Sucessos de Teta Lando recordados em concerto

Por Manuel Albano

O resultado de várias décadas de carreira artística do músico Teta Lando, são apresentados ao público em mais uma edição do programa Show do Mês, em dois concertos que se realizam amanhã e sábado, às 21h00, no Royal Plaza, em Luanda.

Os maiores sucessos de Teta Lando vão ser recordados nas vozes dos cantores Kyaku Kyadaff, Alexandra Bento, Jojó Gouveia, Jay Lourenzo e Érica Nelumba, disse ontem  ao Jornal de Angola o porta-voz da Nova Energia, empresa promotora da iniciativa.

Nelson Cantos explicou que os músicos e a banda residente estão a ensaiar desde a semana passada, por formas a garantir dois concertos à dimensão artística de Teta Lando. “O mesmo procedimento que tem sido recorrente nas edições anteriores, vai ser o mesmo a ser utilizado nesta  edição, por forma a criar um ambiente saturar, de recordações e muitas surpresas aos espectadores.”

Os espectáculos, que têm a duração de 1h45, de acordo com Nelson Cantos vão ser interpretados 22 temas, passando pelos vários sucessos do homenageado do mês de Agosto. “Os fiéis espectadores do projectos já solicitavam há muito um espectáculo de homenagem a Teta Lando, para o crescimento e divulgação da cultural angolana, em particular dos bakongo”, disse, para garantir que está tudo bem encaminhado para proporcionar momentos inesquecíveis e de boa música aos espectadores. “Já temos praticamente os bilhetes esgotados. Há uma procura muito grande desde o anúncio do cartaz desde mês, o que mostra a grandeza da figura de Teta Lando”.

Alberto Teta Lando nasceu em Mbanza Kongo, capital da província do Zaire, no dia 2 de Junho de 1948, numa família de 32 irmãos, entre os quais  o músico  e compositor Teta Lágrimas.

O compositor,   com letras de ouro  na história da Música Popular Angolana, morreu em Paris em 2008. Durante os últimos anos de vida, ele conseguiu voltar a  unir  um grupo de muitos músicos angolanos.

Ele começou a sua carreira artística na década 1960, actuando em férias escolares de finais de ano. Escreveu a sua primeira canção em 1964, intitulada “Kinguibanza” e tornou-se famoso entre 1965 e 1966 quando gravou o primeiro “long play”. Alberto Teta Lando foi um dos membros fundadores dos Merengues, antes de entrar para o Show África. A sua música está focada na identidade angolana, a guerra, as saudades (nostalgia e melancolia) de exilados angolanos, assim como o amor ao próximo e à família.

Entre várias distinções, Teta Lando teve a honra de ser distinguido, pela então Companhia de Discos de Angola (CDA), de Sebastião Coelho, com o “Disco de Ouro” 1974, por ter vendido mais exemplares no ano que antecedeu à Independência Nacional. O álbum premiado foi curiosamente “Independência”, lançado no mesmo ano, em LP (long play). O suporte instrumental da obra esteve a cargo do agrupamento “Merengues” de Carlitos Vieira Dias, “guitarrista que acompanhou Teta Lando nos principais momentos da carreira”, escreveu Jomo Fortunato no Jornal de Angola.

No mesmo ano, a Companhia de Discos de Angola (CDA) distinguiu o single “Bartolomeu”, de Prado Paim.

Teta Lando cantou tanto em português  como em kikongo, a sua língua materna. É autor de um livro respeitado que inspirou outros músicos angolanos, como Bonga, Patrícia Faria, Kyaku Kyadaff e Paulo Flores. Entre as suas canções mais conhecidas estão “Irmão, amar o seu Irmão” e “Eu Voltarei”. É também autor de “Negra Karapinha Dura”, “Eu Vou Voltar”, “Um Assobio Meu”, entre outras canções de referência no mercado musical angolano e internacional.

Alberto Teta Lando foi eleito, no dia 12 de Maio de 2006, Presidente da União Nacional de Artistas e Compositores (UNAC-SA), agremiação artística angolana na qual desenvolveu importantes projectos em defesa da dignidade social da classe artística angolana.

Um percurso artístico realmente notável

Em Paris, Teta Lando tornou-se um dos grandes defensores e promotores da música angolana e voltou definitivamente ao país em 1989, depois de participar na primeira edição do Festival Nacional da Cultura (Fenalcut), no Estádio Nacional da Cidadela, em Luanda.

Durante mais de 20 anos de carreira, ele aprendeu a viver da música antes de abraçar a carreira do empreendedor cultural. Criou a “Makino” e a “Teta Lando Produções”, empresas responsáveis pela produção de vários trabalhos discográficos de artistas e grupos musicais angolanos.

Teta Lando grava, pela primeira vez, “Luginguluami” (minha vivência), em 1968, com 23 anos, depois de uma estada de cinco anos em Portugal, onde chegou em 1963. Seguiram-se alguns singles que registaram êxitos como “Mumpiozo uami” (um assobio meu) e “Tata nkento”. Em 1973 grava o tema “Kimbemba”, canção de referência obrigatória na carreira artística de Teta Lando. Segue-se, em 1974, o álbum “Independência” (disco de ouro), a última obra gravada por Teta Lando antes da sua partida para o exílio, em 1975, em França, gravado com o agrupamento “Merengues” de Carlitos Vieira Dias, guitarrista que acompanhou Teta Lando nos principais momentos da carreira. O álbum “Independência” foi o primeiro lançamento da CDA (Companhia de Discos de Angola), de Sebastião Coelho, e marca a personalidade de um artista preocupado com os destinos de Angola, entendido como país emancipado do sistema colonial.

O álbum “Esperanças idosas” (1993), último trabalho de Teta Lando, atingiu o primeiro lugar no “top” do continente africano, durante dois meses, e foi escutado, durante três meses, nos voos da “Air France”. “Esperanças idosas” foi um trabalho que apareceu no mercado e que interessou, de imediato, as pessoas, justamente, pela sua qualidade melódica e harmónica, coisa que em termos de música angolana não se estava muito habituado. “Esperanças idosas” marcou a diferença, pelo desempenho dos músicos, a nível da execução instrumental.

 

Via JA

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