Produção agrícola avança no Quitexe

Por Valter Gomes

Camponeses organizados em associações e cooperativas agrícolas no município do Quitexe, província do Uíge, produziram 1.780 toneladas de alimentos na derradeira campanha agrícola, disse ao Jornal de Angola a chefe da Estação Municipal de Desenvolvimento Agrário, Lídia Soné.

Os alimentos foram colhidos nos 450 hectares, onde os associados plantaram mandioca, banana, batata-doce, milho, feijão e hortícolas diversas. Lídia Soné destacou a mandioca e a banana como os principais produtos do município.

Quitexe tem licenciadas 34 associações, duas cooperativas e dois pequenos agricultores, todos empenhados na produção de alimentos.

A responsável apontou a falta de máquinas de lavoura, motobombas, enxadas, catanas e limas e de acesso fácil ao crédito como as principais dificuldades dos camponeses.Lídia Soné referiu que, logo que haja apoios financeiros, máquinas e instrumentos de trabalho adequados, os associados pretendem aumentar a produção e sair da agricultura de subsistência. “Estabelecemos contactos com entidades bancárias para haver maior acessibilidade na cedência de crédito aos camponeses”, disse.

Trabalho manual

O proprietário da fazenda agro-pecuária Kinjingo, a 28 quilómetros da sede do município do Dange Quitexe, Olímpio Antunes, pediu mais abertura na cedência de créditos aos camponeses.
“Trabalhamos no campo há oito anos, a terra é fértil, produz tudo o que lançamos ao solo, mas carecemos de apoios, como crédito agrícola, máquinas de lavoura, motobombas, enxadas e catanas, machados e fertilizantes, porque o nosso desejo é alargar a produção de alimentos, dar emprego aos mais jovens e contribuir para a diversificação da economia local e o bem-estar das famílias”, afirmou.

O agricultor avançou que, nesta época agrícola, na sua fazenda, 74 hectares estão plantados: 27 com café, milho, feijão, batata-doce e hortícolas; 35 com mandioca e 12 para palmar melhorado e abacaxi.

A fazenda Kinjingo possui 17 trabalhadores, número insuficiente para alcançar as metas preconizadas. Por falta de máquinas, o trabalho é manual.

O aluguer de tractores custa 35 mil kwanzas por hectare. O “valor é muito dispendioso para alargar o nível de plantação”, referiu.

Olímpio Antunes acompanha todos os dias os trabalhadores no campo. O Jornal de Angola percorreu vários pontos do campo de produção e constatou o empenho dos funcionários. Enquanto uns faziam o desmatamento e lavravam a terra, outros procediam ao lançamento das sementes.

“Temos espaço suficiente para produzir grandes quantidades de alimentos e queremos oferecer mais emprego aos jovens especialistas e interessados no campo, por isso, lançamos o nosso grito de socorro às entidades de direito para que facilitem os apoios aos camponeses com projectos credíveis”, frisou.

A administradora de Quitexe, Maria Odete Ferreira Pinto, encorajou a população a alargar a produção, apesar das dificuldades, e garantiu que o Executivo está atento ao desenvolvimento do sector agrícola. “Pretendemos mecanizar a agricultura na região e pedimos aos camponeses que não percam a esperança. Bons dias virão”, disse.

“As nossas portas estão abertas”, declarou Maria Odete Ferreira Pinto. Para a responsável, a região possui terras férteis, com condições para desenvolver a produção.
Vias de acesso

O município é atravessado por uma estrada nacional asfaltada, que faz a ligação com o resto das comunas e outras localidades da província. Os camponeses pretendem aumentar a produção, porque, mesmo sem grandes mercados rurais, a população consegue vender produtos ao longo da via.Melhorar as vias secundárias e terciárias, que ligam as aldeias e comunas, é uma das apostas da administração municipal, para facilitar a circulação de pessoas e bens. “Em cada localidade ou comuna, existe uma grande parte da população produtora dos alimentos, por isso, estamos preocupados com a melhoria das estradas para facilitar o escoamento dos produtos”,

A  administradora falou também na necessidade de alargamento e melhoria dos sinais da rede móvel no município, pois existem muitos pontos de sombra.

O município do Quitexe é cruzado por vários e grandes rios, onde, por via da pesca artesanal, a população captura peixe para consumo local. “Esta actividade tem sido muito benéfica para o sustento das famílias da região.

“Incentivamos os empresários e pessoas com iniciativas próprias a executarem projectos de aquicultura no município”, disse a administradora. “Estão em curso dois projectos principais, cuja materialização decorre a bom ritmo”.

Comércio cresce

O chefe da secção do Comércio, Santos Mendes, disse que, antes, o município contava com apenas três lojas, mas o número aumentou para 38, 15 cantinas, nove lanchonetes e igual número de bares.

O responsável apontou a concessão de crédito a pequenos empreendedores, o aumento da formação dos comerciantes, para melhor gerirem os negócios pelo INAPEM, a constituição de uma associação dos comerciantes locais e o reforço das acções para arrecadação das receitas fiscais como necessidades do sector.

Com 3.872 quilómetros quadrados, o município de Quitexe fica a 40 quilómetros a sul da sede da província do Uíge. É composto por três comunas Vista Alegre, Aldeia Viçosa e Cambambe, 75 aldeias e 17 regedorias, com uma população estimada em 34.297 habitantes.

Via JA

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