A SOCIEDADE MISSIONÁRIA BAPTISTA BMS NO CONGO PORTUGUÊS; SAN SALVADOR E KIBOKOLO

A BMS de Mbanza Kongo no início do século passado. Imagem de José Carlos de Oliveira

Por Bênção Cavila Abílio

Ao nível da africa central, a BMS terá sido uma das sociedades missionarias que mais contribuiu para a expansão do evangelho e educação das populações indígenas.

1 – William Carey, o fundador da BMS

William Carey (1761-1834) nasceu em Paulerspury, uma pequena aldeia de West Northamptonshire na Inglaterra e recebeu aí sua educação formal. Carey gostava de ler muitos livros sobre viagens e começou a entusiasmar se pela geografia e línguas estrangeiras. Sendo filho de pobres, tornou se aos 14 anos, um aprendiz sapateiro e teve uma experiencia religiosa com os dissidentes da igreja anglicana, acabando mais tarde por se integrar na igreja Baptista.

Carey tornou se um pastor autodidacta da região central da Inglaterra e foi ali que Carey anunciou a formação da Sociedade Missionária Baptista em 1792 com sua palavra de ordem “Espere grandes coisas; tente grandes coisas” e seu panfleto missionário Uma Investigação sobre as Obrigações dos Cristãos de Usar os Meios para a conversão dos pagãos. Nesse ensaio, Carey defendia que o mandamento do novo testamento se “IDE e PREGAI” não se referia apenas aos apóstolos mas a todos os cristãos dos nossos dias. Como resultado sesse sermão e perseverança de Carey foi convocada uma reunião em Kettering no dia 2 de Outubro 1792 quando decidiram criar a Sociedade Missionaria Baptista (BMS) e numa rápida sucessão, mais duas organizações missionárias foram criadas sendo a Sociedade Missionaria de Londres (London Missionary Society) em 1795 e a Sociedade Missionaria da Igreja (Congregational Missionary Society) em 1799.

Depois de fundar a Sociedade Missionária Batista, ele liderou a sua primeira missão na Índia de 1794 até sua morte. Durante 41 anos passados em Serampore, Bengala, Carey trabalhou para se mostrar aprovado como evangelista.

Como um grande linguista e estudioso, traduziu a Bíblia em mais de 10 línguas indianas. A BMS que foi fundada a 2 de Outubro 1792 sob influência assim como outras organizações acima referidos, não obstante encontrar os seus apoios no seio dessas comunidades, elas encontravam sempre apoios através de doações dos indivíduos ou pequenos grupos de pessoas comprometidos com a divulgação do evangelho e a implantação de igrejas em terras estrangeiras. De acordo com Henderson (1990), Robert Arthington, um dos doadores que estimulou a BMS a penetrar em Africa foi o filho de um industrial inglês que pagou as viagens dos missionários da LMS e CMS para fundarem as missões no leste de África.

2 – Robert Arthingon, o doador

Robert Arthington nasceu em 20 de maio de 1823 em Hunslet Lane, Leeds. Ele era o único filho entre quatro filhos de Robert Arthington e Maria nascida Jowitt. O pai dele era um proprietário de uma cervejaria de quem herdou a fortuna de 200.000 Libras. Seus pais eram membros comprometidos da Sociedade de Amigos e as principais figuras em Leeds na Inglaterra. Depois de seus estudos na Universidade de Cambridge.

Seguindo os passos da sua mãe e duas irmãs, Robert deixou a Sociedade de Amigos e se juntou à Igreja Baptista South Parade em 1848.

Embora fosse um excelente aluno na Universidade de Cambridge, ele não obteve nenhum diploma. Ele dedicou sua vida e riqueza ao evangelismo cristão. Ele foi o benfeitor para o sucesso da Sociedade Missionária Baptista e da Sociedade Missionária de Londres, tornando-se assim o principal factor na disseminação do protestantismo, modernização e educação formal nas partes mais remotas do mundo.

