Morreu uma uigense com 115 anos

Por Joaquim Júnior

Uma anciã angolana natural do município da Damba, província do Uíge, morreu na sexta-feira aos 115 anos, na moradia em que vivia, no bairro Papelão, arredores da cidade do Uíge.

Voca Paulina nasceu a 3 de Março de 1902, na localidade de Quimayala, e conviveu com três gerações da sua árvore genealógica. Casada com Dialubanza Dialungana, falecido há mais de 20 anos, gerou nove filhos, sete dos quais já falecidos. Deixou 21 netos e 25 bisnetos. Viveu e morreu em Cristo, descreveu o pastor Lundoloki Kiala, da Igreja Evangélica Baptista de Angola (IEBA) de que era fiel.

No elogio fúnebre, o pastor afirmou que Voca Paulina foi um grande exemplo de fidelidade cristã e de devota abnegada que, mesmo fisicamente fraca em função da idade e já sem visão, estava sempre na igreja, acompanhada por um neto ou bisneto. A anciã, disse o pastor, deixou uma grande lição de vida longa e repleta de boas obras.

Acrescentou com convicção que um dos segredos da longevidade de Voca Paulina foi a sua plena confiança em Deus como Criador da vida.

Quando estivesse doente, a anciã dispensava assistência médica e medicamentosa, preferindo medicação natural à base de raízes e folhas. O segredo foi revelado ao Jornal de Angola por Ntula Inês Dialubanza, 82 anos e primogénita da defunta, com quem viveu pouco tempo por se ter refugiado, na adolescência, na República Democrática do Congo, devido à guerra anti-colonial, estando agora em Luanda. A filha reservava sempre um tempo para visitar a mãe, para receber da progenitora, com muita atenção, a sua experiência de vida.

Mbundu Dialungana, a sexta filha da malograda e actualmente com 57 anos, lembra que poucas vezes a mãe aceitou ser consultada por um médico, apenas cedendo por imposição dos filhos ou dos netos. A anciã era adepta do “quifuto”, uma composição de medicamentos tradicionais, feitos de raízes e folhas, como a chamada “Santa Maria” e a “mantsutsu”. A anciã apenas se queixava de febres e dores no corpo. Tinha uma saúde de ferro, para a qual contribuiu a dieta alimentar e a higiene. “Durante o tempo em que vivemos com a mãe, uma das atitudes que me admirava muito nela era a higiene. Varria o quintal três a quatro vezes por dia e não deixava permanecer lixo no quintal nem dentro de casa”, contou Mbundu Dialungana. Voca Paulina não comia carne nem peixe. O seu prato preferido era a quizaca com muamba de jinguba, preparada numa panela de argila, para conservar o sabor natural da comida.

A idosa ingeria outras verduras quando quisesse variar, tendo sido por isso uma vegetariana. “Eu acho que foi um dos segredos da sua longevidade”, afirmou  Mbundu Dialungana. Panzo Domingos, 85 anos e irmão da anciã, recorda que pedia para que, no dia da sua morte, não chorassem por ela, porque não deixaria tristeza a ninguém. A anciã foi sepultada na terça-feira última, no município da Damba, de onde era originária.

A confirmar-se a data de nascimento, a idosa angolana pod   ia ser considerada uma das pessoas mais velhas do Mundo. Até ao dia 15 deste mês, a italiana Emma Morano era a mulher mais velha. Nasceu a 29 de Novembro de 1899 e morreu em casa com 117 anos.

Via JA

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