DADOS BIOGRÁFICOS DE AMBRÓSIO LUKOKI, “NZAKIMWENA”
Pedagogo, Professor, Nacionalista e Dirigente histórico do MPLA, comprometido com a causa do povo Angolano no seu engajamento partidário e sociopolítico, até a data da sua morte.
Nome Completo: Ambrósio Lukoki “Ambrósio”: do grego, associado indirectamente as propriedades do doce ambrósia “manjar dos deuses”, doce com divino sabor que teria propriedades de cura, rejuvenescimento e até ressuscitamento dos mortais. Os significados mais comuns são: divino, imortal, homem glorioso e eterno. As definições habituais associam a personalidade da pessoa com o nome Ambrósio a uma pessoa filosófica para lidar com as situações do quotidiano, pensadora, introvertida, individualista e silenciosa nos relacionamentos pessoais.
Nome escolhido pela mãe, crente e praticante (protestante angélica Batista), em consideração ao dia do nascimento do filho, 7 de Dezembro, dia em que se comemora o Santo Ambrósio (Aurélio Ambrósio), arcebispo Mediolano (moderna Milão) que se tornou um dos mais influentes membros do clero no século IV.
“Lukoki”: do Kikongo, dado o nome em referência ao avô materno, chefe da família “Lukoki Lo-Bizi”, nos costumes tradicionais da terra, posicionando-o como líder na família.
Alcunha Politica: “Nzakimwena”: do Kikongo, significa “ver o mundo pessoalmente” ou convite a “vir ver pessoalmente a realidade”, apelido que lhe foi dado nos maquis, tendo ficado como alcunha política.
Data de nascimento: 07-12-1940. Filho de: Alves Lucau Garcia e de Teresa Luvambu. Natural de: aldeia do Uembo, Quibocolo, Maquela do Zombo, Província do Uíge, onde nasceu e igualmente foi a enterrar no campo santo da aldeia.
Dos clãs tradicionais: Mfutila na Wembo (parte de mãe) e Nsungu-na-MpakalaMakandi (parte de Pai).
Traços carácter: Certa abnegação em prol dos princípios de integridade pessoal e política. Firmeza, frontalidade, modéstia, generosidade e dedicação.
Percurso Biográfico: Ida a Kinshasa (Antes de 1956). Ensino Primário: Armée du Salut, Kinshasa, RDC.
Ensino Secundário (1956-1960): Armée du Salut, Rua Kassai em Kinshasa, RDC.
Ambrósio Lukoki esteve sempre entre os mais destacados da turma, impressionando colegas e professores tanto pela sua seriedade, responsabilidade e rigor, que pela sua estatura física (muito alto entre os demais colegas), sendo inclusive sempre eleito delegado de turma e carinhosamente tratado pelos colegas como “o Presidente”.
Entrada na UNTA (1961): Ano em que, com os colegas mais próximos, começou a interessar-se cada vez mais na politica e em particular a envolver-se nos assuntos políticos da terra Natal através do sindicato do MPLA em Kinshasa, onde o seu caminho cruzou com o de outros patriotas/sindicalistas da UNTA (fundada em exílio na RDC), tais como Artur Barros, Francisco Nsingui, Ndombele Bala Bernardo e Pascoal Luvualo.
Internato de formação profissional em Kassangulo, RDC (1960-1962): Em Junho de 1962, com 22 anos completou a formação profissional para tornar-se professor.
Obtenção de Bolsa de Estudo UNTA para Polónia (1962): Obteve a bolsa de estudo superiores para Polónia, sendo que infelizmente, uma semana antes da ida, com todos os preparativos prontos, foi impedido pelo seu Pai de viajar, e obedecendo, cedeu o lugar a um amigo próximo, permanecendo em Kinshasa, a trabalhar como professor na escola Primaria oficial de Ngiri Ngiri em Kinshasa, durante um pouco mais de um ano.
Obtenção de Bolsa de Estudo UNTA para a então República Federativa da Jugoslávia (1963): após finalmente com muita insistência, conseguir a autorização do seu Pai para ir a formação superior na Europa. Durante os estudos, foi coordenador dos estudantes angolanos. Estudos em Pedagogia com especialização em Andragogia (arte ou ciência de orientar adultos a aprender), (1963-1969) Faculdade de Filosofia da Universidade de Belgrado.
Regresso em Angola em 1969.
Coordenador do Departamento de Educação, Cultura e Desportos (3º região Políticomilitar do MPLA/ Frente Leste).
Director do Centro Escolar Augusto Ngangula/Moxico (1969-1972), Internato dos pioneiros do MPLA e Coordenador dos Serviços de Alfabetização.
Representante do MPLA no Egipto, no Médio Oriente, na Organização de Solidariedade dos Povos Afro-asiáticos (OSPAA), na Tanzânia e na África do Leste ( a partir de 1972).
Envolvido na organização e Mobilização MPLA, Saurimo/Lunda Sul (1974-1976).
