Lúcas Ngonda – Sociólogo e político angolano

 

Data de nascimento: 1940. Naturalidade: Aldeia de Ki Mbengui Ngonda, Sanza Pombo, Uíge, Angola
No seio dos mais velhos da FNLA ficou conhecido como “o declamador de Carmona”, por ter sido ele, o escolhido para ler o texto da declaração de independência que o seu partido proclamou a 11 de Novembro de 1975, a partir da então cidade de Carmona (hoje Uíge). Ao serem expulsos das cidades, partiu para Paris, onde estreitou relações com Álvaro Holden Roberto, presidente do partido.
Foi o primeiro membro da FNLA a falar com Rosa Coutinho.
Após a abertura democrática, regressou a Angola e por intermédio de um tio, Muanza Venâncio de Moura, aproximou-se ao MPLA, passando a apoiar a filosofia de “fazer a guerra para acabar com a guerra”, pelo que se viu contrariado pelo “Velho”. Com apoio de alguns amigos, viu-se inspirado em modernizar a FNLA e incompatibilizou-se com Holden Roberto.
Na FNLA, Lucas Ngonda surgiu nas fileiras do movimento de Emanuel Kunzika, que viria mais tarde fazer uma fusão com a UPA. O seu falecido pai, Ka Mbengui Ngonda, era em si um militante da UPA/FNLA na aldeia em Sanza Pombo onde Lucas Ngonda nasceu, em 1940, tinha o seu próprio nome, Aldeia de Ki Mbengui Ngonda.
Aos 17 anos deixou a aldeia e rumou a Luanda, onde se matriculou no então Liceu Salvador Correia, tendo concluído o 3°. Ciclo.
Na capital do país, trabalhou como promotor de vendas da representação de produtos farmacêuticos Francophar Angola, foi Funcionário do Instituto do Café de Angola (ICA), Funcionário do Porto de Luanda e Funcionário da Direcção dos Serviços de Fazenda e Contabilidade até 1974, função que abandonou por efeito da decisão em seguir para o exterior devido ao ambiente de instabilidade política que se vivia em Angola.
A esta altura, Lucas Ngonda já estava, desde 1967, integrado na célula clandestina do núcleo regional de Luanda da FNLA. Dirigiu nesse período acções clandestinas como sindicalista e Comissário Político -Militar que actuava como grupo da clandestinidade em Luanda, a qual tinha correspondência directa com a direcção da FNLA em Kinshasa.
Foi através de Lucas Ngonda que, na sequência da aproximação entre os três movimentos, o Almirante Rosa Coutinho, da Junta militar portuguêsa, teve os primeiros contactos com a FNLA, em Agosto de 1974.
Ngonda era internamente conhecido como o mentor político das acções de guerrilha urbanas que a FNLA desenvolvia em Luanda. Teve participação na acção de simulação de um ataque a um avião de passageiros da TAP (Boeing 747), que se preparava para levantar vôo no então Aeroporto Craveiro Lopes (hoje Aeroporto 4 de Fevereiro). A acção obrigou as autoridades coloniais portuguesas a rubricar os Acordos de cessação das hostilidades militares com a FNLA, em 11 de Outubro de 1974, em Kinshasa. De acordo com informações competentes, a acção serviu também para desmitificar informações das autoridades portuguesas segundo as quais a FNLA era um Movimento sem implantação em Angola e, sobretudo, em Luanda.
Nesse período, Lucas Ngonda exerceu funções de Delegado Provincial da FNLA em Exercício até Março de 1975, altura em que foi nomeado para exercer as mesmas funções na província do Uige.
Durante a vigência do Governo de Transição para a independência, em 1975, Lucas Ngonda permaneceu como Delegado da FNLA na província do Uige até Janeiro de 1976, data de retirada do Partido da Cidade do Uige, devido à progressão das forças coligadas Cubanas/FAPLA.
Em Fevereiro de 1976, participou como delegado ao I congresso da FNLA em Kinshasa, onde foi indicado Membro do Comité Central e do Bureau Político e mais tarde nomeado Comissário Político Adjunto do Estado-Maior Geral do ELNA. Nessas vestes participou na reestruturação do exercito da FNLA, competindo-lhe deslocar-se no interior de Angola.
Em Março de 1978 acompanhou o líder do partido, Álvaro Holden Roberto, na região militar da Frente N°. 2, em visita de inspecção e de previsão de reimplantação de novas estruturas em lugares estratégicos.
Certa altura, ao regressar da Frente n°. 2, contraiu uma infecção pulmonar, o que impulsionou o seu envio para Portugal para tratamento, em Dezembro de 1978, onde foi acolhido pelos militantes da FNLA nesse país. Um destes militantes foi Onofre Martins dos Santos, com quem passou a colaborar na actividade de informação sobre a situação político-militar da FNLA no interior do país.
Dois meses depois seguiu para Paris, onde se cruza com Álvaro Holden Roberto, que acabava de ser expulso da República do Zaíre em consequência de um acordo entre o MPLA, as autoridades portuguesas e o regime de Mobutu Sesse Seko.
Em Paris, Lucas Ngonda, tornou-se num dos principais conselheiros de Holden Roberto. Acompanhava-o nas suas viagens de trabalho à Bélgica, Alemanha e Suiça, mantendo uma rede de informações sobre a situação da FNLA e de Angola junto das Instituições Europeias interessadas na política dos países do Terceiro Mundo e dos exilados angolanos na Europa.
Durante o seu exílio em Paris – França, matriculou-se no Instituto de Estudos Económicos e Sociais, tendo-se formado em sociologia geral. Fez dois mestrados. Matriculou-se em 1991 para o doutoramento, que interrompeu por motivos de regresso ao País. Registou-se mais tarde pela Universidade de Paris.
É desde 1993 Professor na Universidade Agostinho Neto, onde já exerceu as funções de Vice-Director para Assuntos Científicos e actualmente é Chefe do Departamento de Ciências Sociais, da Faculdade de Economia.
O seu trajecto denota que Lucas Ngonda fazia parte das preferências de Holden Roberto para a linha de sucessão na liderança do partido.

Fonte:http://angola-luanda-pitigrili.com/

Comentário

Seja o primeiro a comentar

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado.


*


Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.