Sem a FNLA, a história de Angola fica amputada – Miguel Pinto

Miguel Pinto, FNLA

Antigo porta-voz vê futuro sombrio do “partido histórico” se não conseguir eleger deputados nas próximas eleições.

Os militantes da FNLA devem encontrar uma “terceira via” para resolverem as actuais divisões dentro do partido, disse o antigo secretário de informação do partido Miguel Pinto.

Como convidado no programa “Angola Fala Só”, Pinto afirmou que as divergências entre Ngola Kabango e Lucas Ngonda estão relacionadas com o poder e sobre quem representa a herança do partido.

“Nada mais do que isso”, sublinhou aquele antigo dirigente que lembrou antigas tentativas de mediação em que, frente às perguntas sobre os motivos das divergências, “o resultado foi nada”.

Miguel Pinto afirmou que os militantes da FNLA devem tornar claro que não podem tolerar a situação.

“Os militantes têm que dizer ´basta´! Nem você nem ele”, afirmou, acusando aqueles dois dirigentes de defenderem apenas “os seus interesses”.

O ex-secretário de informação da FNLA defendeu a necessidade de se renovar o partido com a juventude e com “um debate de ideias e não sobre pessoas”, acrescentando que “parou no tempo”.

“Quando se veneram as pessoas os princípios não entram”, sublinhou Pinto, para quem Ngola Kabango e Lucas Ngonda são “duas figuras ultrapassadas”.

“Alternância é desenvolvimento”, adiantou o antigo porta-voz daquele partido histório que se manifestou pessimista quanto ao futuro do mesmo se não conseguir lugares no Parlamento nas próximas eleições.

“Nesse caso o futuro é sombrio”, respondeu frente a perguntas de ouvintes e defendeu que “sem a FNLA, a história de Angola fica amputada”

“Ir às eleições é garantir e alimentar a democracia”, afirmou Miguel Pinto, que mostrou-se também convencido haver interesses do partido no poder em destruir a FNLA.

“Isso é verdade”, afirmou, fazendo notar, por exemplo, o atraso de vários anos dos tribunais em responder a queixas sobre a legalidade da liderança da FNLA, o que, para ele, “tem objectivos políticos”.

Miguel Pinto também culpou o partido no poder pela situação “desesperada” em que se encontram os veteranos da guerra de libertação.

“Temos combatentes a morrerem sem caixão, em nada”, concluiu o antigo dirigente do FNLA.

 

Bilhete de identidade

 

Nome: Miguel Pinto

Data de Nascimento: 17 Maio 1946

Local de Nascimento: Sanza Pombo, Uíge

Estado Civil: Casado

Filhos: 7

Profissão: Funcionário público – primeiro, político – em segundo

Formação: Curso geral dos liceus Destino em Angola: toda a Angola

Lema de vida: tentar procurar viver e estar mais próximo da minha família, mulher, filhos e netos, e tentar gerir essa política que até hoje não se vislumbra uma porta para que os angolanos vivam em harmonia

Hobbies: ler, escutar noticiários internacionais e escrever as minhas memórias e lutar para que o meu partido se reencontre

Livro a ler – livro sobre Michelle Obama e “A Fúria Divina” de José Rodrigues dos Santos

Comida que prefere – todas. (angolana, chinesa, europeia). Não tenho escolha.

Música que gosta – clássica, angolana, morna de Cabo Verde

O meu principal objectivo… ajudar o povo angolano a desfrutar da independência, o que ainda hoje é um tabu, um mito.

Onde estava no 11 de Novembro de 1975? Estava no Uíge, a representar o meu partido, a FNLA, à espera da independência ainda que num clima de terror, destruição.

 

Via Voa

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