Por Sebastião Kupessa
Bileku Mpasi é um dos melhores músicos africano, excelente dançarino, autor-compositor,
Muana Damba: Kyambote kyaku mpangi Bileku Mpasi.
Bileko Mpasi : Kyambote kyaku, ntondele mpangi’ama, savo nfyaukidi mono mutu.
Numa canção com o título “Atinze muana popi” saudastes os habitantes de alguns municipios do Uíge, quero saber porque?
Damba é região onde nasceu a minha avó, da parte materna, ela cantava muito esta localidade e outras da mesma regiâo e eu aprendi a cantar com ela. Esta parte do “Atinze muana popi” é um extrato de uma canção da Damba. Para render a homenagem à minha avó, citei os Bana Damba, onde ela era natural.
Não és natural da Damba?
Não,como já disse só a minha avó é da Damba. Eu sou congolês. O meu pai é congolês e a minha mãe também é congolesa da parte do pai dela, mas angolana pela parte da mãe, repito.
Podes indicar a aldeia onde nasceu a tua avó?
Ela nasceu no Sala Mbongi.
Então não conheces Damba, nunca fostes lá?
Gostaria, mas nunca cheguei lá. Este ano fui até ao Uíge, mas não tive tempo de visitar Damba.
Mas reconheces, ao menos, que foi graças ao rítmo da Damba que és considerado como um artista confirmado a nível africano?
Sem dúvida nenhuma, Pépé Kallé chamou-me para integrar o grupo dele, sabia porque. Com a minha vôz fiz a introdução da animação como na conhecida canção “Yaya Londa” em kikongo que se animava assim: “Eh kiula ka mbizi a diako ngeye wudidi ?” Com a minha contribuição , o Empire Bakuba, o meu antigo conjunto musical, sagrou-se campeão de África e das Antílhas. Este rítmo constituiu a base da sustentação deste conjunto nos último dez anos. Mas isto não quer dizer que o Empire Bakuba tornou-se célebre com a minha entrada, antes de mim o Empire já era conhecido. Muitos não sabem que Empire sagrou-se melhor Agrupamento Musical do terceiro Mundo, destronando os Kassav e eu sagrei-me melhor animador, voltamos com duas taças e eu conservo a minha até hoje.
Porque Empire bakuba é influenciado pelo rítmo tocado no norte de Angola ?
Pépé Kallé tinha sangue angolano. Era 25% angolano como eu. Um dos seus avôs era angolano da Damba, não posso precisar a aldeia da origem, apesar de ser da etnia Luba. Não era segredo para ninguêm, todo mundo sabia.
Falas bem kikongo e dominas o rítmo bazombo, é incrível para quem viveu todo tempo em kinshasa, onde aprendeu tudo isto?
O meu tio com o nome de Nkofi, era productor da música Konono e um destes grupos, o Konono de Mbuta Pierre, fazia repetições em casa onde viviamos. Foi ali onde aprendi.
Luambo Makiadi “Franco de mi amor”,cantava em kikongo a vontade, porquê a nova geração de cantores bakongos congoleses evitam cantar nesta língua, como o teu caso?
Obrigado pela pergunta, não significa que desprezamos a nossa língua, o kikongo. Como sabes a minha animação é feita em kikongo, mas cantar nesta lingua materna nunca pensei. Agora já que me fizestes pergunta, no futuro vou compor uma música em kikongo.
Em Angola o rítmo que está fazer sucesso é o Kuduro, que não está longe do teu.
Aprecio muito o kuduro angolano, que hoje é conhecido no mundo inteiro. Felicito todos Kuduristas angolanos pelo trabalho artístico realizado. No meu próximo álbum, com o título Foudre, comporta uma canção com o estilo do Kuduro.
A cançâo do Kuduro será composta toda em língua portuguesa ?
Não. Se notastes, algumas das minhas animações estão em português (depois de uma pausa, cantou em português, com risos).
Então falas português?
Não, traduzem para mim.
Viajas frenquentemente para Angola?
Claro que sim. A primeira vêz que eu fui para Angola, foi em companhia do Pépe Kallé, em princípio dos anos noventa. Os bakongos de Luanda e os angolanos em geral me acolheram muito bem, todos queriam saber da minha vida, da música. Visitei muitos deles, é pena que não consegui honrar os convites de todos. Lembro-me no Soyo, na província do Zaire, fui recebido com euforia total, um velho veio se ajoelhar aos meus pés chorando de nostalgia, afirmando que eu era incarnação do rítmos dos nossos antepassados. Esta cena marcou-me muito.
Falando deste rítmo do Konono tocado com kissange e batuque, fez sucesso na Europa, com a viagem naquele continente do konono n° 1 de Mbuta Minguiedi Laza. Os seus espectáculos foram impressionantes, até chegou a gravar com a cantora excêntrica islandesa Björk. Isto quer dizer que Mbuta Minguidi Laza entrou no World Music sem esforço nenhum. A música congolesa é uma música tocada ainda no guetho. Não pensas entrar no World Music?
Nós temos rítmo para entrar no Word Music, o son que produzimos agrada todo continente africano até nas Antílhas. O rítmo rumba é conhecido no mundo inteiro, como o Papa Wemba que toca a mesma música, é famoso na cena internacional, se muitos de nós, não somos ainda conhecidos, o que nos falta é a promoção. Nós dependemos de productores, que por sua vêz vendem os nossos productos sòmente aos africanos. O nosso rítmo pertence o World Music.
Quem conselho pode dar aos uigenses da diáspora?
A minha messagem é para todos africanos que vivem na Europa: Não devemos esperar o estrangeiro para ajudar a África, pois ajudar desenvolver a sua região de origem, deve ser prioritário a todos africanos, inclusive aos angolanos em geral.
Bileku Mpasi, os nossos agradecimentos.
Eu te agradeço, saudações a todos angolanos em geral e os Bana-Uíge em particular.
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