o ensino na província?

O ensino na província está a regredir em termos de qualidade. É um problema que não apenas afecta a Província do Zaire, mas um pouco todo o País. Avançamos em termos de infra-estruturas. A presença do nosso Pólo Universitário é uma riqueza para a região. Esteve cá há dias a ministra do Ensino Superior, que reconheceu que se deve estender mais opções em cursos. A luta deve ser renhida na qualidade de professores. A qualidade de ensino é baixa. As aulas são ministradas em português, mas quando as crianças chegam em casa entram logo na língua vernacular ou e no lingala. Devia-se implementar no ensino primário e médio o ensino na língua vernacular, no caso, o kikongo. É uma forma de salvaguardar o valor da cultura tradicional a exemplo do que fazem muitos países africanos. E ao mesmo tempo poderíamos ter mais qualidade no ensino também, porque a língua é dominada pelos próprios professores.

Nota-se uma invasão da língua lingala em Mbanza Kongo?

Infelizmente, temos esta situação. Mas é uma questão comercial que está a ter influências na Cultura, porque lingala é uma língua franca da RDC e se estende até aqui. Temos muitos angolanos que viveram na RDC, e sobretudo os jovens que acabaram por não aprender o kikongo mas falam o lingala. Como há este tráfego comercial através das fronteiras circunvizinhas entre Congo e Angola, sobretudo nas províncias limítrofes, o lingala tornou-se língua comercial, que facilita todas as transacções comerciais. Muitos pastores também pregam em lingala. Devemos fazer de tudo para salvaguardar o kikongo, como língua da terra, aumentando o seu uso.

Que projectos gostaria de ter para auxiliar o Estado?

O Instituto de Ciências Religiosas (ICRA) já funciona há três anos no Zaire, abriu e gostaríamos que tivéssemos instalações próprias, para facilitar a formação de educadores sociais, que poderiam leccionar a Ética e a Educação Cívica nas escolas. Estamos a patinar, porque os nossos recursos são aquilo que são. Temos pedido ajudas ao Estado e já nos foi prometido, mas a acção prática ainda não aconteceu. É com muita pena que estamos a assistir ao retrocesso da qualidade de ensino. Antigamente, os papás e avós, que quisessem mandar uma carta para fora, chamavam os filhos e netos que estudavam a 3ª e 4ª classe para redigirem a carta dos mais velhos, hoje quase que se dá o inverso, os nossos jovens e nossas crianças não sabem escrever e os mais velhos os superam na escritura e na leitura. É grave! E também na saúde, se os nossos postos médicos tivessem o pessoal médico pago pelo Governo facilitaria o desempenho de ajuda às populações.

Que apelo faz ao Executivo?

O apelo que faço é do Governo ter ainda mais sensibilidade em relação aos problemas do povo, estar ainda mais preocupado na resolução dos problemas do povo. Criar condições de desenvolvimento sustentável em todo o País, superando assim as assimetrias regionais. Acertar bem os programas de desenvolvimento económico e ter uma planificação justa, que vá ao encontro das necessidades do país. Acabar com as assimetrias presentes no país. Fazer de tudo para que o ensino no país seja verdadeiramente de qualidade. A riqueza de um povo são os homens bem formados e educados. E só assim seremos uma grande nação e não tanto com a posse de recursos naturais, embora também tenham naturalmente a sua importância. Promover a justiça social em todos os seus aspectos para que todo o povo possa usufruir das riquezas que o Senhor Deus nos concedeu como Nação.

Via JA

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