Werrason “alvo” desejado do músico prodígio Fafana

Francisco Fofaná

Por Alfredo Dikwiza

Uíge, 18/04 (Wizi-Kongo) – Gravar uma faixa musical com o consagrado músico congolês, Noel Ngiama Makanda (Werrason), é o desejo mais sublime encravado na alma do prodígio artista angolano, Francisco Monteiro, simplesmente, Fofaná, natural do Sanza Pombo, fazedor do estilo folclórico “sukuduro”, cuja iniciativa visa relança-lo além fronteira na sua careira iniciada em 2004, com 17 anos de idade, altura em que cantava ainda “kuduro”.

Em 2020, antes da covid-19, altura em que Fafana deslocou-se numa das suas viagens a República Democrática do Congo (RDC), manteve contactos com o agente do Werasson e, regressando ao país, Angola, para preparar as condições financeiras e tudo mais a fim de voltar a RDC para gravar a música, surgiu a covid-19 que estragou tudo que já estava em bons lençóis, contou, hoje, domingo, ao Wizi-Kongo, na cidade de Luanda, município de Talatona, bairro Kamama 1, na produtora Casa Mãe, de Jocanias Mbala.

O talentoso artista de 34 anos de idade, recordou que, a sua carreira começou em 2004/animação (kuduro), no município do Sanza Pombo, província do Uíge, tendo gravado a sua primeira música em 2006, em Luanda com o Dj Agre-G, cujo título da música era “lhe mostra”. Mas, antes, fez uma música que lhe deu sucesso em homenagem da sua terra querida, no caso, o município do Sanza Pombo, com o título “comunica”.

De seguida, esclarece, em 2010/2011, decidiu deixar de cantar o kuduro por motivos de marginalização deste estilo por parte dos adultos, principalmente, naquela altura em que as coisas estavam muito fechadas, cujo quem cantasse kuduro era confundido como marginal. Mas, disse, levou o kuduro ao estilo tradicional, com ajuda do seu produtor Jocanias Mbala, criador do “sukuduro” (um estilo muito rítmico), respondendo o sukussa e o kudero.

 

“A música tradicional trouxe-me fama e constrangimentos também, porque as pessoas passaram a admirar-me mais depois de lançar a música “fumbwa”, que mexeu com todos os elementos da região do Uíge, cuja mesma foi gravada em 2011, na produtora Casa Mãe.

Um golpe fatal ao Fafana com o passamento físico da mãe, em 2013

Em 2013, antes da morte da mãe, Fafana lançou um single, depois que gravou uma música que contou com a participação de Dalton e neste mesmo ano, perde a mãe, uma situação que o deixou muito abalado, pois a sociedade não ajudou-o, em nada, por ter lhe acusado de ter matado a sua mãe na bruxaria. “A minha mãe era pai, mãe, amiga e tudo mais, a sua morte deixou-me muito mal e pior por receber uma carga negativa de pessoas, que, inclusive, trataram-me de antropófago, algo que nunca fui e não sou”, desabafa com semblante de lágrimas.

Depois disso, recorda, teve apoios do seu produtor Jocanias Mbala e de outros músicos e, desfazendo-se das tristezas, levantou a cabeça, de seguida gravou uma das músicas com muito sucesso, intitulado, “ndente kano” e “mwana nkeka feat Dalton Dadossu”, com Metre Kassi, um antigo guitarrista do Werrason, no adoço dos instrumentos e, com isso, voltou a relançar a sua carreira até hoje, tendo nestes dez anos da sua carreira, gravado , aproximadamente, 22 faixas musicais.

 

Neste momento,” estamos a trabalhar na promoção á produção do disco, com título da obra discográfica: (Diassonama)”, mas, avança, por ter apenas a produtora e sem patrocínio, isto leva-lhe a encontrar muitos obstáculos nesta vertente a fim de relançar-se na carreira musical, muito mais do que se encontra, para isso, aproveitou a oportunidade para solicitar apoios aquém de boa fé, cujos contactos de uso no whatsApp e não só, são: 937516877, 928160697, facebook: Francisco Fafaná.

