60.º ANIVERSÁRIO da Base Aérea n.° 3 (AB3), Negage.

Por Jaime Gabriel

 

11 de Fevereiro de 1961 – 11 de Fevereiro de 2021, 40.º ANIVERSÁRIO DA ENAM CDTE. BULA, FAPA/DAA.

1. A Génese da Base Aérea n.° 3 (AB3), Negage.

Na sequência de estudos levados a cabo pelo Estado-Maior da Força Aérea, a partir de 1957, deslocaram-se a Angola várias missões da Força Aérea com o objectivo de ali implantar algumas infra-estruturas aeronáuticas. Umas dessas missões, chefiada pelo Gen. Viana Tavares, dirigiu-se ao norte da Província, tendo procedido à observação detalhada da zona próxima da cidade de Carmona.

De regresso a Luanda, a fim de continuar os estudos relativos àquele assunto, foi aquela missão procurada por uma representação do Negage, indicando a existência de um local apropriado junto àquela Vila, e oferecendo total colaboração das suas gentes para a edificação de uma futura Base Aérea naquela região.

No seguimento daquela diligência, o General Viana Tavares sobrevoou a área, percorreu-a de viatura e concluiu que, de facto, o Negage reunia as condições requeridas. Estava escolhido o local da implantação do futuro Aeródromo Base Nº. 3 que veio a ter existência legal, através da publicação do DL 18029 de 31 de Outubro de 1960.

Os trabalhos para a construção da pista do Negage começaram em meados de 1960, por uma equipa chefiada pelo Asp. Milº. Engº. de Aeródromos, Lousada Borges Pinto. Quebrada a inércia, começara os movimentos de pessoal e material. Em princípios de Setembro de 1960 chegam ao porto de Luanda os primeiros aviões destinados ao AB3: quatro Austeres, logo reduzidos a três, por acidente durante a descarga de um deles.

Por portaria de 31 de Dezembro de 1960 foi nomeado primeiro comandante do AB3, o então, Maj. PilAv Augusto Soares de Moura. De acordo com as directivas do Chefe do Estado-Maior da 2ª. Região Aérea, Ten.Cor. Lopes Magro, o Ten.Cor. Soares de Moura, procede à transferência dos Austeres para o Aeroporto Craveiro Lopes, em Luanda, onde são montados pelos serviços da DTA. Ao mesmo tempo, organiza a instrução e procede ao enquadramento do núcleo de pessoal que, entretanto, continuava a chegar.

Pouco depois, o Comandante da 2ª. Região Aérea, Brigadeiro Pinto Resende, ordena que o núcleo do AB3 se instalasse no Norte, o mais rápido possível. A arrancada tem lugar no dia 13Dezembro de 1960 em direcção à cidade de Carmona, dada a impossibilidade de utilizar ainda o Negage e as parcas condições do Toto, São Salvador e Maquela do Zombo.

Seguiram quatro Austeres, quatro pilotos (Ten.Cor. Soares Moura, Alf. Negrão, Saeg. Carvalhão e Sarg. Mesquita) e quatro mecânicos (Sarg. Rúbio, Sarg. Gusmão, Cabo Paiágua e Cabo Antunes). Por terra, em duas viaturas, seguiu o restante pessoal (Ten. SG Maia e os condutores Guerra e Fernandes) e material. Logo no dia seguinte, perante a curiosidade das populações, iniciam-se os voos de familiarização com a área. Cerca de uma semana mais tarde, ocorrem os distúrbios na Baixa do Cassange, e os aviões do AB3, dirigindo-se a esta área, colaboram com uma companhia de Caçadores Especiais sob o comando do Cap. Teles Grilo.

Poucos dias depois, com a situação já mais calma, os aviões regressam a Carmona,. Porém, esta segunda estadia seria também curta.

2. Dia 7 de Fevereiro de 1961, dia da inauguração da AB3, e passaria a ser o “DIA DA UNIDADE”.

Em 4 de Fevereiro de 1961 chegam novas ordens: “Destacar para Malange, na manhã de 6 de Fevereiro todos os aviões disponíveis a fim de realizar missões de ligação em proveito das autoridades administrativas e das forças terrestres estacionadas na área” e “levar a efeito missões e esclarecimento às colunas em marcha”.

