Mais tarde, um apoio mais decisivo surgiria de outros continentes, nomeadamente, da República Popular da China, URSS e países do bloco de leste, mas igualmente do denominado “Terceiro Mundo”, como da República de Cuba, da Índia, entre outros, que dariam apoio à formação militar dos combatentes africanos.
No respeitante ao processo de militarização da UPA/FNLA, segundo as fontes consultadas, os primeiros treinos militares datam de finais de 1960, início de 1961, num dos campos da Frente de Libertação Nacional (FLN) argelina situado em Ghardimaou (Tunísia), com mais de duas dezenas de jovens. De entre os integrantes deste primeiro grupo saliente-se José Kalundungu e Gonçalves Margoso (respectivamente futuros Chefe de Estado-maior e Chefe das Operações do ELNA). Sensivelmente na mesma época, na sede da embaixada tunisina na República do Congo-Leopoldville, eram treinados e armados outros combatentes da UPA por “Capacetes Azuis” tunisinos ao serviço da ONU. João Baptista Traves Pereira (chefe das operações, que acabaria por morrer meses depois), José Mateus Lello e Samuel Delapante, integravam o grupo de instruendos.
A designação do ELNA apareceria em 1961, provavelmente em Junho, tendo como seu primeiro Chefe de Estado-Maior – Marcos Kassanga; 1º Chefe das Operações – João Baptista Traves e como 2º Chefe das Operações.
Oeste do território argelino. Poucos meses depois, em Dezembro de 1961, cerca de duas dezenas de angolanos dirigidos por José Mendes de Carvalho (mais tarde “Hoji – Ya-Henda”) e Filipe Floribert Monimambo, (mais tarde “Spartacus”) seguem para o Ghana onde frequentam um curso militar no campo de MANKRONG, a uma centena de quilómetros da capital (Acra). Devido a um conjunto de adversidades, a preparação militar não obteve grandes resultados práticos. Em Março do ano seguinte, os integrantes seguiram para Marrocos, juntando-se às centenas de jovens localizados nos campos de KASBA-TADLAH, ZEGHANGHANE, KEBDANI ou EL-KSIBA. Africano Neto seria o representante militar do MPLA em Marrocos, secundado por José Mendes de Carvalho que respondia pelos formandos, de entre os quais se destacam nomes de futuros quadros da luta de libertação, como José Condesse “Toka” e Ciel da Conceição “Gato”. A análise dos dados disponíveis apontam para a forte probabilidade de que o EPLA tenha surgido neste período.
Em Dezembro de 1962 o EPLA seria institucionalizado aquando da I Conferência do MPLA, realizada em Leopoldville, nos dias um, dois e três de Dezembro, tendo Manuel dos Santos Lima assumido o cargo de Chefe do Departamento da Guerra. Porém o EPLA viria a ser extinto em 1964, sendo substituído por destacamentos de guerrilha dependentes de uma estrutura constituída por Regiões Militares.
Dez anos mais tarde seriam criadas as Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA) que se tornariam no exército nacional depois da independência.
A preparação em Kasba-Tadla (Marrocos) na vôz de José Condesse de Carvalho “Toka” (*)
“O treino foi em território Marroquino, a cento e tal quilómetros, onde estava sediado o quartel-general do Exército de Libertação de Argélia, a 150 quilómetros da fronteira entre Marrocos e a Argélia. Eu faço parte do 1º grupo de angolanos que se forma no então Exército de Libertação Nacional de Argélia. (…) O chefe do meu grupo era o Manuel Lima e a segunda pessoa era o Africano Neto, isso leva a que, quando se forma o EPLA, quem é o chefe é o Manuel Lima, ele fica o chefe do Departamento de Defesa.
(…) No grupo do Ghana o chefe era o Henda. (…) É o mesmo grupo que [posteriormente, segue] até ao Marrocos. Havia algumas especialidades que o Ghana ainda não dominava, então esse grupo foi para Marrocos e o chefe do grupo era o Henda.
(…)”“[Em Julho de 1962, a visita do] presidente Neto, precisamente, coincide com o fim do nosso treino e regresso a Kinshasa, quando ele foge de Portugal. Quando chega a Kinshasa praticamente foi na altura em que se estava a criar o embrião da formação do EPLA.
(…)” “O EPLA surge depois da primeira Conferência Nacional. Havia o esqueleto do grupo de que fiz parte, depois regressámos e começou-se a desenhar… e confirmou-se precisamente depois da Conferência Nacional. Mas já havia uma estrutura, já se sabia quem era, quem não era…mas confirmou-se depois da Conferência Nacional.”
(*) O Almirante José Condesse de Carvalho”Toka” nasceu no Lueka (antigo hopital municipal), mas originário da aldeia Kimanzala, também chamada Missão Ndemba.
Foi um dos comandantes guerrilheiros que se distinguiu na luta contra os colonialistas portugueses. Participou primeiramente na fundação do EPLA ( Exêrcito Popular de Libertação de Angola) e mais tarde na fundação das FAPLAS (Forças Armadas Popular de Libertação de Angola) antigos braços armados do MPLA.
Ocupou por muito tempo funções do Comandante da Marinha da Guerra de Angola, antes de ser enviado para a diplomacia. Cessou recentemente de ser Embaixador de Angola em Cuba para ser nomeado em Algéria, exercendo as mesmas funções. Com o texto extraído no novo Jornal, o site da Damba, louva os serviços prestados à nação angolana, a um dos ilustres “Muana Damba”.
O seu nome em Kikongo é Kumbwesa e não CONDESSE (está escrito em Português).
Fontes: N.J/wizi-kongo
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