Adeus Pedro Amador Guimarães “Pepé Bipoli”

O artista ango-congolês Pedro Amador Guimarães “Bipoli na fulu”, faleceu no princípio da tarde de ontém, dia 1 de Outubro, em Paris, onde residia nos últimos anos, vítima de uma longa doença.

Sandokan (Tshando) Mfumu Taku, outro apelido atribuido pelos seus fanáticos, foi um dos músicos mais populares da dita terceira geração da Rumba-congolesa.

Depois de evoluir em diversos agrupamentos musicais formados pelos jovens angolanos exilados na actual RDC, no princípio dos anos 70, na actual Comuna de Ndjili/Kinshasa, Bipoli será o primeiro músico que o Papa Wemba ferá apelo para integrar o seu “Viva la Música”, em dissidência com os antigos desertores do mítico Zaiko Langa Langa. Em Viva la Música, Bipoli vai partilhar o palco com Koffi Olomide, Emeneya Kester, Sombele Jadot, Espérant Kisangani, Dindo Yogo, etc.

Seguindo a linha artística do Lita Bembo e sobretudo do seu mentor, Antoine Evoloko, Pepé Bipoli foi o principal “showman” e animador de Viva la Música e um precioso suporte artístico do líder desta geração que foi Papa Wemba.

Compositor das canções da antologia como Zengo Luzizila, Amisi Clara e sobretudo, Ami Kapangala, sem esquecer a sua magnífica prestação nas canções de sucesso como Ngambo Moko, Teint de Bronze, Kalidjoko, Mabele mokonzi ou ainda em “Exil esili” de Reddy Amisi e Stino Mubi, a vôz do Bipoli calou para sempre e fará falta aos melómanos habituados com o rítmo de Viva la Música de Papa Wemba.

Em 1982, Pedro Guimarães funda o famoso conjunto Victoria Eleison “A luta continua, Victória é certa”, regrupando todos músicos integrante de “Viva la Música”, obrigando o seu fundador, Papa Wemba, a exilar-se na Europa, onde conheceu um sucesso planetário.

Em 1985, por sua vêz, Bipoli segue Papa Wemba no exílio, deixando a sua “Victória Eleison” com Jean Emeneya Mubiala “Kester”, que fará deste agrupamento, uma referêrncia da sua geração na Rumba congolesa.

Pedro Amador Guimarães “Bipoli”, um lusófono em Kinshasa!

Pepé Bipili nasceu em Leopodville em 1955, filho de Paulino Guimarães, um comerciante originário do Nzeto, província do Zaire e a sua mãe foi originária do município do Zombo, província do Uíge.

Ao contrário de muitas famílias angolanas refugiadas no Congo, que ocultavam as suas origens angolanas, para não serem molestadas pelos xenófobos congoleses, Pedro Guimarães cresceu num ambiente lusitano, imposto pelo seu pai.

Na sua propriedade familiar, situada no Q.7, na já mencionada comuna de Ndjili, habitada maioritáriamente pelos refugiados angolanos (Bazombo, no entender dos congoleses), só se  falava a língua de Camões, o que muitos suspeitavam que não fosse um muzombo, mas natural de Malange ou ainda originário de São Tomé, o que ele próprio desmintiu, numa conversa privada com a nossa redacção.

Pedro Guimarães falava fluentemente língua portuguesa e tinha projectos de produzir na terra dos seus antepassados, se a doênça não surpreendesse.

É autor de três álbuns musicais, “Engambe Comme à l’ecole”, “Nzete ya Mbongo” e “Vivi Santa” com a paticipação de vários artístas como Mukangi Deésse, Stino Mubi, Djanana, Papa Wemba, Reddy Amisi, etc.

Adeus vieux Tshando !

 

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