Por Analtino Santos
As recentes exibições das peças teatrais “Kimpa Vita” e “ Kitshul” são demonstrações de que o Grupo Teatral Kimbanguista (GTKI) está numa nova fase de divulgação dos seus trabalhos.
A informação foi prestada ontem por Mbozu Yetu, secretário nacional do “GTKI”.
O responsável falou dos projectos em curso depois das participações nas comemorações de “Kimpa Vita”, em Mbanza Kongo, capital da província do Zaire, e no Feste África-Festival de Teatro, no Elinga, em Luanda. “Agora pretendemos voltar a apresentar estas obras em mais salas em Luanda e depois girar o país”, afirmou Mbozu Yetu.
“Reconhecemos que ficamos um tempo inactivos e estas apresentações deram um novo alento. Estamos a acertar novas datas para o Auditório Njinga Mbande e para a Liga Africana, a actualizar as obras e a fazer pesquisas para novos trabalhos”, deu a conhecer o interlocutor do Jornal de Angola.
Mbozu Yetu falou também da passagem e da reacção positiva em Mbanza Kongo, onde exibiram “Kimpa Vita”, peça que retrata a morte de uma mulher guerreira que foi contra a imposição do pensamento eurocentrista de Deus dos missionários católicos que invadiram a região do Kongo e, como Joana d’Arc, a santa francesa, foi queimada viva a 2 de Julho de 1706.
A obra, levada à cidade onde Kimpa Vita foi considerada profetisa, deu origem a um movimento messiânico africano. “Um trecho desta obra também foi apresentado a 15 de Junho de 2024 na União dos Escritores Angolanos, depois da estreia no dia 25 de Maio na Casa de Cultura Ubuntu”, explicou Mbozo Yetu, fazendo uma cronologia para realçar a actual fase do grupo.
Acrescentou que a outorga do Diploma de Mérito pelo trabalho de pesquisa e investigação com “Kitshul”, exibida no dia 20 de Junho no Feste África-Festival de Teatro, também reforçou o compromisso para este momento do “GTKI”.
“A peça é um drama que retrata o conflito entre os conservadores da cultura e os aculturados (assimilados). Tankoy, o conservador da cultura, de 85 anos , é munido de poder tradicional e pretende casar com a sua própria neta (Mawabi) de apenas 20 anos, fazendo dela a sua quinta esposa”, detalhou Mbozo Yetu.
O Grupo Teatral Kimbanguista (GTKI) é uma formação artístico-religiosa sem fins lucrativos afecta à Igreja Kimbanguista. Foi fundada em Kinshasa, República Democrática do Congo (RDC), a 25 de Dezembro de 1959, com a missão de evangelizar por meio de acções dramáticas (teatro e cinema) e pelos hinos (música), apresentando o passado, o presente e perspectivando o futuro do homem, da igreja e da sociedade em geral.
Está presente em cada país, província, município, distrito, comuna e aldeia, de acordo com a expansão da Igreja. Em Luanda, o grupo iniciou oficialmente o seu percurso artístico no município do Cazenga, na década de 1970, isto é, a 18 de Junho de 1978, três anos após a Independência Nacional e numa época em que não havia o registo de muitos grupos teatrais no país. Actualmente, o grupo controla cerca de 5.000 membros, embora nem todos exerçam a actividade teatral.
No seu longo percurso tem as peças “Os três surdos”, “Sabedoria do Rei Salomão”, “Noite Cruel e Noite Criminal”, “Matuku”,”O Julgamento de Simon Kimbangu”, “As dez virgens”,”O Coração do homem”, “A raça negra”, “A herança escondida”, “Tekadiomona”, “A Surpresa” (pombe ki lawukidi), “Ovelha feita em Lobo”, “Verdades escondidas”, dentre outras.
Via JA
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