COMISSÃO ORGANIZADORA DO COLÓQUIO SOBRE SEXTA-FEIRA SANGRENTA

Imagem de Wizi-Kongo

COMISSÃO ORGANIZADORA DO COLÓQUIO SOBRE SEXTA-FEIRA SANGRENTA

LEMA: RELEMBRAR SEXTA-FEIRA SANGRENTA É RESTAURAR A DIGNIDADE DOS BAKONGO

Discurso de abertura do acto

Ilustres convidados,
Caros jornalistas,
Minhas irmãs minhas e Meus irmãos,
Minhas senhoras e meus senhores,

Estamos a realizar este primeiro colóquio sob Lema: Relembrar sexta-feira sangrenta é restaurar a dignidade dos Bakongo. Foi num dia como este, faz 28 anos, mataram os nossos irmãos e irmãs pelo simples factos de pertencerem a etnia Bakongo.

Sexta feira-sangrenta continua a cobrar nas nossas consciências porque a nossa identidade, o nosso ser e estar, afinal para alguns e muito boa gente, os incomodam. A realização deste colóquio surge como um espaço de reflexão,
porque pensamos nós a história não se apaga. É aqui onde vamos debater os nossos problemas, as nossas aflições, as nossas inquietações, motivações e ambições enquanto povo deste nossa Angola, terra de Nzinga Nkuvu, terra das três linhagens genealógicas Mpanzu, Nzinga e Nsaku, que constituíram os variadíssimos clãs do povo da etnia Kongo.

Os acontecimentos da sexta-feira sangrenta nos remete a reflexão, na necessidade de restaurar a nossa dignidade que tem sido ofuscada por aqueles que nos negaram, continuam nos rejeitar, subjugar, subalternizar, descriminar, excluir na nossa própria terra.

Terra dos nossos antepassados, terra de Nzinga Nkuvu, Mbianda Ngunga de Nzinga Mbandi, de Mwatchianvua, de Mandumbe de Ekwikwi, da mesma forma a Pátria de Holden Roberto, de Agostinho Neto e de Jonas Malheiro Savimbi. Esta é a nossa pátria comum que se chama Angola.

Estamos aqui não para julgar os que nos mataram neste dia, porque apreendemos com os nossos ancestrais e na cultura cristã que recebemos há quinhentos anos, saber perdoar. A Carta dos Bispos da CEAST, da Igreja Católica os únicos que nos defenderam naquele momento, em forma de condenação do Massacre dos Bakongo no dia 22 de Janeiro de 1993, Chamava atenção ao agressor, trazendo como mensagem: O Sangue do teu irmão clama até a mim, disse Deus ao Caim quando matou o seu próprio irmão Abel. Se não fosse esta intervenção da Igreja Católica, Angola teria vivido o mau exemplo condenável a todos titulo o Genocídio igual ao do Rwanda.

Meu irmão Caim, Deus ao criar o seu povo, repartiu os dons, para os Bakongo deu as seguintes graças,

 Os Colocou num grande império que O Reino do Kongo, cuja capital Mbanza Kongo, hoje património da Humanidade.
 O Povo bakongo foi o primeiro a receber a civilização europeia e consequentemente a religião cristã.
 Foi este povo mukongo da UPA/FNLA, que deu o primeiro tiro ao colono português e ensinou aos seus irmãos no MPLA e na UNITA, como se faz a guerra que libertou o nosso país.
 Nos dois lados da barricada de batalha de Kinfangondo, estiveram dois chefes do Estado-maior, de um lado das
FAPLA dirigido por um Mukongo, permitiu o MPLA ficar sozinho acaparar-se d a independência. Enquanto do lado
oposto outro irmão mukongo estava ser travado para não estar em Luanda para proclamarem a independência.
 A falta de quadros no país no período pós-independência foi superado pelos Bakongo, reorganizando assim, o sistema do ensino em Angola incluindo o ensino universitário, hoje são atacados de congolizar a universidade pública.

