Angola: O ‘Jazz’ do Norte (II)

Os conjuntos do Norte de Angola, muito profissionais e ligados ao desenvolvimento musical do Congo e do Zaire, fizeram sucesso junto dos luandenses e influenciaram bastante os guitarristas.

Super Coba, a mais famosa orquestra de Cabinda, tinha tambem prestigio no Congo Brazaville e no Zaire. Ficou uma temporada em Luanda. Tinha vinte e cinco elementos, metais, bateria, quarto violas, e um vasto reportorio em Lingala, Kikongo, Frances, Ingles e Portugues. Eram caracteristicas suas musicas longas com paragens e mudancas de ritmo. Tambem tocavam musicas de Otis Redding e James Brown. Dominavam muito bem a orquestracao e a instrumentacao era muito trabalhada. Finpantima tem sopros muito singulares.

Finpantima – Super Coba (1973)

Cabinda Ritmos chegou a Luanda e gravou nos estudios da Radio Voz de Angola, com Artur Arriscado, Café, uma musica muito celebre de Franco. Dionisio Rocha convenceu-os a ficar na capital onde fizeram muito sucesso. Cantavam em Kikongo musicas de Cabinda com influencias do Congo Brazaville.

Celestina – Cabinda Ritmos (1973)




Ngoma Jazz, formado em Luanda por musicos vindos do norte e pertencentes ao Quinteto Angolano, tocava na Igreja Tocoista e produzia-se tambem nos espectaculos de Luis Montez. Os percussionistas luandenses Magololo (tumbas) e Caetano (bongos) integraram periodicamente o Ngoma Jazz cujo reportorio era em Kikongo e Kimbundu.

Belita Kiri-Kiri – Ngoma Jazz (1973)

Paulino Pinheiro canta em Kikongo. Merengue Rebita, danca muito tipica do repertorio dele, foi um sucesso. “Helena meu amor, vamos dancar o merengue rebita”…

Merengue Rebita – Paulino Pinheiro (1973)




As letras dos sembas e dos lamentos de Antonio Paulino eram notaveis. Gienda ya Mama tornou-o muito popular pela intensa expressividade da letra e da musica. “Estou a ver a minha pobreza, e por isso choro.” A tristeza e a sensacao de solidao apos o falecimento da mae foram ressentidos pelo publico angolano como uma exteriorizacao do sofrimento que se vivia naquela fase colonial. A emocao tambem e’ suscitada pela execucao dos Jovens do Prenda, com a musicalidade influenciada pelo estilo do Congo-Zaire.

Gienda ya Mama – Antonio Paulino (1973)




Africa Show, foi formado em 1969 por Jose’ Massano Junior, percussionista e tambem dancarino espectacular. O grupo, que acompanhou Ze’ Viola e Teta Lando, foi o conjunto mais moderno da epoca, introduzindo as violas electricas, o orgao (Tony Galvao) e os sopros (Nando Tambarino). Acabou em 1975 por razoes ligadas ao conturbado ambiente politico. Massano foi para o Zaire, regressou a Luanda em inicio dos anos 80, integrando o conjunto Primeiro de Maio. As Meninas de Hoje foi um grande sucesso: “Menina nao quero confianca. Primeiro falamos com os teus pais. Senao vamos arranjar problemas”.

Fonte: http://koluki2.blogspot.ch/2010/04/angola-o-jazz-do-norte-ii.html

Comentário

Seja o primeiro a comentar

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado.


*


Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.