Por Sebastião Kupessa
Esi Tsôso, Besi Ntsôso ou simplesmente Bansoso é um importante sub-grupo Kongo, que habita no centro da província do Uíge.
O que hoje se chama aldeia ou regedoria Nsoso, situada há alguns quilómetros, a leste da vila antiga do 31 de Janeiro, actualmente, sede da comuna do Nsoso, foi na realidade uma importante localidade no tempo do Reino do Kongo que alguns historiadores atribuem a categoria de uma província ao mesmo título que o Zombo, Soyo, Nkusu, Lwangu, Wandu, Pumbu, etc.
Durante séculos da existência do reino dos Homens-Caçadores de leopardos (Kongo), sobas do Nsoso foram potentes conselheiros do Rei do Kongo e forneciam o essencial dos militares que defendiam o reino em caso de uma invasão.
A ORIGEM DOS BANSOSO
Tal como os seus primos Yaka, os Nsoso vieram da Lunda. Na sua migração, atravessaram o Kasayi e Kwilu para se instalar à margem esquerda do rio Kwango, onde fundaram os mazumbu num vasto território que vai de Makokola até ao centro da Damba. Do Songo até Kimbele, cujo o centro se situava no Mbanza Nsoso.
Os BANSOSO HOJE
Mesmo se o nome do Nsoso é reduzido a uma comuna do município da Damba, os Bansoso habitam a maioria parte do território da actual província com o cheiro de café. Ao contrário que se pensa, apesar do seu prestígio, os Bazombo não constituem a maioria, como subgrupo Kongo na província do Uíge, mas sim os Bansoso.
No Uige existem muitos subgrupos Kongo, como Bayaka, Basuku, Besikongo, Basolongo, Bazombo, Bawungu e Bandembu (Kimbundu). Dos 16 municípios que compõem o Uíge, sómente 6 que não são habitados pelos Bansoso, citamos Negage, Kitexe, Alto Kawale, Bembe, Ambwila e Zombo. Os municípios dos Bwengas, Makokola e Sanza Pombo (os Pombo, são bansoso), são habitados inteiramente pelos bansoso. Os municípios do Bungu, Púri, Songo e Mukaba, os bansoso ocupam 2/3 dos seus respectivos territórios. Os municípios de Kimbele e da Damba, os Nsoso representam 1/3 da sua população. Enquanto no município-capital da província, mas de metade dos habitantes são originários do Nsoso antigo.
NSOSO NA HISTÓRIA DO REINO DO KONGO.
Na famosa Batalha de Mbwila, foi o Nsoso que forneceu o essencial dos makesa (militares) que combateram ao lado do Rei Vita a Kanga “António 1°”. Depois da derrota, o Nsoso desconectou-se do poder central de Mbanza Kongo, que pràticamente cessou de existir. Nsoso constitui-se um reino a parte, segundo o historiador Dr. João Disila.
Antes da ocupação da Damba em 1911, pelos portugueses, o Soba principal do Nsoso, Mbianda Ngunga, sob a instigaçâo do Soba Namputu na Damba, formou uma coligaçâo com o soba Nkama Ntambu para cobrar o imposto aos comerciantes em passagem na região, inclusíve aos europeus, que na realidade era um “blocus”, contra os estrangeiros. Este embargo continuou com o soba Nzawu a Mbakala.
Os portugueses que utilizavam uma peça de morteiro “Nordenfeldt” como arma de disssuação, neutralizam com facilidade a resistencia na Damba e penetraram no nsoso. Mas o Soba Mbyanda Ngunga, vai se bater contra a tropa portuguesa no Pombo, onde vingou-se, derrotando-os numa batalha que durou 3 meses, matando oficiais do exercito português, em 1913 (ver: https://wizi-kongo.com/o-heroismo-do-soba-mbyanda-ngunga/). Sem esquecer outro soba do Nsoso, Makabongo, que assediou a forteleza do Kimvuenga no Songo durante 6 meses.
OS BANSOSO famosos.
Na luta da libertação nacional, muitos Nsoso combateram em varios movimentos de libertação, sobretudo na FNLA. Muitos escreveram os seus nomes com o seu sangue no livro da historia da libertaçâo nacional, alguns fundaram partidos politicos, como Angelino Alberto, do Ntobako; Dr. José Miguel Manuel e do Nzuzi Nsumbu do PSD, Lucas Ngonda e Lais Eduardo da FNLA.etc. Outros foram ministros como Delfim de Castro, Venâncio de Moura. E activistas como Alberto Tunga e o editor Arlindo Isabel.
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