Por: M.Sc. Reinaldo João Tomás
Introdução
O ser humano não é um ser estático por excelência. Por isso, sempre levou um estilo de vida dinâmico que o levou e leva à descoberta de tudo quanto necessita para sua sobrevivência. Para tal sobrevivência transporta sempre consigo um dos recursos de vital importância – o uso da língua, a língua articulada. É nesse quadro que o kizombo sendo um dialecto da língua bantu kikongo, hoje em todas as suas latitudes, apresenta no seu léxico elementos oriundos de outros continentes, mormente os do francês. Tudo isso, graças ao intercâmbio, a vários níveis, existente entre os povos. Duma forma geral, pode-se mesmo aferir que são raras as línguas deste planeta, hoje em dia, que no seu seio não albergam empréstimos, por razões sobejamente conhecidas e ultimamente acelerados pelo fenómeno da globalização. Este artigo evidencia como a língua francesa penetra no kizombo, apresentando elementos cujo léxico fora antes desconhecido no seio desse dialecto, e que com o seu uso foi acomodado gerando os galicismos. Assim, neste artigo, tive a ousadia de apresentar e descrever alguns de tais lexemas em termos linguísticos, aos vários níveis, principalmente nos de âmbito fonético-fonológico, morfológico, etc.
O contacto de culturas entre os povos proporciona sempre, para uns e outros, grandes benefícios aos vários níveis. Ao nível linguístico são vários os benefícios, mormente no que tange ao alargamento e enriquecimento do léxico.
Os contextos vivenciais de cada povo e cultura podem assemelhar-se ou diferenciar-se em várias formas e procedimentos. Em termos linguísticos, verifica-se que muitos lexemas existentes numa determinada língua A podem não existir na língua B e vice-versa. Para tal há a necessidade de forçosamente incorporar aquelas achadas necessárias. Tal processo, na maioria dos casos, sofre algumas distorções decorrentes das adaptações fonética e morfológica da língua receptora, ou seja, passam por alguns fenómenos morfofonológicos. É assim que, por razões históricas, as línguas bantu em geral, ao coabitarem com as línguas indo- europeias, beneficiaram e continuam a beneficiar de inúmeros elementos lexicais.
Os falantes do kizombo são um dos casos a destacar, especialmente, por causa da sua natureza e actividade. Desde então, transpondo os limites do seu espaço geográfico, em busca de meios de sobrevivência, trouxeram para Angola e para o seu dialecto consideráveis elementos lexicais do francês, que entraram em contacto e que foram adoptados, adaptados e acomodados.
O kizombo, presentemente, possui um importante acervo lexical derivado do francês, que o rivaliza muitas vezes, com os empréstimos oriundos do português.
Definição de conceitos
a- Considerações:
“Considerar algo é dar importância a um certo assunto”. Ou “opinião que inclui um conjunto de reflexões e ponderações”.
“Análise ou opinião fundamentada sobre algo ou alguém que é objecto dessa análise”.
https://www.dicionario.priberam.org/
b- Galicismo:
”Locução ou palavra própria da língua francesa ou dos franceses, introduzida noutra língua” ou “palavra ou expressão imitada ou tomada da língua francesa para outra língua”. https://dicionario.priberam.org”.
Os galicismos também são designados por francesismos.
c- Kizombo:
É um dos dialectos ou variantes da língua bantu kikongo.
1. Situação geolinguística
O kizombo, segundo a classificação de Malcolm Guthrie localiza-se na Zona H10. Os seus locutores, um dos subgrupos do grande grupo étnico Bakongo, são os Bazombo ou Azombo. É um subgrupo transfronteiriço que no outro lado da fronteira (RDC) é chamado de Bambata ou Ambata. Os Bazombo ou Bambata são descendentes da província de Mbata do antigo Reino do Kongo.
O seu centro é o município de Maquela do Zombo na província do Uíge, difundindo-se às comunas de Quibocolo, Béu, Cuilo-Futa e atingindo também algumas parcelas dos vizinhos municípios da Damba e do Cuimba (província do Zaire).
