Espírito de NKUWU (NKUVU OU NKU’U) é a filosofia central de KIMUNTU.

Por Sebastião Kupessa
 
NKUWU são saudações de boas vindas, mas também e sobretudo, um PACTO VERBAL, de ambas partes para encontrar soluções pacíficas e reconciliárias, atravêz do diálogo (KINZONZI).
 
Quando as ambas partes encontram a paz, a irmandade deve ter a primazia nas relações. Para os estrangeiros, a adopção como irmãos é prática e para os parentes e membros da mesma comunidade, NKUWU confirma, reforça a irmandade e a união.
 
Viver como irmãos numa sociedade é o KIMUNTU, da filosofia UBUNTU.
 
Todos soberanos da região de África Central, em visita oficial, entravam no palácio real (chamado Yala NKUWU) em Mbanza Kongo como estrangeiros e saíam como irmãos e príncipes do Reino,  isso foi possível graças ao espírito do Nkuwu.
 
Recordámos que, as cerimónias de recepção de dignidades estrangeiras, em Mbanza Kongo, eram feitas com aparato e pompa ( ver: A importância do Mpungi na sociedade Kongo), decoradas com canções e sons de batuques e mpungi (flautas fabricadas atravêz de chifres de diversos animais). Isso impressionava muitos os visitantes e sentiam-se honrados.
 
Ao regressarem nas suas terras de origem, como manda o UBUNTU, enviam periodicamente, presentes aos seus tios de direito umbilical ou de adopção. Presentes esses, considerados mais tarde, pelos europeus, como sendo tributos e os reinos da sua proviniência, como vassalos.
 
No UBUNTU não existe tributo nem vassalagem!
 
Foi atravêz de KIMUNTU que os patriárcas NZINGA, reis do Kongo, tinham influência na maioria parte dos reinos da região, sem os ocupar militariamente (não era necessário, porque eram todos irmãos).
 
De todos soberanos que ocuparam o trono em Mbanza Kongo, foi o rei baptizado em D. João I, périto que  ilustrou-se mais na filosofia de UBUNTU, visto que o seu apelido natural era NZINGA a NKUWU, o mestre de KINZONZI (diálogo) com outros povos e adoptou muitos deles como irmãos.
 
Quando o antropólogo Konguês Rafaël Batsikama a Mampuya ( não confundir com o Patrício Batsîkama) escreveu que a fronteira sul do Kongo era Namibe e Gabão, no Norte, são fronteiras consideradas como tal, atravêz da fraternidade conseguidas por meio de KIMUNTU, onde ninguém manda ninguém, mas todos vivem como irmãos.
Tem que ser um MUNTU na verdade para compreender essa filosofia.
 
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