Apesar de ser dono de uma enorme fortuna, Robert Arthington nunca iniciou o seu próprio negócio. Em vez disso, ele investiu a sua riqueza, principalmente caminhos-de-ferro britânicos e americanos, o que o catapultou para uma riqueza maior. Ele usou essas suas riquezas para fortalecer as obras missionárias através do mundo.

Ele contribuiu maciçamente para a Sociedade Missionaria Baptista (BMS) de Londres, e também para a Sociedade Missionaria de Londres (LMS). A partir dos seus de seus actos filantrópicos, muitas partes remotas do mundo receberam o Cristianismo como modelo de fé.

Uma das realizações de Arthington foi a sua contribuição de £ 1.000 Libras para a BMS a fim de lançar a Missão do Kongo em 1877. Um navio a vapor Peace foi comprado com o dinheiro doado inicialmente e Arthington doou mais 4.000 libras em 1880 e 1.000 libras em 1882. O projecto era para promover a Missão no Rio Congo possivelmente até à leste de Africa onde também havia uma Missão LMS Tanganica, financiada por Arthington. Em 1884, ele deu mais 2.000 libras à BMS para extensão da missão até Kisangani no norte do actual território da RDC.

Em 1892, ele adicionou 10.000 libras esterlinas ao fundo para que a missão pudesse chegar à região do Alto Nilo. Foi ainda relatado que Arthington foi o doador anónimo de 5.000 libras para a Sociedade Missionária da Igreja para melhorar a expedição missionária em Uganda.

A África tornou-se um grande foco de trabalho missionário a partir da década dos anos de 1840. Os Cristãos jamaicanos pediram à BMS para iniciar uma missão na África Ocidental. Como escravos que foramm recentemente libertados, eles queriam compartilhar o evangelho com seus companheiros africanos, proclamando que: “Fomos feitos escravos para os homens; podemos ser escravos de Cristo”.

Em 1843, um grupo de missionários da BMS e voluntários jamaicanos navegou para a África. Uma figura-chave na missão da África Ocidental foi o Sr. Alfred Saker. Embora a maioria dos missionários logo morreu, Saker sobreviveu e foi capaz de fazer o seu trabalho missionário nos Camarões.

Em 1878, após uma grande doação de Robert Artington à BMS, Thomas Comber e George Grenfell foram enviados dos Camarões para o Congo para investigar a possibilidade de estabelecer uma missão no rio Congo. O rio maior no coração da África ofereceu potencial acesso para 25 milhões de pessoas. O grupo beneficiou de uma doação adicional de Artington para comprar um barco a vapor denominado “a Paz” que permitiu que a missão se movimentasse para o leste ao longo do rio.

De acordo com Henderson que retoma esta narração no seu livro, Thomas Comber e George Grenfell os primeiros missionários protestantes chegaram a angola em 1788 na cidade de M’Banza Kongo, na altura San salvador. Eles vieram como enviados da BMS de londres. A BMS é a mais antiga sociedade missionária do mundo senão a primeira a iniciar o contributo protestante na expansão do cristianismo no mundo.

No dia 14 de Maio 1877, Referindo se aos povos, Robert Arthington enviou uma carta à direcçao da BMS e ofereceu mais 1000 libras à BMS se aceitassem de imediato levar a luz do evangelho aos povos analfabetos e ávidos por aprender, ele terá dito “ensinem lhes a ler e escrever e dêem lhes, em palavras imortais, a verdade eterna. A pouco e pouco até consigamos levar a missão mais para leste ate ao Congo numa região para além das Cataratas.”.

3 – M’Banza Kongo, a base operacional da BMS

Em Janeiro 1878, Comber e Grenfell partem para o Congo e passaram 15 dias no rio até ao Rio Musuku, e dali enviaram uma carta ao Rei do Congo dizendo que em breve iriam visitar San Salvador. Depois disso regressaram para os Camarões no mesmo barco. Em junho do mesmo ano, os missionários voltaram num pequeno barco, tendo a bordo quatro camaroneses e outros para serviços auxiliares que trouxeram da africa ocidental. Eles chegaram a Mbanza Kongo (San Salvador) no dia 8 de agosto de 1878 onde foram recebidos pelo Rei Dom Pedro Ntotela, Ntinu Nekongo.