KIALA (2015, p. 301) sobre os Bazombo escreveu:
Os Bazombo herdeiros de um longo passado comercial, adaptaram-se com sucesso na segunda metade do século XIX, às mutações impostas pelo abolicionismo, trazendo para as feitorias no litoral, e nas margens do rio Zaire, os novos produtos solicitados pela indústria europeia em desenvolvimento acelerado. Organizavam caravanas, recrutavam carregadores que transportavam a borracha, os produtos oleaginosos, jogando um papel importante no comércio de longa distância nos finais do século XIX e princípios do século XX. […]. Eles, desde há muito tempo, manifestaram interesse na actividade comercial e no século XVIII já eram referenciados como traficantes de escravos que chegavam até à costa atlântica do Kongo.
Ainda KIALA (2015, p. 301) esclarece que:
Não se pode dissociar o comércio da história dos Bazombo, que organizavam caravanas por sua própria iniciativa, motivados pelo seu espírito empreendedor trilhando vales e montanhas rumo ao litoral, às bacias do Cuilo e Cuango, à feira do Mpumbu (RDC) passando pelo vale do Inkisi (RDC).
Consta que, devido a essa forte propensão para o comércio, os Bazombo na sua actividade de vai e vem, e nas suas relações comerciais idos de vários pontos, sobretudo à RDC, foram trazendo para Angola (Zombo, Damba e municípios adjacentes) itens, produtos, mercadorias com termos e expressões em francês, que aos poucos foram entrando em contacto e se introduzindo na língua local. Assim, esses elementos, mormente os linguísticos, foram adoptados, adaptados morfofonologicamente e finalmente acomodados, na maioria delas, em forma de corruptelas, enriquecendo e alargando, deste modo, o léxico do kizombo, sendo, actualmente, importantes neologismos a ter em conta.
Outrora FELGAS (1960) afirmava:
[…]. Ainda hoje a sua principal preocupação é vender e comprar seja o que for e onde for. Para isso deslocam-se com enorme frequência, ocasionando uma migração constante entre a sua terra e o Congo Belga, em especial Leopoldville. É talvez por isso que os Bazombo formam o maior núcleo estrangeiro da capital congolesa […].
Esse cenário não se desvaneceu. Apesar das constantes guerras que assolaram o território angolano, ele persiste. Não foi em vão que os congoleses da RDC, durante a luta de libertação de Angola, rotulassem quase todos os angolanos refugiados de origem Bakongo, de “os Bazombo”.
Hoje, constata-se vivamente, nas expressões oral e escrita do quotidiano dessas populações, os vários francesismos que abrangem uma diversidade de campos semânticos, desde o do vestuário, do comercial, da culinária, do sanitário, da antroponímia, etc.
2. Galicismos do kizombo
Conforme já se mencionou, o kizombo está repleto de palavras e expressões afrancesadas com significado e significante, pelos motivos já atrás referenciados.
Segundo Ngunga (2009, p. 19);
Conhecer o significado das palavras tem a ver com a Lexicografia ou técnica de compilação de dicionários que é o ramo da Linguística Aplicada que se dedica à observação, recolha, selecção, e descrição de unidades a partir de um conjunto de palavras soltas e palavras combinadas umas com outras numa ou mais línguas.
Vários autores, tais como DE AZEVEDO (1998) no seu dicionário de francês/português, encontra-se uma pista segura que identifica muitas palavras francesas que se tornaram galicismos do kizombo. A integração da palavra na língua que a toma de empréstimo se faz das mais diversas maneiras, de acordo com os termos e as circunstancias. Assim, a mesma palavra estrangeira, tomada de empréstimo em épocas diferentes, passara a ter formas diferentes (DUBOIS et al. 2006). Esses lexemas podem ser considerados de empréstimos abundantes e francos, visto que são de vocábulos ou lexicais, onde radicais estrangeiros, geralmente, se adaptam à fonologia e à estruturação morfológica da língua importadora. (CAMARA JR. 2009).
