Por Sebastião Kupessa
SINUKU TSHEKABU MBUNGA (BONGHAT) MAXIMILIEN foi o cúmplice congolês (RDC) de MATADIDI MÁRIO MABELE do famoso trio MADJESI formado por artistas originários de Angola, da RDC e do Congo-Brazzaville.
Na imagem, em Paris,1973, SAAK SAKUL está a direita, Djeskain do Congo Brazzaville, no meio e o nosso Matadidi à esquerda.
O Trio Madjesi foi um grupo musical criado em 1971. Os três cantores evoluíram dentro dos grupos urbanos congoleses dos anos 1960. O Trio foi sustentado pelo agrupamento SOSOLISO, cujas influências eram mais jazz e funk, o que vai revolucionar a música congolesa, activada pela música negra americana, em particular o seu ícone James Brown. O Trio Madjesi (contração de Mário, Djeskain e Sinuku) terá sucesso numa ousada empreitada: a fusão do funk com a rumba congolesa. Foi o ataque Bazooka. Sucesso de tirar o fôlego, estrondoso. Cada produção do Trio Madjesi atraiu milhares de pessoas.
A vantagem desse grupo era o facto de ser multicultural, o Trio cantava em vários idiomas. Nunca visto em Kinshasa, as suas produções apresentavam sérios problemas de segurança. Em cada um de seus shows, mesmo involuntariamente, eles perturbavam a ordem pública.
“Bayembaki, bayembi, babimi na mayi lelo”, foi o grito de guerra deles e valeu a pena. Seu uniforme de palco, sua dança frenética, sua actuação e seu penteado afro seduzem um grande público. Eles desembarcaram com um novo vento, cada uma de suas produções foi um espetáculo grandioso.
Por toda parte no Congo como durante sua digressão africana, por falta de espaço dentro dos salões de dança, os espectadores ora ficavam com seus ingressos, ora invadiam as árvores, as paredes, até os telhados das casas ao redor, às vezes nos tetos dos carros, porque qualquer solução era boa. O que se esperava de seus fãs era apenas ouvir suas músicas ou vê-los ao vivo. Infelizmente, o que todos temiam acabou acontecendo.
De volta de sua histórica digressão africana de 1974/5, “Le Trio Madjesi” produziu um espectáculo em Kinshasa. O que todos temiam aconteceu: seus inimigos esfregaram as mãos. O pior tão desejado por seus adversários torna-se realidade. Nesse dia, o Trio Madjesi estava se produzindo normalmente, num dos bairros populosos de Kinshasa, o ambiente estava eléctrico, todos em transe, havia espectadores no telhado de uma igreja, que não suportou o peso, o telhado da Casa de Deus desabou. O balanço foi muito pesado, deixando muitos mortos e vários feridos. Juntando a este crime, o facto de proceder à troca de divisas no mercado informal. A partir desse momento, o trio é objecto de todo tipo de maquinações. Rumores de todos os tipos começaram a circular. Eles são xingados, aqueles que os adoravam ontem mudaram sua linguagem. A roda girou, seu destino estava selado.
Nessa altura em 1975, a UMUZA (União dos músicos zairenses) então dirigida por Franco Luambo Makiadi tomou a drástica decisão de suspender a orquestra do Sosoliso por um período de um ano, enquanto o trio Madjesi se preparava para o Olympia de Paris para França. Isso levou o trio ao desgosto, eles não podiam acreditar.
O caso toma um rumo político, pois os três cantores vêm de três países diferentes. O caso leva um processo maquiavélico! Luambo Franco, Tabu Rochereau e Verckys Kiamuangana, os “três Mosqueteiros” se uniram e quebraram o Trio Madjesi.
Desorientado, o Trio capitulou e baixou os braços. Mário Matatadi regressou a Angola, país dos seus antepassados, Djeskain Loko Masengo regressou ao Congo Brazzaville e Sinatra Saak Sakul permaneceu no Zaire (atual República Democrática do Congo, RDC), onde ficou fiel, encarnando os ideais do trio, recusando ofertas milionárias para integrar o OK Jazz de Francó ou de ressuscitar o moribundo Vévé do seu antigo patrão Kiamuangana Verckys.
Em 1983 o trio assina um contrato, consegue reunir-se, produziu um álbum que não conseguiu ter sucesso nos três países originários do trio.
Desencorajados, cada um dos artistas volta às suas carreiras solos.
Saak Sakul terminou a sua carreira produzindo raras vezes em play-back para a velha geração.
O compositor de de “Buteur” no Sosoliso morreu há um ano em Paris, com 80 anos de idade.
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