Seguiram dois Austeres em 6 de Fevereiro e outros dois em 8 de Fevereiro pois, dado existirem já aproximadamente 1000 metros de terreno bem compactado, na berma da futura pista, fora decidido mandar o núcleo instalado em Carmona para o Negage, marcando-se a “inauguração” para o dia 7 de Fevereiro de 1961.

Nessa manhã. Dois Austeres pilotados pelo Ten.Cor. Soares de Moura e Alf. Corte Real Negrão, pousam pela primeira vez em terras do Negage, logo seguidos por um Nord comandado pelo Maj. Krug que trazia a bordo vários convidados e o CEM da 2ª. Região Aérea em representação do Comandante, que decidira ficar em Luanda, devido aos distúrbios que aí se haviam verificado em 3 e 4 de Fevereiro de 1961.

A inauguração foi celebrada com um almoço no Grande Hotel do Negage, estando presente o Governador do Distrito e muitas outras autoridades distritais e concelhias. A partir daqui, o dia 7 de Fevereiro passaria a ser o “DIA DA UNIDADE”.

A par da base do Negage, foram construídas, na mesma altura, as bases de Saurimo, na província da Lunda-Sul, e a de Kamina, na República Democrática do Congo.

3. 11 de Fevereiro de 1981, data da Criação da Escola Média Nacional de Aviação Militar, Comdte Bula, Negage.

Em 11 de Fevereiro de 1981, foi criada a Escola Média Nacional de Aviação Militar e extinta a Base Aérea n.° 2, em Cerimónia em que o Comandante Ciel Cristovão da Conceição “Gato” procedeu a abertura e finalizou o Comissário Provinvial do Uíge, Manuel Quarta Punza.

Foram criadas as condições para a tornar num centro de formação. A base foi modernizada e transformada na Escola Nacional de Aviação Comandante Bula, em homenagem ao Comandante guerrilheiro da luta de libertação nacional José Manuel Magalhães Paiva (Bula), tendo de imediato recebido os primeiros cadetes que frequentaram os cursos de helicópteros e aviões, com instrutores romenos e toda a tecnologia também romena da IAR (Indústria Aeronáutica Romena). A escola também ministrava cursos de instalação de aparelhos eléctricos e técnicos de bordo e de pára-quedistas. Para acomodar os quadros militares e civis que trabalhavam na escola, foi construído um condomínio com mais de 20 residências. Os aviões de instrução eram os IAR – 823 , os helicópteros eram cópias dos Allouetes (IAR-316) e os BN2, as viaturas de apoio técnico eram também de tecnologia romena e posteriormente os helicópteros Mi-8 e Mi-17 e caças Mig-21.

Os instrutores eram de nacionalidade romena, com cerca de 150 especialistas, entre professores, técnicos, mecânicos para orientação dos cursos, que contribuíram para o aperfeiçoamento e melhoramento da capacidade técnico-operacional dos formandos. A Catedral de preparação técnica de aviação compreendia as especialidades de aeronaves e motores, armamento de bordo, rádio, electricidade, oxigénio e outras como a de logística e estado-maior, energético e emprego combativo. Para acomodar os quadros militares e civis que trabalhavam na escola, foi construído um aeródromo na vila do Negage e um condomínio com mais de 20 residências.

De 1981 a 1991 a instituição escolar sobre aeronáutica militar formou cerca de mil 631 especialistas. A pista do aeroporto do Negage possuía cerca de 2.600 metros lineares, área de instrução técnica, hangares-oficinas (onde eram feitas reparações e fabricação de pequenas peças de substituição), um museu aeronáutico, aérea de pára-quedismo e um hospital que atendia as necessidades dos militares e civis do município.

4. Comandantes da Escola.

Foram Comandantes Ângelo Contreiras da Costa (Bonga Diaço) já falecido, Cristovão Miguel da Silva Júnior, Tenente-General, Carlos Martins Xavier de Pina, actualmente Tenente-General reformado e Armindo Coelho Júnior (Pancho), actualmente Coronel.

Camaradas e Companheiros de Trincheira, considero este humilde trabalho, um pequeno subsídio, a maior parte das fontes vivas felizmente ainda estão connosco. Honra e Glória aos Verdadeiros Heróis desta Pátria Querida!!!

Fonte: facebook/Gloriosas FAPLA

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