Quadro 1 – Alguns Galicismos do Kizombo
Kizombo |
Francês |
Português |
||
ayi |
[áì] |
ail |
alho |
|
bilu |
[bílù] |
bureau |
escritório, gabinete |
|
bisikiti |
[bísíkíti] |
biscuit |
bolacha |
|
butu |
[bùtú] |
bouton |
botão |
|
bwanana |
[bùánanà] |
bonne année |
Ano Novo |
|
byele |
[bhìé:lè] |
bière |
cerveja |
|
dala |
[dàlá] |
drap |
lençol |
|
dimpa |
[dìmpá] |
du pain |
pão |
|
dineti |
[dìnéti] |
lunette |
óculos |
|
dipapaya |
[dìpápáíà] |
papaye |
mamão |
|
fatiki |
[fátíkì] |
fatigue |
cansaço |
|
feti |
[fé:htì] |
fête |
festa |
|
finetre/finetala |
[fìné:trè] |
fenêtre |
janela |
|
foti |
[fó:htì] |
faute |
culpa |
|
fular/fulala |
[fúlà:r] |
foulard |
lenço de cabeça |
|
fwasu |
[fùasù] |
façon |
forma, maneira |
|
fyele/fyela |
[fìé:lè] |
fière |
vaidade |
|
kabini |
[kàbínì] |
cabinet |
retrete, latrina |
|
kale |
[khà:lè] |
cale |
calço, barreira |
|
kamaladi |
[kàmálá:dì] |
camarade |
amigo, companheiro |
|
kasi/kazi |
[kàsí] |
casier |
grade |
|
kawusu |
[kàúsù] |
caoutchouc |
borracha |
|
kesi |
[ké:sì] |
caisse |
caixa, caixão |
|
kilendi |
[kílendì] |
lundi |
segunda-feira |
|
kinini |
[kìní:nì] |
quinine |
comprimido |
|
kipi |
[kì:pì] |
équipe |
equipa, grupo |
|
koku |
[kòkú] |
coq |
galo, macho adulto |
|
kopani |
[kópàni] |
compagnie |
empresa |
|
kupe (a) |
[kúpé] |
coupé |
“cortado”, calções | |
kupu |
[kù:pù] |
coupe |
taça, copa |
|
kwafelu |
[kùafé:lù] |
coiffeur |
tipo de corte de cabelo |
|
lamer/lamela |
[lámér] |
poisson de mer |
peixe congelado/fresco |
|
lansi/lasi |
[lànsì] |
lance-pierre |
fisga |
|
larmuar |
[làrmúàr] |
armoire |
armário |
|
lele (a) |
[lé:lè] |
heure |
hora |
|
lesansi |
[lésá:nsì] |
essence |
gasolina |
|
leta |
[létá] |
l`état |
Estado, Governo |
|
Lufonsi/Lufosi |
[lùfó:nsì] |
Alphonse |
Afonso |
|
lupitalu |
[lùpìtá:lù] |
hôpital |
hospital |
|
Madi |
[mà:dì] |
Marie |
Maria |
|
makasinu |
[mákásí:nù] |
magasin |
loja |
|
maladi |
[málá:dì] |
maladie |
doença, enfermidade |
|
mamelu |
[mámé:lù] |
ma mère |
madre |
|
manaka |
[mànákà] |
almanach |
calendário |
|
maryaji/madyaji |
[màríá:jì] |
mariage |
matrimónio |
|
masinu |
[màsínú] |
machine |
máquina |
|
matala |
[màtálá] |
matelas |
colchão |
|
mazuti |
[mázútì] |
mazout |
gasóleo |
|
mbwata |
[mbùá:tà] |
bouteille |
garrafa, vasilha |
|
midayi |
[mìdá:ì] |
médaille |
medalha |
|
midi |
[mìdí] |
midi |
meio-dia |
|
miziki |
[mìʒiki] |
musique |
música |
|
montre (a) |
[mɔ:ntrè] |
montre |
relógio |
|
mpengele (a) |
[mpéɲgélè] |
épingle |
alfinete |
|
mpelu |
[m`pé:lù] |
Saint-Père |
padre |
|
mpwa |
[mpúà] |
chapeau |
chapéu |
