Adeus músico e poêta LUTUMBA NDOMANUENO SIMÃO.

Adeus o músico e poêta LUTUMBA NDOMANUENO SIMÃO.

Faleceu hoje em Paris, um dos últimos gigantes da Rumba congolesa, Lutumba Ndomanueno Simão “Simarro Masiya”, de origem angolana, vítima de uma prolongada doênça. O artista tinha 81 anos de idade.

Herdeiro legítimo de Luambo Makiadi “Franco”, em que foi o seu fiel cúmplice, durante décadas. À morte do Francó, em 1989, Lutumba assumiu o comando do lendário agrupamento do continente africano, o OK JAZZ.

Simão Manuel Lutumba nasceu no município do Zombo, província do Uíge, no dia 11 de Abril de 1938. Alguns anos depois, seguiu os seus pais no então Congo Belga, onde encontraram refúgio, fugindo o regime colonial instalado em Angola que os obrigava fazer trabalhos forçados nas Ntonga.

Simarro Masiya cresceu em Leopoldville onde frenquentou as escolas primária e secundária.

Iniciou a sua carreira em meados dos anos 50, nos conjuntos musiciais nos bairros periféricos da capital congolesa, como guitarrista rítmico.

Em 1958 entra brevemente no famoso African Jazz do Kabasele Tshamala “Grand Kallé”, antes de ser recrutado pelo Gerard Madiata para ingressar o Congo Jazz, ainda no mesmo ano.

Em 1962, Francó que já era um músico bem conhecido a nível continental, sofre a primeira dissidência no seu agrupamento, a maior parte dos seus músicos, originários do Congo Brazzaville, vão criar o Bantou de la Capital. Recruta novos músicos, o nome do Simarro aparece como o guitarrista acompanhador. Passa alguns anos na sombra do mestre, compondo algumas canções, sem maior sucesso. Enfim, no ano 1969, o seu talento vai eclodir, ao largar no mercado canções de antologia como “Fifi nazali inoncent” e “Gerôme”.

Com a vinda de SAM MAGWANA no OK Jazz, em 1971, Lutumba Ndomanueno, revela-se, para além do excelente compositor, um poêta, inspirando-se sobretudo do rio Zaire, criando um estilo próprio no OK Jazz, designado de Lolaka (verbo) com textos longos, decorrados com poesias e provérbios africanos.

Já com Sam Mangwana aos microfones, vai compôr canções consideradas hoje, como monumentos da Rumba: Ebale ya Zaire, Mabele, Inoussa, Minuit Eleki Lezi, Cedou, Faute ya commerçant, etc. Com a partida do Sam Mangwana no exílio em Paris, Lutumba recruta Djo Mpoyi, o mesmo que galvanizou a ex-Torrada em Luanda, em 1980.

Nos anos 80, Lutumba continou a surpreender, desta vêz, acompanhado de outro artista de origem angolona, Carlos Ndombasi Lassa “Carlitos”, compõe a célebre cançâo Maya, que será retomada meses depois, com a participaçâo de Pepe Kallé e Papa Noël na viola-solo, sem esquecer Verre Cassé, Afaire Kitikwala.

Lutumba deixou centenas de canções, interpretadas para além do já citado Sam Mangwana, por vocalistas como Youlou Mabiala, Djo Mpoyi, Josky Kiambukuta, Bialu Madilu, Malage De Lugendo, Nsiakembo, Franco, Mbilia a bel, Papa Wemba, Pepe Kallé, Matumona Defao, Mpongo Love, etc.

Faleceu um dos grandes cêrebros da civilização Bantu.

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