Autoridades tradicionais e administradora de “costas viradas” em Kimbele

Por Alfredo Dikwiza

Uíge, 26/07 (Wizi-Kongo) – A relação que existia entre autoridades tradicionais e a administradora municipal de Kimbele, Rosa Alberto Bongo Fila, ganha novos contornos nos últimos dias, descrita em uma novela com muitos capítulos por contar. Por isso, entre ambos estão de costas viradas, numa “relação azeda”, tudo porque a gestora da circunscrição, exonerou um regedor e um soba, sem o conhecimento do Rei do Kuango, Mateus Luvunga.

O primeiro a cair na alça da mira da administradora Rosa Alberto Bongo Fila é o regedor Wedika Nzasi, ou simplesmente, Mwana Nioka, no Sua-Ikomba, na comuna do Kuango, município de Kimbele, província do Uíge. Mbua Muteba, administrador da comuna do Kuango, em cumprimento de ordens superiores baixadas pela administradora Rosa Fila, coube a responsabilidade de exonerar o referido regedor, no dia 07/07/2020.

Dias depois, os holofotes da administradora local, mudaram de direcção, concretamente, no bairro Kinzakalele, comuna de Alto Zaza, cujo exonerado foi o soba António Alberto, disse hoje, domingo, ao Wizi-Kongo, Wedika Nzasi Mwana Nioka e, frisa, principalmente, a sua exoneração foi feitas sem o conhecimento do Rei do Kuango, Mateus Luvunga, porque este encontrar-se retido na RDC, devido a Covid-19.

Avança que, na agenda da administradora, nas exonerações das autoridades tradicionais na circunscrição de Kimbele, aguarda nomes como Antunes Rafael e João Pasi, este, no cargo de Presidente da Associação das Autoridades Tradicionais local e mais alguns que os seus nomes ainda não foram identificados, principalmente, aqueles que intervieram, aquando da visita em Kimbele do governador provincial, Sérgio Luther Rescova. Isto é, no mês transacto.

Admite ele que a administradora Rosa Alberto Fila, é uma má gestora e encontra-se em estado de frustração, por motivos do colectivo das autoridades tradicionais locais, terem efectuado forte denúncia, baseada na gestão danosa à coisa pública. Porém, adianta que os sobas não faltaram respeito ao governador, muito menos há outras individualidades e, sim, tudo que disseram naquele encontro, somente é a verdade, daquilo que o Kimbele vive.

Mwana Nioka, sublinha, “ encontrava-me na cidade do Uíge, de repente recebi um telefonema de um dos meus colegas de trabalho e me foi informando que, estava exonerado do cargo de regedor do Sua-Ikomba, surpreendido com a notícia, recuei de imediato a comuna ao encontro do administrador desta localidade, o mesmo disse que o problema não tinha nada haver com ele, mas sim com a “mama Rosa”, como eles lhe chamam curiosamente”.

Assim, conta, partiu da comuna do Kuango em direcção a sede do município ao encontro da administradora, mas a gestora encontrava-se na cidade do Uíge, numa missão pessoal. Depois do seu regresso a vila de Kimbele, em diálogo de ambos, Mwana Nioca explica o sucedido e a mesma manda chamar o Mbuya administrador da comuna do Kuango. Nas suas alegações (Rosa e Mbuya) disseram o seguinte: “nós te exoneramos porque você, foi em Luanda no dia 20 de Setembro de 2019, reunir com o Miguel Mbau, presidente do NATRRAL (Núcleo da Autoridades e Representantes dos Reis de Angola em Luanda).

Na reunião mantida em Luanda, continuaram a dizer, os pontos destacados foram o “desequilíbrio do poder tradicional e o seu reinado no Kuango”, “cadáver histórico que está há 21 anos no Uíge, sem se realizar a sua exumação na sua terra natal”, “ precariedade no município de Kimbele”. E, acrescentam que “directamente foste a TV Zimbo e TV Palanca explicar os problemas de Kimbele sem o nosso consentimento, vocês não começam a brincar, essa farda que vocês metem é os vossos pais que vos dão ou é o Estado? Quem vos paga o dinheiro não somos nós, como é que vocês não querem nos respeitar? Por isso você está exonerado vai queixar onde você quiser”.

Ela mente que é um grupo que está revoltoso contra ela, isso é mentira, aponta, Mwana Nioka, admite, “sim o Kimbele todo se encontra revoltoso contra ela”, que deixe o cargo porque ninguém precisa de sua incompetência e nepotismo. Por essa razão, conta, o MPLA se fracassou em Kimbele. O povo do Kimbele e as autoridades tradicionais, em geral, assegura, clamam pela exoneração da administradora Rosa Fila e seu staff.

“Rosa Alberto Bongo Fila, pela desestabilização que está a causar no seio do povo, pela sua incompetência aguda que já provou pânico enorme, desde a sua nomeação, no cargo que ocupa até hoje, é solicitada a sua exoneração para o bem-estar desta importante parcela do território angolano, em destaque para o Uíge”, finaliza, Mwana Nioka.

Entretanto, atrás dos factos, o Wizi-Kongo, tanto evidenciou esforços para manter contacto com a administradora Rosa Alberto Fila, mas não obteve sucesso. Porém, o Wizi-Kongo, continua acompanhar o desenrolar desta inimizade entre autoridades tradicionais e a gestora local, pelo que, nos próximos dias, outras matérias serão publicadas neste portal.

Situado a 260 quilómetros a nordeste da cidade do Uíge, o município de Kimbele é constituído pela comuna-sede, aliada as comunas do Kuango, Ikoka e Alto Zaza. Possui uma população de 129 mil 396 habitantes, segundo os dados do censo realizado em 2014. Kimbele, conta com16 unidades sanitárias, entre postos e centros médicos, assegurados por apenas 48 enfermeiros e quatro médicos.

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