|
mwaye |
[mùáìé] |
moyen |
meio |
|
muswalu |
[mùsúá:lù] |
mouchoir |
lenço de bolso |
|
mvelu |
[mvèlú] |
vélo |
bicicleta |
|
nkokoti |
[nkòkótì] |
cocotier |
coqueiro |
|
Nyasi |
[nìá:sì] |
Ignace |
Inácio |
|
Ntwani |
[ntúà:nì] |
Antoine |
António |
|
Ntwaneta |
[ntùánétà] |
Antoinette |
Antonieta |
|
nwele (a) |
[núé:lè] |
noël |
Natal |
|
paki |
[phákí] |
paquet |
pacote |
|
palapidi |
[pálàpídi] |
parapluie |
sombrinha, guarda-chuva |
|
papi |
[pàpí] |
papier |
papel |
|
Podina |
[pó:díná] |
Pauline |
Paulina |
|
Polu |
[pó:lù] |
Paul |
Paulo |
|
pombi |
[phɔmbí] |
pompe |
torneira |
|
posi |
[pó:sì] |
poche |
bolso, algibeira |
|
Pyele |
[pìé:lè] |
Pierre |
Pedro |
|
savoka |
[sávókà] |
avocat |
abacate |
|
sesi |
[sé:sì] |
chaise |
cadeira |
|
sijo |
[sìjó] |
ciseaux |
tesoura |
|
sikaleti |
[síkáléti] |
cigarette |
cigarro |
|
soda/solayi |
[sódá/sóláì] |
soldat |
militar, soldado |
|
suda |
[súdá] |
souder |
soldar |
|
supu |
[súpú] |
soupe |
molho, sopa, caldo |
|
sume |
[súmé] |
essuie-mains |
toalha |
|
sutulu |
[sùtúlú] |
surtout |
sobretudo |
|
syakosi |
[∫ákó:sì] |
sacoche |
sacola, pasta |
|
syansi |
[syá:nsi] |
chance |
sorte, oportunidade |
|
syemisi |
[∫émí:sì] |
chemise |
camisa |
|
syeni |
[∫íé:nì] |
chaîne |
fio, fecho, corrente |
|
syofelu |
[∫ófé:lù] |
chauffer |
motorista |
|
syoseti |
[∫ósétì] |
chaussette |
meia, peúga |
|
tapi |
[tápí] |
tapie |
tapete |
|
tasi/tazi |
[tá:hsí] |
étage |
prédio, piso, andar |
|
tayele/tayer |
[táìé:lè] |
tailler |
alfaiate |
|
tidiku |
[tídíkù] |
tricot |
camisola de frio |
|
tiki |
[tíkí] |
ticket |
bilhete de viagem |
|
tolu |
[tó:lù] |
tôle, taule |
chapa |
|
tonu |
[tɔnú] |
tonneau |
tambor, barril |
|
vwadisu |
[vúàdísù] |
valise |
mala |
|
vwatilu/vwatir |
[vúàtí:lù] |
voiture |
turismo (viatura) |
|
zalumeti |
[ʒálúmètì] |
allumette |
fósforos |
|
zileti |
[ʒílétì] |
gillette |
lâmina de barbear |
|
zipi |
[ʒhí:pì] |
jupe |
saia |
|
zuwer |
[ʒúwé:rè] |
jouer |
jogador, futebolista |
|
A maior parte das línguas da família bantu, na apresentação da sua estrutura frásica usa classificadores para a concordância do número (plural e singular), conforme exemplos no quadro a seguir. As línguas bantu têm um classificador geral que pode ser adaptado à realidade de cada língua ou dialecto bantu. De acordo OKOUDOWA (2010, p. 40);
O sistema de classes nominais é uma das características comuns às línguas bantu. Esse sistema é baseado na repartição dos substantivos em prefixos. Esses prefixos nominais por sua vez são repartidos em grupos ou classes sob a base do emparelhamento singular/plural.
