Aldeia Zulu Mongo ganha centro infantil comunitário

Fotografia: Joaquim Júnior | Edições Novembro - Uíge

Por Joaquim Júnior

As crianças da aldeia Zulu Mongo, no município do Songo, vão dispor dentro de três meses de um centro infantil comunitário (CIC). As obras para a edificação do equipamento social arrancaram ontem, com a colocação da primeira pedra pela administradora local, Adelina Pinto.

O centro, que vai albergar a educação à primeira infância, vai ter a capacidade para acolher 70 crianças, em regime de internato e outras cerca de 1.500 externas.

Adelina Pinto explicou que o empreendimento vai comportar dois dormitórios, cozinha, despensa, escritório, casa de banho, um alpendre de recreação e educação, espaços que devem ser divididos em áreas, de acordo as idades das crianças beneficiárias.

Além das áreas acima referenciadas, a administradora municipal do Songo referiu que o centro, que vai receber crianças dos zero aos cinco anos, será apetrechado com equipamentos de jardim infantil.
A responsável disse que a construção do centro foi possível, graças à parceria firmada entre a Administração Municipal do Songo e a organização não-governamental Aliança para o Desenvolvimento da Comuna do Hoji-ya-Henda (APDCH), esta última financiou o projecto, em colaboração com a Igreja Assembleia de Deus Pentecostal, que disponibilizou o espaço e parte do material a ser usado na construção. A administradora referiu que a organização financiadora vê no projecto, uma grande importância para a educação pré-escolar daquela comunidade, que se debate com alguns problemas sociais.

Adelina Pinto pediu maior empenho aos responsáveis da APDCH, no sentido de cumprirem com o compromisso que assumiram de começar e terminar a obra, para que a comunidade possa beneficiar deste valioso bem para as crianças.

“A Administração Municipal vai apoiar naquilo que for necessário, para que a obra termine e se junte às iniciativas que visam contribuir para o desenvolvimento do município”, adiantou a responsável daquela parcela da província do Uíge.

Acusações de feitiçaria

O supervisor provincial da APDCH, no Uíge, Jeremias Maia Mateus, disse que o centro surge como resposta a um diagnóstico efectuado recentemente naquela localidade, em que se identificou um histórico que reserva a ocorrência de vários episódios de acusações de práticas de feitiçaria.

Estes episódios, no ano passado, resultaram na morte de uma mulher, assassinada por membros da sua família de forma cruel, por alegados motivos relacionados à prática de feitiçaria. Maia Mateus revelou ainda que o episódio deixou traumas psicológicos a um número considerável de crianças, que tiveram contacto com os acontecimentos e que precisam de acompanhamento especial, através de educação social. Explicou que o centro surge para assegurar o enquadramento, protecção e cuidados primários das crianças dos zero aos cinco anos de idade, muitas a precisarem de recuperação dos traumas psicológicos, resultantes do fenómeno de feitiçaria.

“Estes problemas podem comprometer o futuro delas, caso não sejam acompanhadas”, disse para avançar que o centro deve contar com a intervenção da sociedade civil, para uma educação e reanimação do seu estado psicológico.

Gestão do centro

O futuro centro infantil comunitário do Zulu Mongo vai ser gerido pela Igreja Assembleia de Deus Pentecostal, instituição que disponibilizará dois educadores sociais. Estes técnicos vão receber formação específica para garantirem melhores cuidados às crianças.

O pastor local, Augusto Daniel, agradeceu o gesto da Administração Municipal do Songo e da APDCEH, por contemplarem a comunidade de Zulu Mongo com aquele equipamento social, manifestando toda a disponibilidade da comunidade em colaborar nas questões que dizem respeito ao bem-estar social e espiritual da população. A aldeia Zulu Mongo é habitada por 6.634 pessoas, sendo a maior parte delas crianças e adolescentes.

Via JA

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