BARROS SIDNEY NEKAKA, nacionalista angolano de grande vulto

Em 1940, Dom Pedro VII, Rei do Kongo visitou Lisboa para participar na exposição do “Mundo Português”, para comemorar o oitavo centenário da proclamação do Reino de Portugal (1140), e o terceiro centenário da restauração da independência da anexação espanhola (1640). Enquanto esteve em Lisboa, ele pediu mais escolas para seu povo e nomeou como seu secretário Manuel Sidney Barros Nekaka, filho de Miguel Nekaka, que estava em Lisboa num programa de especialização de dez meses num hospital.

De acordo com Manuel Sidney Barros Nekaka, os oficias do governo português rejeitaram o pedido, argumentando que estavam seguros de que as vantagens educacionais no seu reino eram adequadas. Contudo, estavam predispostos para mais algumas escolas se o rei estivesse com vontade de realizar novos acordos com Portugal. Dom Pedro VII receando que tais acordos conduzissem a exigência para mais “contratos de trabalhadores”, a exemplo dos contratados para São Tomé, recusou envolver-se em novos acordos.

Manuel Sidney Barros Nekaka nasceu em 28 de Julho de 1914, em São Salvador, enquanto seu pai estava ainda na prisão. Ele foi para escola da Missão Baptista e depois trabalhou no hospital de B.M.S de 1934 a 1937, onde se tornou num enfermeiro eficiente. Em 1937, continuou com uma formação posterior como assistente médico no Instituto Curry, na Missão Congregacional Americana, em Dondi, perto de Nova Lisboa, actual Huambo na província  com o mesmo nome. Foi dali que ele partiu para Lisboa em 1940, para trabalhos práticos. De volta a S. Salvador, em 1941, continuou a trabalhar no hospital da B.M.S. simultaneamente com a sua função de conselheiro do rei Dom Pedro VII.

Dom Pedro VII, frustrado com a recusa portuguesa em providenciar escolas pediu a Manuel Sidney Barros Nekaka, que partiu de S. Salvador em Março de 1942 para trabalhar em Leopoldville, para que tentasse mobilizar a assistência da Diáspora angola no Congo Belga. Durante os anos 50, Manuel Sidney Barros Nekaka pediu apoio aos exilados angolanos para formação de um partido político, mas teve pouca adesão.

A proibição belga quanto a organizações políticas, até certo ponto inibiu as suas actividades, mas ele conseguiu estabelecer contactos com o grupo dos exilados angolanos em Matadi (RDC), o que finalmente levou à formação do primeiro partido político, em 07 de Julho de 1954, simultaneamente em Leopoldville e na cidade portuária congolesa de Matadi, a UNIÃO DOS POVOS DO NORTE DE ANGOLA – UPNA, que incluía pessoas de várias origens do norte geográfico de Angola animados pelos senhores Pinnock Eduardo e Borralho Lulendo. A UPNA foi progenitora da histórica e gloriosa UNIÃO DOS POVOS DE ANGOLA – UPA, a 07 de Dezembro de 1958. Fruto da fusão com o PDA (Partido Democrático Angolano) surge em 27 de Março de 1962, a FRENTE NACIONAL DE LIBERTAÇÃO DE ANGOLA – FNLA, o partido que libertou Angola.

Fonte: fnla.co.ao

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