O Kikongo de referência é o de Mbanza Kongo, por ser capital de todos akongos.

Diversas expressões regionais de kikongo, devem se referir a de Mbanza Kongo, como Kikongo unitário

Por Camilo Afonso Nanizau Nsaovinga (*)

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A minha preocupação é a forma como os debates estão a ser desconstruídos por gente que não quer entender qual é a importância de se aprender o Kikongo. Pois, como vais discutir em Kikongo se mal o sabes falar? Como vais defender a língua-padrão, que é o kikongo da capital do Reino do kongo, se mal sabes a própria história do Kongo?

E quando se menospreza o que se vai escrevendo, bem ou mal? Onde está a história “verdadeira”, a real, quando se negam as contribuições dos que se preocupam com este passado que nos foi negado durante o período colonial? E ainda daqueles que desconstrõem o que nós formados pelo país, estamos procurando colocar à luz de todos os interessados na matéria, e deles receberemos as suas contribuições para o  melhoramento dos nossos trabalhos de pesquisas sobre a história do País.

Ela existe hoje em várias publicações e em línguas como italiano, espanhol, inglês, francês, português e holandês.

Estes escritos são verdadeiros testemunhos do que foi encontrado no espaço Kongo, desde os finais do século XV ao XIX.

A pergunta é: Quem lê os escritos dos próprios filhos do espaço Kongo, e de africanistas desde Angola ao sul do Gabão? Há vários escritos em Kikongo e sobre a História do Kongo. Como se pode discutir a história do Kongo de modo particular e de Angola em geral, se logo a partida, as pessoas que em vêz de aprender ou contribuírem com o que sabem sobre os assuntos em discussão, buscam defender os seus  subjetivismos, que só inibem a força dos que querem aprender e melhor defender a sua história Regional e Nacional.

Todas as obras até aqui escritas sobre o Estado do Kongo, apontam Mbanza-Kongo, como a capital do Estado ou do Reino.

Outrossim, ainda somos da História da Tradição Oral e da oralidade. É pela oralidade  que aprendemos a ouvir e a escutar todos os ensinamentos que hoje ousamos defender como nosso património cultural comum.

Em que língua resolvemos os problemas de Nkama Longo? Que língua é utilizada no Nfwandu? Quem traduz à quem?

Quanto se trata da Kanda, Mvila, ki Tata, Ki Nkayi, Ki Se! Em que língua se fala e se discutem estes assuntos?

E voltando para as nossas Nvila za makanda, alguém já se deu conta que em todas estas conferências familiares, os chefes das linhagens, Mfumu za Makanda, apontam sempre como ponto de partida, o Kongo? “Eto kulu, ku Kongo twa tuka! E Kongo i Tuku! Nkumba u ngudi!”

Diante desta singela contribuição para quem tem estado junto dos “Mais-Velhos” e Mfumu za Makanda, pode entender a razão de Mbanza Kongo ser a capital de todos os BasiKongo, Asikongo, Akongo, desde Angola, Congo Brazzaville, parte sudoeste da RDC e sul do Gabão. Ninguém nega isto. As variantes linguísticas ou dialectais existem em todas as línguas. Por isso, recorremos aos especialistas de cada formação e recebermos as devidas contribuições e os devidos esclarecimentos sobre as diferentes matérias em discussão.

Finalmente, Mutu kadyati kweno. E ngangu ntulu ye ntulu! Tukala nsizi twadila sinda dimosi!

Ninguém vai retirar o que já existe à séculos no espaço Kongo. As primeiras Bíblias traduzidas para o Kikongo, tanto da Católica e da BMC, Protestante foram todas escritas em Kikongo de Mbanza-Kongo. Kisikongo; Kisasala ou Ki-nsasala.

O que dizer, o de São Salvador. Assim como a gramática mais antiga do Kongo, do Padre Manuel Reboredo, filho do Kongo.

Todos estes são os testemunhos materiais vivos que nos ajudam a justificar e a defendermos a Língua Padrão!

 

(*) Historiador, Diplomata e Docente universitário. Actualmente é  direcitor da Casa-Cultura de Angola, em Bahia, Brazil.

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