Minhas irmãs e meus irmãos,

Como sabeis, somos descriminados dentro da nossa terra por aquele que nos governa com várias situações tais como:

 Se para o colonialista português foi com dinheiro de café produzido na terra dos Bakongo, que lhe permitiu construir o pais, sobretudo as grandes cidades como Luanda. Todavia, o nosso Governo, com a riqueza de petróleo proveniente na terra dos Bakongo, tem servido tão-somente para beneficiar um pequeno grupo de indivíduos através do processo de acumulação primitiva de capital e, consequentemente o saque do erário, empobrecendo as grandes maiorias.
 Nisto, encontramos a cidade histórica de Mbanza Kongo que é o Património mundial da humanidade, continuando na condição de uma sanzala, sem se beneficiar, no mínimo dos resultados das riquezas lá extraídas, mesmo com compromisso de 10% decretados. Outrossim, Mbanza Kongo é uma entre as províncias que não beneficiou da centralidade, aeroporto, e outras infra-estruturas necessárias para corresponder a sua condição de uma cidade-património mundial da humanidade.
 No plano geral de homenagem às vítimas dos conflitos políticos que ocorreram em Angola desde 1975 até 2002,
decretado por Sua Excelência, Presidente da República, Dr. João Manuel Gonçalves Lourenço, com a finalidade de securar as feridas psicológicas das famílias e de regenerar o espírito de fraternidade entre os angolanos através do perdão e da reconciliação nacional, ignorou, simplesmente, as vítimas da sexta-feira sangrenta.
 Os empresários Bakongo, dispõem, por natureza, de um potencial invejável em matéria do comércio, porém, quando recorrem aos empréstimos bancários, encontram dificuldades, pelo facto de ostentar nome kikongo. O mesmo acontece nas conservatórias de registo civil, na obtenção do emprego, nas promoções militares e policiais, etc. Desde 1975, o conflito político militar entre o MPLA e a FNLA desembocou na perseguição dos Bakongo, conotando-os sistematicamente, de vários atributos pejorativos: comem pessoas, zairenses, langas, descriminando e excluindo os mesmos na sua própria terra.

Estes são apenas alguns exemplos, que achamos importantes serem abordados e debatidos neste colóquio, que marca a reflexão sobre o epicentro de tudo quanto os Bakongo têm sofrido. Neste sentido, o 1º Colóquio visa, finalmente, buscar contribuições que nos levem no esforço de harmonização e reconciliação nacional e ao projecto de construção da nação angolana una e indivisível com os seguintes temas:

1. As implicações políticas nos conflitos étnicos Angolano (Caso Sexta Feira Sangrenta);

2. As Estigmatização dos Bakongos na sociedade Angolana;
3. O envolvimento das médias e os conflitos étnicos (Caso Sexta Feira Sangrenta);
4. A inobservância do papel profético da igreja angolana.

Minhas irmãs e meus irmãos,

Se não formos nós mesmos a nos preocuparmos dos nossos problemas, ninguém o fará. Aliás, tem se dito que nada se pode fazer por nós sem nós. Deste modo, temos de fazer tudo para que as gerações vindouras não nos tratem de covardes.

Minhas irmãs e meus irmãos,

Chegou a hora de defendermos a nossa dignidade, pois que, o lugar dos fracos tem nome e chama-se HUMILHAÇÃO.

Para terminar, declaro em nome da comissão organizador, a abertura do 1º Colóquio intitulado “Sexta-feira Sangrenta”.

Muito obrigado pela atenção.

Luanda aos 23 de Janeiro de 2021

Comissão Organizadora do Primeiro Colóquio sobre sexta-feira sangrenta.

Membros.

1- David Kisadila: Coordenador

2- Francisco Alberto Tunga-Coordenador adjunto

3- David Álvaro – Coordenador adjunto.

4- Francisco Fineza- Documentação

5- Sebastião Kupessa- Comunicação

6- Nicodemos Domingos – Mestre de Cerimônia e Protocolo

7- Daniel Ntoni Nzinga- Prelector

8- Carlinho Zassala- Prelector

9-William Tonet- Prelector.

1o- Fernando Pedro Gomes- Prelector.

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