Por Nkemo Sabay
O vocalista, autor e compositor musical congolês Ferre Gola encontra-se em Angola para prestar um espectáculo musical, no Pavilhão Desportivo da Cidadela em Luanda, neste sábado, dia 7 do presente mês.
Ferre Gola chegou à Luanda na semana passada, foi recebido em triunfo pelos seus fanáticos angolanos e alguns congoleses residentes em Angola, no aeroporto 4 de fevereiro, a convite de uma promotora de eventos. Na saída do aeroporto, o músico congolês encontrou dificuldades ocasionadas pelo amateurismo da empresa organizadora, na sua dimensão era incomum e houve improvisações que não agradou a ninguém, muitos concluem tratar-se de uma sabotagem orquestrada pelo empresário Paulo Tudilu, suspeitado de estar em inteligência com Fally Ipupa, outra estrela da música congolesa concorrente, em competição sem tréguas na „caça de arenas“.
Paulo Tudilu “o Senador“ que se encontra actualmente gozando férias fora de Angola, produziu um vídeo, lamentando o sucedido e não compreendeu como Ferre Gola viaja para Luanda sem um contrato pré-assinado e sem garantias no ponto de vista organizativa e logística, erros que se fosse ele não cometeria e concluiu, atribuindo culpas ao próprio artista que não entende a realidade angolana na matéria da organização de espectáculos. Essa declaração provocou um incêndio e relançou as hostilidades entre Ferre Gola e Fally Ipupa, desta vez, escolheram Angola como terreno de disputa para saber quem é o melhor entre ambos. Ferre está condenado a ter sucesso na sua próxima prestação na Cidadela, porque previsivelmente, o seu concorrente virá proximamente a Luanda, para fazer melhor com o concurso da empresa Tudilu Eventos.
Como já realçamos, as afirmações pertinentes do Paulo Tudilu “o Judeu Negro“, provocou uma tempestade sem precedente nas redes sociais, atirando-se a fúria dos Gaulois angolanos, os adeptos do Ferre, qualificando-o com muitos adjectivos ruins, entre outros de ser um simples executor, um intermedíario, um impostor e um patrão mediócre.
Uma influenciadora digital residente em Luanda, afirmou conhecer bem Paulo Tudilu, por ser um simples intermediário do empresário Santos Bikuku, amante da música congolesa, o verdadeiro mecenato na produção da música congolesa no solo angolano. Santos Bikuku teve apoio de “Tata na Isabel“ (entende-se José Eduardo dos Santos), a razão que no tempo em que foi presidente da República, Tudilu Eventos produziu muitos artistas congoleses, o que não faz actualmente, porque o presidente que lhe substituiu tem outras prioridades que apoiar as produções musicais.
Outro usuário das redes sociais lamenta que Paulo Tudilu, não paga suficientemente os músicos e não respeita os contratos. Citou o exemplo do cantor Fabrigas (o mestiço negro) que prodiziu séries de espectáculos em Luanda e na Lunda Norte, não ter sido pago e voltou para o Congo com mãos a banar.
Com tantos ataques, críticas e difamações contra a sua pessoa, Paulo Tudilu perdeu a sua calma legendária, produziu outro vídeo que foi publicado nos seus canais nas redes sociais, afirmando ser o produtor de todos cantores coroados de sucesso na RDC em Angola, há décadas, incluindo Koffi Olomide, que produziu várias vezes. Produz músicos congoleses não só em Angola, como na própria RDC. Quanto ao músico Ferre, já o produziu em Angola, inclusive teve que pagar caução por ter sido preso pelo SIC por não cumprimento de um contrato, com outro produtor, em Mbanza Kongo.
Caças às arenas.
Em 1970, Tabu-Ley Rochereau foi convidado para produzir durante vários dias na mítica sala Olympia em Paris, marcando uma nova etapa da Rumba Congolesa na conquista do mundo, desde então todos músicos congoleses para atingir a plenitude, referem-se a este espectáculo. Nos anos 80, Abeti Masikini tentou aproximar-se da Olympia, mas produziu noutra sala famosa de Paris „o Zenith“ auxiliado pelo Pépé Kallé e Kester Emeneya. Para muitos artistas congoleses essas duas salas tornaram-se alvos a abater“.
Koffi Olomide atinge, o primeiro, no princípio dos anos 2000, o objectivo de produzir na Olympia e no Zenith, só que a sua performance foi de pouca duração, outros como Zaiko-Langa Langa, Papa Wemba, Kester Emeneya, Werrason, Felix Wazekwa, etc, produziram espectáculo nas mesmas salas, banalizando a sua importância. Para atingir a supremacia na música congolesa tem que produzir o impossível como foi no caso do Tabu-ley.
A seguir das salas míticas de Paris e de outras cidades da Europa, Koffi Olomide alvejou o estádio de Bercy em Paris, o que foi sucesso, mas os outros produziram igualmente no mesmo estádio, não aproveitou por muito tempo de ser o líder incontestável da Rumba.
Há dois anos, o empresário angolano de origem congolesa Laurent Sokoko Aguiar (na imagem) anunciou a iminência de um espectáculo na sala de luxo, U-Arena em Défense, na periferia de Paris. Semanas depois, os produtores de Fally Ipupa anunciaram igualmente uma produção na mesma sala mas sem data precisa. Ambos artistas entram em concorrência para produzir primeiro, sinónimo da superioridade. Finalmente Fally vence e produz primeiro nesta arena, afastando o Koffi nesta competição das arenas. O seu rival Ferre por não poder se produzir em U-Arena produz na Adidas Arena em Berlim e em Genebra. Desde então as arenas constituíram o “ring de boxe” entre os músicos congoleses onde todos golpes são permitidos.
Nesta corrida nas arenas, que consiste provar a sua superioridade, motivou Ferre a produzir na „Arena“ da Cidadela e ser primeiro, assim conservar o seu troféu (mais um).
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