Membro nº 27 do Comité Central do MPLA (1974-2016).
Membro do Bureau político do MPLA, e do seu Comité Central (1975-1982).
Secretário para a Esfera Ideológica do MPLA (após 1975-1982).
Comissário Provincial (Governador) do Uíge (1976-1977).
Ministro da Educação (1977-1980), nomeadamente participação impulsionadora na Criação do ISCED em 1980 (Instituto superior da ciências da educação), elaboração dos fundamentos políticos, ideológicos, sociais, da politica nacional de educação implementação da reforma da Educação.
Docência universitária no ISCED Lubango, Huíla (fim de 1983-1988).
Bolsa para Doutoramento em Andragogia (1987-1992), Universidade de Montreal/Canada: Ciclo preparatório ao Doutoramento e título de Mestre em Artes (MA), pelo Departamento de Psico-pedagogia e de Andragogia da Faculdade de Ciências de Educação da Universidade de Montreal, no Canada.
Regresso em Angola em 1992: Participação na campanha eleitoral, trabalho ao seio do CC, na área de Malanje (mobilização).
Professor auxiliar em tempo integral na U.A.N. (a partir de 1992-1996). Participação assídua e exclusiva no C.C. do MPLA (1992-1996).
Director Geral do Bureau Africano das Ciências de Educação junto da OUA, Organização de Unidade Africana, (1996-2001).
Embaixador extraordinário e plenipotenciário de Angola em Franca (2003-2006).
Embaixador extraordinário e plenipotenciário de Angola na Tanzânia (2007-2018).
Engajamento político-social até a sua morte. Data de Falecimento: aos 01-10-2018 por doença prolongada, alguns meses antes de completar 78 anos.
Foi a enterrar na sua aldeia natal.
Deixou esposa e cinco filhos.
Condecorações:
Medalha de Combatente da Luta de Libertação Nacional.
Ordem da Independência de Primeiro Grau (a titulo póstumo), por Sua Excelência João Manuel Gonçalves Lourenço, Presidente da Republica, aos 10 de Novembro de 2018.
Ordem Sagrada Esperança (a titulo póstumo), como reconhecimento pelo papel decisivo na conquista da Independência de Angola, aos 7 de Novembro de 2019.
Considerações:
O Presidente da Republica, João Lourenço, na sua mensagem de condolências a família, considerou que Ambrósio Lukoki foi um “dirigente histórico do MPLA, que cedo se inscreveu na luta pela Independência da Nação angolana e que, a seguir exerceu relevantes cargos ao nível do partido e do Governo, sendo conhecido pela sua dedicação e competência e pela frontalidade e firmeza das suas opiniões. A sua acção ao nível do partido, governamental ou diplomático, na qualidade de membro da direcção do MPLA, de ministro ou embaixador no exterior, esteve sempre ao serviço dos superiores interesses do povo angolano”.
O Ministério das Relações Exteriores lembrou que “o embaixador Ambrósio Lukoki pertenceu a uma geração pioneira da luta de libertação nacional, tendo dado valioso contributo para a criação do mosaico político de Angola nas mais variadas frentes em que esteve envolvido, designadamente na governação, mais concretamente no sector da educação e da diplomacia”. Considerou ainda que “o Embaixador Ambrósio Lukoki foi um patriota e combatente que participou activamente na luta pelo desenvolvimento e construção da intelectualidade da Nação Angolana”.
O Bureau Politico considerou que “ o ilustre desaparecido tinha qualidades próprias, que lhe caracterizavam como um homem culto, metódico, trabalhador e modesto, uma grande referência do nacionalismo angolano, um combatente de primeira hora, militante coerente e defensor dos princípios do MPLA, o seu partido do Coração, cuja trajectória revolucionária e progressista se mistura a sua vida e pensamento”, acrescentando ainda ser “ um exemplo de modéstia, de dignidade, de companheirismo e de fé”.
“O político Marcolino Moco, defendeu que o nacionalista Ambrósio Lukoki deve constar na galeria dos dirigentes mais importantes do MPLA e dos nacionalistas de todos os combatentes que lutaram pela Independência”. O ex-secretario geral do MPLA, considerou a morte do nacionalista como uma grande perda nesta fase em que o pais entrou numa nova era para a qual contribuiu de forma inédita”. Fontes: Conversas com e sobre um Pai, recordações de Luísa Lukoki.
Testemunhos e Memorias de familiares e amigos. Elogio fúnebre de Ambrósio Lukoki, traduzido do Kikongo, lido aos 06-10-2018, no seu enterro.
Luto/Elogio fúnebre do Bureau Politico do MPLA, lido aos 06-10-2018, no seu enterro:
http://www.mpla.ao/imprensa.52/noticias.55/luto-lukoki-elogio-funebre-do-bureaupolitico-do-mpla.a5723.html Artigo Jornal de Angola online:
http://jornaldeangola.sapo.ao/politica/morreu_o_historico_ambrosio_lukoki,02-10-2018. Consulta de diversas fontes online.

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