COESQUIMA, Complexo Escolar 15 de Março no Congo-Kinshasa – Uma escola revolucionária angolana no exílio.

Manuel Kunzika, à esquerda, fundador da COESQUIMA

Por David Kisadila

DATA DE 15 MARÇO NA MINHA MEMÓRIA

Hoje 15 de Março, lembrei-me desta data na sua dimensão educacional, foi no COEQUIMA, Complexo Escolar Quinze de Março no Congo-Kinshasa onde na condição do filho do refugiado angolano naquele país e muitos angolanos, recebemos a formação e a educação. A visão era formar os angolanos para um dia serem eles próprios servir para os destinos do país. Estavamos numa época revolucionária porque a nossa terra Angola, estava sob domínio colonial portuguesa.

No Coesquima não só ensinva os conhecimentos científicos mas também a educação patriótica, ou seja, homens preparados para amar a pátria e libertar-se do jugo colonial português. O sentimento de pertença da pátria criará em nós o espírito revolucionário para a libertação de Angola e a exaltação do patriotistimo porque para nós, era uma forma de juramento para nunca mais colonialismo, porque vivíamos os efeitos de sermos pessoas sem terra.

Foi nesta escola criado por Emanuel Kunzika, presidente do PDA, que fundiu com a UPA para formar a Frente Nacional de Libertação de Angola- FNLA. Inicialmente em 1962, a escola recebia refugiados angolanos em Kinshasa e designava-se IESA, Instituto do Ensino Secundário de Angola, funcionava no Focobel, uma zona onde havia muitas lojas dos portugueses.

Sanda Martins, um dos fundadores da FNLA, em 1962

Com cerca de 8 sala de aulas cedidas pelo empresário e membro da Direcção do PDA, Sanda Martins, un dos que contribuirá para a viagem do Emanuel Kunzika, o primeiro Angolano que discursou na Assembleia das Nações Unidas, onde apresentara uma petição sobre a descolonização de Angola em 1961.

Em 1973, esta escola passou a ser chamada Coesquima , Complexo Escolar Quinze de Março, saiu das antigas instalações para o Bairro Kimbango, Comuna de Kalamu, próximo do mercado Kalé Banzanzi . Lá formaram muitos técnicos médios nos cursos de pedagogia, comercial, Mat-física, bio-Química, literatura e philo-latim.

Os alunos que lá se formaram, muitos destes beneficiaram de bolsas de estudos dos refugiados para a formação superior na Europa, Asia, América, África e os restantes estudaram nas universidades do Congo Democrático.

Esta escola tinha outras ramificações nas comunas onde residiam muitos angolanos, como na Comuna de Kisenzo, Kimbanseke e Makala e mais tarde no Selembao.

Foi nesta escola onde fiz parte do movimento escutista pertencente ao Agrupamento “Unité Mobil”, com o Chefe de Agrupamento Engenheiro Diakiesse da família Vetokele que vive actualmente em França. Nas outras escolas haviam agrupamentos Roberto, Finuni, etc.

Estas escolas pertenciam ao GRAE, Governo Revolucionário de Angola no Exílio e o encarregado da educação era o irmão Pedro Ngadimpovi, que faleceu de acidente de viação quando em missão de serviço visitava as escolas dos refugiados ao longo da fronteira Angola-RDC. O seu óbito decorreu na sua residência na Comuna de Kasa-Vubu, entre Avenida Asosa e a rua Banalia n° 14 e foi enterrado na sua terra natal em Maquela do Zombo, na véspera da constituição do Governo de Transição em Angola e foi subsituido por Joseph Tupa.

Hoje tenho ouvido que aquelas nossas instalações escolares passaram como propriedade do Estado Congolês passando a ser designsdo Instituto Kimbangu.

Nostalgia do tempo da revolução no Exílio.

 

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