Depois de assalto à sua residência, o líder de BDK Ne Muana Nsemi, dormiu na prisão.

Por Sebastião Kupessa

O chefe do partido político congolês Bundu dya Mayala, a ala política da religião ancestral Kongo, Bundu dia Kongo, foi preso ontém, depois ter esgotada a esperança de render-se pacíficamente. Com efeito, há dois dias, a sua residência encontrava-se cercada pela polícia nacional congolesa.

A polícia congolesa anunciou 8 mortos, 35 feridos e capturou 168, entre Makesa (milícia privada). No lado policial, deplora-se 8 feridos. A operação da captura de Ne Muanda Nsemi aconteceu ontém, sexta-feira, no princípio de manhã, precedida de um intenso tiroteio e depois, da pilhagem da sua residência pela parte de polícias e de alguns populares.

Ne Muanda Nsemi foi atingido por um projéctil, depois do ataque, foi conduzido a Clínica Ngaliema onde foi tratado, mais tarde foi transferido num cárcere de uma unidade policial onde passou a noite.

Na passada quinta-feira, a tensão era viva, entre a polícia da RDC que reforçou o cerco em torno da sua residência e os adeptos da religião ancestral Kongo, Bundu dia Kongo (BDK). Segundo o nosso correspondente no local, as forças de ordem receberam o mandato de capturar o antigo deputado nacional congolês, acusado violar o estado de emergência decretado, pelo presidente da RDC, Antoine Tshsekedi Tshilombo.

Ne Muanda Nsemi, é acusado ainda de crime de sedição, devido as violentas confrontações entre a polícia e a milícia privada, pertencente a organização Bundu dya Mayala (BDM), a ala política de Bundu dia Kongo (BDK), provocando 4 mortos e 11 feridos, no dia 31 de Março deste ano,  na zona residencial de Ma Campagne, pertecente a comuna de Ngaliema, a sul de Kinshasa, capital da RDC. No dia 22, na localidade de Songololo, no Kongo-Central, houve outros confrontos, causando 15 mortos e 8 feridos, todos adeptos de BDK.

Um responsável policial informou ao nosso repórter no local que, as forças de ordem hesitavam penetrar ainda na residência do líder de BDK, devido a presença no seu interior do governador da província do Kongo Central (ex-Baixo-Zaire), e do embaixador Antoine Ngonda, em negociações para obtenção da rendição sem resistência de Ne Muanda Nsemi, afim de ser julgado de crimes que é acusado.

As demarches destes dois altos dirigentes de cultura Kongo tem a finalidade de evitar víctimas, visto que Ne Muanda Nsemi encontrava-se protegido por centenas de makesa, a milicia privada do BDM, decidida a evitar a incarceração do seu líder.

Recordámos que, por mesmas razões, o líder de BDK, teria sido preso, no dia 3 de Março de 2017 e transferido para a prisão de Makala onde esperava o seu julgamento. Dois meses depois, precisamente na madrugada do dia 17 de Maio de 1917, a sua milícia privada organiza espectacularmente a sua evação, depois de troca de tiros com armas de fogo com a guarnição penitenciária. Ficando desaperecido durante dois anos, alguma imprensa local afirmava que  fora assassinado pelo governo local. ( Ver: Depois de 3 semanas de cerco, o lider extremista Bakongo da RDC, foi capturado e preso)

No dia 6 de Maio de 2019, Ne Muanda Nsemi reaparece misteriosamente ao lado de um responsável de um partido da oposição, Joseph Olenghankoy, atribuindo-se o mérito de ter negociado o seu regresso para participar no processo da reconciliação nacional e da consolidação da democracia na RDC. No dia 10 de Maio, quatro dias depois, será reconduzido para prisão de Makala, esperando ser julgado num processo interrompido há dois anos. Queixando-se de mal-estar devido do seu coração frágil, Ne Muanda Nsemi será posto em liberdade provisória no dia seguinte.

No dia 4 de Janeiro de 2020, aniversário da revolta popular organizada pela ABAKO (Associação de Bakongo), 1959, que culminou com a independência do Congo-Belga em Junho de 1960, Ne Muanda Nsemi volta desafiar as autoridades da RDC. Com efeito, numa alucução feita na sua residência, designada “Palais Royal”, na Ma Campagne, destituiu o presidente Tshsekedi Tshilombo, para se auto-proclamar Presidente da República da RDC, e prometeu, nos dias a seguir aquela data, indicar um Primeiro-ministro que iria formar o governo.

No passado dia 17 deste mês, Ne Muanda Nsemi recebe delegados do governo central na sua residência, exigindo condições entre as quais: – Pagamento dos seus direitos, como deputado durante a sua ausência de 2 anos (salários, subsíduos, etc.). – Restauração da sua mansão destruída pela polícia aquando da sua captura em 2017. – Libertar os seus adeptos presos nas prisões de Makala e de Ndolo. – Terminar com a portagem de Kisantu que obriga os filhos da terra Kongo pagar a passagem para se deslocar nas suas terras.  – Exonerar todos directores das empresas não- originários do Kongo-Central para serem substituidos pelos seus naturais. – A língua kikongo deve ser a única lingua falada no interior da província do Kongo Central.

O governo ao recusar negociar as condições impostas pelo ex deputado da sub-região de Funa/Kinshasa, que o conflito velho de duas décadas, entre milícias de Bundu dia Mayala e a Polícia Nacional Congolesa reiniciou, com a captura, mais uma vêz, do líder de BDM, ne Muanda Nsemi.

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