Dez anos de sucessos 2011/2021, a voz do Pombo que encanta o Uíge

Mesmo sem apoios financeiros ou agenciamento de empresas e pares, Fafana, sempre que inclina a caneta na folha para escrever as suas músicas e a posterior abrir a boca para cantar, acaba encantando os amantes da boa música da terra e não só, quer adultos, jovens e crianças a nível da região do Uíge e outras paragens do país, dando-lhe respeito como um dos jovens talentosos da nova geração, em dadas classificações aos homens da cultura.

São responsáveis do seu sucesso, entre outras músicas, “motorista feat mano S.R”, “ndente nkano feat Vaikeno Tsukeny”, “mwana nkeka feat Dalton Dadossu”, “man Tito”, “comunica”, “nfumbwa”, “vaidade”, “kina”, “RTM feat Socorro, Baki Makela, Nzarra e Dalton” e a recente “burra”, músicas essas, que, em 2016 num shows, no Marco Histórico do Kazenga, em Luanda, capital de Angola, espalhou com elas o sabor do tumbuaza ao pé de igualdade com os/as artistas Jessica Pity Bul, Puto Prata, Preto Show, entre outros, fruto da saudável relação que mantém com outros músicos nos diversos estilos.

A história não se apaga, mas as dificuldades são tantas, Fafana

Em 2007, lembra de memória presente, partilhou o mesmo palco, em Sanza Pombo, com Socorro, Samangwana, Calo Pascoal, Própria Lixa (falecida), entres outos tubarões artistas nacionais e internacionais, numa actividade de visita de Fernando da Piedade Dias dos Santos (Nandó), antes nas funções de primeiro ministro de Angola, tendo sentido a real pulsação do seu povo, altura em que estava a dar os primeiros passos na sua carreira.

Anos seguintes, em outros palcos, actuou em shows ao lado de músicos de renome como Disbunda, Baló Januário e outros. Mas, lembra, no Uíge, nunca actuou numa actividade de comemoração das festividades da cidade do Uíge, tendo-o feito apenas em outras vilas municipais da região da terra do bago vermelho e fora da região do Uíge.

Quanto as dificuldades, avança serem enumeras, porque o estilo em si é banalizado e por ser jovem, pior ainda, cujos apoios são quase inexistentes. E, com a crise que começou apertar os angolanos em 2014 e que veio afundar-se em 2020 com a covid-19, que forçou o encerramento dos palcos, levou a vida da sua carreira a deriva, pois não consegue encontrar actividades para atuar, sendo onde sai o seu ganha-pão.

“Mas não baixamos a guarda, pois estamos a traçar os alicerces da música tradicional para que esse estilo dê a continuidade às futuras gerações, por retratar dos hábitos e costumes de ondem partimos, bem como na preservação da cultura kongo”, garante e, mais uma vez, diz aguardar de braços abertos, seja quem for para apoia-lo, de Cabinda ao Cunene e do Mar ao Leste, bem como além fronteira.

Música burra, um incentivo a mulher para abraçar a formação

A música recente com o título “burra”, diz, chama atenção a todas as mulheres, seja residentes no meio urbano, seja no seio rural, abrirem-se ao mundo académico e, deste modo, cumprir com o seu estatuto, que, coloca a mulher angolana em pé de igualdade com as outras mulheres. A música não refere um desprezo a mulher, antes pelo contrário, incentiva-a para não conformar-se em ser doméstica.

Nascido no Kivinte, três quilómetros da sede da vila do Sanza Pombo, pais da aldeia Kingumba, há 8 quilómetros do referido município, Francisco Fafana, nasceu no dia 21 de Janeiro de 1987, é segundo filho no ventre da sua mãe, entre os sete que eram. Porém, fez os seus estudos na escola dos padres católicos locais, concretamente, no colégio São José do Pombo, foi acolito por essa paróquia durante muitos anos e também era um dos integrantes num dos grupos coral desta igreja, na altura.

Com laços biológicos do rei Mbianda Ngunga, Francisco Monteiro Fafana, herda um património musical a partir dos seus progenitores maternos e paternos, que, no passado animavam as comunidades por onde viviam. Durante muitos anos, Fafana, inspirava-se no malogrado do estilo kuduro, Maquina do Inferno. Agora é mais apreciador dos demais músicos, do que, inspirador, pois auto-inspira-se. É músico há 17 anos.

 

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