Quadro 2 – Classificador do kizombo
Classe |
Prefixo |
Exemplos |
Tradução |
1- sing. |
mu-; n- |
mutu, nlongi |
pessoa, professor |
2- plur. |
a-; |
atu, alongi |
pessoas, professores |
3- sing. |
mu- |
mudayi |
medalha |
4- plur. |
mi- |
midayi |
medalhas |
5- sing. |
di- |
dimpa |
pão |
6- plur. |
ma- |
mampa |
pães |
7- sing. |
ki- |
kinini |
comprimido |
8- plur. |
yi- |
yinini |
comprimidos |
9- sing. |
m-; n- |
mbongi, nkokoti |
vila, coqueiro |
10- plur. |
m-; n- |
mbongi, nkokoti |
vilas, coqueiros |
11- sing. |
lu- |
lupangu, lukawu |
quintal, dom |
12 |
– |
– |
– |
13- plur. |
tu- |
tupangu, tukawu |
quintais, dons |
14 |
u- |
umputu |
pobreza |
15 |
Ø |
Øvutuka |
regressar |
16 |
va- |
vakanda |
na família |
17 |
ku- |
kuvata |
na aldeia |
18 |
mu- |
munzo |
dentro de casa |
19 |
bi- |
bidimpa, binsusu |
pãozinho, pintainho |
3. Lugar da análise morfológica
Analisar morfologicamente uma palavra ou um nome significa conhecer os morfemas que fazem parte da mesma e poder classificá-la nas suas diversas flexões. A maioria dos galicismos do kizombo representa a classe gramatical dos nomes ou substantivos. Ora a sua análise baseia-se na fórmula seguinte:
NOME = PN + TN
|
Onde, os gramáticos conceitualizam o nome de diversas formas, conforme retratado nos seguintes exemplos:
NOME – “que indica as coisas, quer se trate de objectos concretos ou de noções abstratas, de seres reais ou de espécie”. (CAMARA JR. 2009, p. 220). Para COSTA et al. apud CHIMUZU (2002, p. 13), “é uma palavra com que se designam coisas, pessoas ou animais, qualidades, estados ou acções, e que é, em geral um substantivo, adjectivo, qualificativo ou numeral”.
PN (Prefixo Nominal) – afixo ou morfema que determina a classe dos nomes. É portador de informação sobre o número e classe, jogando ainda um papel importante na escolha da concordância dos elementos sintacticamente dependentes do nome. Os nomes podem apresentar prefixos zero, vários prefixos ou prefixos locativos.
TN (Tema Nominal) – corresponde aos lexemas nominais que se caracterizam pela sua função de se juntar a um prefixo nominal. É portador do significado lexical do nome. Os temas podem ser simples, compostos e complexos e denominativos ou deverbativos.
Quadro 3 – Elementos da análise morfológica (kizombo)
Nome |
Prefixo nominal |
Classe nominal |
Tema nominal |
|||
Singular |
Plural |
Singular |
Plural |
Singular |
Plural |
|
butu |
butu |
Ø |
Ø |
Ø |
Ø |
-butu |
dineti |
maneti |
di- |
ma- |
5 |
6 |
-neti |
kilendi |
yilendi |
ki- |
yi- |
7 |
8 |
-lendi |
kopani |
makopani |
Ø |
ma- |
Ø |
6 |
-kopani |
lupitalu |
tupitalu |
lu- |
tu- |
11 |
13 |
-pitalu |
mpelu |
apelu |
m- |
a- |
Ø |
2 |
– pelu |
muswalu |
miswalu |
mu- |
mi- |
3 |
4 |
– swalu |
palapidi |
palapidi |
Ø |
Ø |
Ø |
Ø |
-palapidi |
posi |
posi |
Ø |
Ø |
Ø |
Ø |
-posi |
vwadisu |
vwadisu |
Ø |
Ø |
Ø |
Ø |
-vwadisu |
OBS: Muitos lexemas do kizombo quanto ao número, ignoram a flexão referente à paridade existente entre certos prefixos e classes nominais, ou seja, apresentam alguns prefixos desclassificados, que se afastam deste modo, às regras dos classificadores. Esse fenómeno ocorre nalguns prefixos das classes 3/4, 5/6, 9/10, etc.
Conclusão
O contacto ou a coabitação de povos e línguas num determinado espaço geográfico faz com que haja interferência de unidades lexicais e frásicas numa e noutra língua. Assim se pode aferir que o comércio à longa distância e a emigração desse subgrupo facilitou e influenciou a penetração lexical do francês no kizombo. O kizombo pela acção e actividade dos seus locutores, no passado e no presente, ainda hoje engloba no seu léxico inúmeros francesismos ou galicismos oriundos de um leque de produtos manufacturados de origem ocidental, expressões e não só, que, de facto, o engrandecem do ponto de vista da Linguística Bantu. Em suma pode-se afirmar que a língua francesa contribuiu imenso no alargamento e enriquecimento do léxico do kikongo. Outrossim, acredita-se, hipoteticamente, que também haja empréstimos do kikongo na língua francesa falada na RDC, Congo-Brazzaville e no Gabão.
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