Defendida vacinação dos animais de estimação 22 de Maio, 2018

Muitos cidadãos respondem ao apelo para levarem os cães aos postos de vacinação Fotografia: Eunice Suzana| Edições Novembro | Uíge

Por António Capitão

Pelo menos quatro pessoas morreram no Hospital Geral do Uíge, de Janeiro a Abril do corrente ano,  com o diagnóstico de terem contraído raiva depois de serem mordidas por animais contaminados com a doença, revelou ontem, ao Jornal de Angola, o chefe do departamento dos serviços de veterinária da direcção provincial da Agricultura e Florestas.

Abreu Cumuelo disse que os dados foram reportados ao seu departamento pela direcção do Hospital Geral do Uíge, que tem manifestado, constantemente, preocupação com o número de pessoas contaminadas com raiva que acorrem àquela unidade sanitária em busca de tratamento.

Para o médico veterinário, o número de mortes por raiva na região pode ser superior ao reportado pelas autoridades sanitárias, pela possibilidade de haver casos em que as vítimas não se dirigiram às unidades sanitárias para se diagnosticar a doença e falecerem nas suas comunidades. Além de lamentar  as mortes que têm ocorrido na província devido à doença, o responsável dos serviços de veterinária na região criticou o comportamento de muitos citadinos em não recorrerem aos serviços de veterinária ou unidades sanitárias para serem vacinados logo que sejam mordidos por animais.
“É lamentável que as pessoas ainda continuem a morrer de raiva quando nós e os hospitais possuímos doses de vacinas suficientes para imunizarmos as pessoas que sejam mordidas por cães, gatos, macacos e outros animais que podem ser portadores destas doenças”, disse.
Abreu Cumuelo informou que outra preocupação do sector é a existência de muitos animais vadios nas ruas da cidade do Uíge, sublinhando que este facto faz com periodicamente sejam informados pelas autoridades sanitárias sobre casos de óbitos por raiva causados por mordedura de cães que os seus donos não observam os cuidados exigidos para a criação dos mesmos, como é caso da contenção destes nos quintais.

“Do estudo que efectuámos, a falta de alimentação, água para o consumo e residências sem muros de vedação estão na causa da existência de muitos animais na rua, sobretudo cães e gatos. Outro problema está com os utentes da via pública, principalmente as crianças, que apedrejam os cães nos momentos de acasalamento, enfurecendo os bichos que, como retaliação, atacam as pessoas”, disse.

No ano passado, acrescentou, o serviço de veterinária deu início à campanha de recolha de animais vadios, mas o processo teve que ser interrompido divido ao estado degradado em que se encontra o canil-gatil localizado na aldeia Quissanga e também da avaria registada na carrinha adaptada para o transporte dos bichos.
“Estamos a procurar encontrar mecanismos para podermos reabilitar o canil-gatil e recompor a viatura. A Administração Municipal do Uíge também preparou um tractor para o transporte de animais, o que faz crer que depois de reabilitada a infra-estrutura de detenção dos animais vamos poder manter as pessoas a salvo e a cidade sem animais a deambularem pelas ruas,” referiu.

O médico veterinário é de opinião que as pessoas que possuem cães, gatos, macacos ou outros animais de estimação e não têm condições para os alimentar e abrigar, devem entregar estes bichos à administração municipal para que sejam postos no canil-gatil e os doentes que sejam sacrificados ao abate.

Abreu Cumuelo pediu à população maior atenção na compra de carne bovina, caprina e suína, abatidas em fazendas e em outros locais impróprios, pelo facto de muitos criadores optarem pelo abate apenas de animais doentes ou venderem carne de animais encontrados já mortos em seus currais e pocilgas.
“Hoje os criadores optam por vender apenas os animais doentes. Daí a necessidade de a população ter mais cuidado com a qualidade da carne que compra para o consumo, tendo em conta que pode estar contaminada com zoonoses, tuberculose, raiva e outras doenças que podem ser transmitidas para o homem e causar a morte”, disse.

 Vacinação animal
O responsável dos serviços veterinários  disse que o programa de vacinação para animais de estimação na cidade do Uíge é ininterrupto. Existe um posto fixo que funciona naquele departamento onde até agora já foram vacinados 3.187 animais, entre cães, gatos e macacos. O posto de vacinação tem, nesta altura, carência de doses de vacina, situação já reportada à direcção-geral do Instituto Nacional dos Serviços de Veterinária.

Avançou que está previsto para o final deste mês o início da campanha de vacinação do gado e outros ruminantes, com a previsão de serem vacinados mais de 11 mil cabeças de bovinos e 58 mil de caprinos, assim como os animais de estimação que vão ser encontrados nas fazendas e quintas.
“A nossa principal dificuldade é o número reduzido de técnicos que este departamento possui, com apenas seis, o que tem obrigado a um redobrar de esforços para fazer”, lamentou.

Os serviços de veterinária da Direcção Provincial da Agricultura e Florestas  do Uíge têm nos seus registos o cadastro de 11.074 cabeças de gado bovino, 30.955 suínos, 59.225 caprinos, 25.586 ovinos e 118.904 aves.

Via JA

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