Brigadeiro 10 Pacotes lidera manifestação em repúdio às mortes de civis no paí

Por Alfredo Dikwiza

Uíge, 12/09 (Wizi-Kongo) – “Não toca no meu irmão”, decorreu com este lema, hoje, sábado, em Luanda, uma manifestação promovida pelo coordenador do projecto partidário Cidadão Revolucionário Nacional para Transformação da Estrutura Social-Partido dos Jovens (CRENTES-PJ), Kuanda Kolonje Madingo, ou simplesmente, Brigadeiro 10 Pacotes, em repúdio às mortes frequentes no país, contra civis, cujos autores são efectivos ligados a ordem e segurança pública.

Entre os já mortos, Sílvio Dala, médico que perdeu a vida no dia 2 de Setembro/2020, depois de ser levado a uma das esquadras da polícia nacional, na capital angolana, Luanda, por alegados motivos de não uso de máscara facial de protecção contra a covid-19 no interior da sua viatura, quando este saia do serviço, mereceu destaque dos cartazes exibidos e escritos com letras garrafas, gritos e homenagem, durante o percurso da manifestação que teve maior tempo de protestos no largo 1º de Maio e culminado na Sagrada Família.

Também, durante a caminhada da manifestação, com Brigadeiro 10 Pacotes na condução da mesma, outro nome citado, tal como do médico, é o do activista social Jorge Kisseque, baleado (encontra-se vivo) no dia 28 de Agosto, no Uíge, com sete tiros nos membros inferiores, por dois indivíduos que se faziam passar de viajantes na saída do município de Negage/Uíge. Porém, nos cartazes estavam escritos os nomes dos dois e, no geral, estendiam o grito para todos aqueles que já perderam a vida nas mãos da polícia nacional.

“A baixa a perseguição aos activistas, abaixa às mortes em Angola”, “a polícia e do povo e não contra o povo”, entre outras, eram as palavras de comando proferidas por todos os integrantes da referida manifestação, entre os quais, membros do projecto partidário CRENTES-PJ, activistas, elementos de outros partidos da oposição e a população no geral, cujos jovens, principalmente homens, eram na maioria representatividade. Entretanto, a referida manifestação, durou quase duas horas de tempo.

Uma manifestação convocada num ambiente pacífico, ainda assim, notou-se um aparato policial assustador em volta do 1º de Maio e demais ruas percorridas. Porém, cavalos, cães, atiradores em cima dos prédios, elementos da Segurança do Estado, entre outros, também se fizeram presentes na manifestação dos “direitos humanos” “não toca no meu irmão”. Usando do seu poder vocal, Brigadeiro 10 Pacotes, por via de um megafone, falava para multidão “sou um homem que não aceito violências, nesta manifestação não é para partir a violência, quer os que estão deste lado, quer a polícia nacional”, pois, continuava, “se prenderem alguém aqui, terão que prender a mim também”, “se apontarem a arma alguém aqui, terão que apontar a mim também”, “se matarem-me o MPLA, cai”.

Já no fim, em entrevista aos órgãos de difusão massiva, em destaque para LUSA, Brigadeiro 10 Pacotes, disse: “queremos uma Angola que não seja baseada nas ordens superiores, este país está em um terror, para onde anda o meu país, no qual as pessoas devem sentir-se seguras?”, “queremos uma polícia que proteja, amiga do povo, que garante segurança ao cidadão e não que mata o cidadão”, solicita, o também músico revolucionário.

Kuanda Kalonje Madingo aconselha o governo angolano que faça uma reforma urgente nas forças da ordem e de segurança, da base ao alto escalão, tendo, para isso, exigido a exoneração do actual ministro do Interior, Eugénio Laborinho, para, quem, como assegura, ter pedido controlo da situação que o país hoje vive, igualmente, aconselha que se crie mais escolas permanentes capazes de servirem como verdadeiros viveiros na formação e capacitação dos efectivos da polícia nacional, em todo território nacional.

Justifica que, a convocação da referida manifestação, prende-se pelo facto de estar a ver a violação constante dos objectivos com quem se debate o CRENTES-PJ, que, defende o direito e a preservação da vida humana, em todos os seus títulos, e, como acrescenta, constam, entre outros objectivos do CRENTES-PJ, “construir um Estado que protege”, “justo”, “solidário que agirá como pai dos órfãos”, “marido das viúvas e das mulheres solteiras”, “irmãos dos abandonados”, “proteger os miseráveis e das crianças”, dos “idosos” e dos “deficientes”.

A manifestação decorreu do primeiro ao último minuto, sem sobressaltos. Não houve agressões e detenções por parte da polícia nacional e, do outro lado dos manifestantes, também não houve destruição de bens públicos e privados ou descumprimento das regras impostas, quer pelo autor da manifestação, quer pela polícia nacional e, muito menos houve confrontos entre as partes. Entretanto, ainda hoje, em Luanda, fora realizada outra manifestação conduzida em conjunto entre a UNITA e o sindicato dos médicos, cuja começou às 12 horas e 30 minutos.

CRENTES-PJ, projecto partidário liderado por Kuanda Kolonje Mdingo, cuja comissão instaladora fora aceite pelo Tribunal Constitucional no passado dia 01 do mês de Julho do ano em curso, decorre há caminho de dois meses na recolha de assinaturas em todo território nacional. Estando o processo quase culminado, por ter conseguido em pouco tempo as sete mil e quinhentas assinaturas exigidas por lei para legalização de um determinado partido.

 

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