Vinte dias depois, os missionários Grenfell e Comber partiram para nordeste em direcçao a Cataratas mas não encontraram acesso fácil para a parte superior do Rio Zaire e regressaram a M’Banza Kongo onde o Rei pediu lhes para que se instalassem ai. Em M’Banza Kongo, eles instalaram a primeira Missão Baptista em território do Reino do Kongo. Grenfell regressou à Victoria nos Camarões enquanto Comber regressou à Inglaterra a fim de apresentar o relatório da missão. Na Inglaterra, ele apresentou a necessidade de recrutar mais missionários que estivessem na disposição de ajudar, foram assim recrutados os primeiros quatros missionários: H.E. Crudgington que havia estudado medicina na universidade de Leeds, John Harland e o Reverendo W. Holman Bentley cujo nome dá origem à denominação da localidade congolesa de Kibentele. No grupo, apenas uma Senhora de nome Minnie Rickards foi recrutada. Minnie viria mais tarde a casar com Thomas Comber. A partir daquela altura M’Banza Kongo foi a base das operações da BMS na Africa central principalmente na Região Kongo.

4 – Missilina, o primeiro angolano poliglota convertido

Quando Comber regressou para M’Banza Kongo com seus colegas, parou nos Camarões e conseguiu arranjar mais um ajudante de nome Missilina, um angolano nascido em Luanda mas levado como escravo para São Tomé e Príncipe.

Lá em São Tomé, Missilina casou mas conseguiu fugir com a mulher com os dois filhos numa canoa. Missilina tornou se um fervoroso cristão e foi um obreiro da implantação da igreja Baptista no norte de angola. Missilina um poliglota, sabia falar Inglês, português, kikongo. No seu regresso à M’Banza Kongo, as febres atingiram todo o mundo e um mês depois, Minnie Rickards, a recém-casada com Comber acabou por falecer de meningite.

Os missionários não sabiam falar português e não conseguiram pregar nos primeiros quatro domingos mas o Rei lhes pediu que fizesse um esforço. Os missionários e os camaroneses cantaram alguns hinos em inglês.

Missilina pregou em Kikongo e foi assim que a missão da BMS em San Salvador começou a desenvolver a sua obra incentivada pelo Rei e foi encontrar muita gente nova avida de aprender a ler e escrever conforme era desígnios do Robert Arthington.

5 – Mantu, o primeiro estudante angolano em Londres.

Thomas Comber foi de férias a Inglaterra e levou consigo um criado de nome Mantu e enquanto permaneceu na Inglaterra, Mantu estudou num colégio de Londres. No seu regresso ao Kongo, foi baptisado no dia 29 de Março 1886 na presença de seus amigos. A igreja Baptista de San Salvador foi inaugurada no dia 4 de dezembro 1887 mais de um ano depois do primeiro baptismo. Dois dias antes da inauguração, Thomas Lewis baptizou mais cinco convertidos em nome do Pai, do filho e Espirito Santo: Nlekai, Luzemba, Kivitidi, Dom Álvaro Matoko, Dom Miguel Ndelangani, dois conselheiros do Rei.

Sempre na necessidade de levar a igreja até outras zonas por evangelizar, Depois de ter fundado a sua primeira missão em San Salvador, a BMS fundou a sua segunda missão em Kibokolo no coração das terras do zombo. Essa abertura não foi fácil. Henderson também conta que os Zombos não tinham visto com bons olhos a aliança entre os beshikongo e ao portugueses e repeliram as primeiras explorações feitas naquelas zonas pelos missionários da BMS. No entanto, os missionários acabaram por ganhar a confiança daquele povo e estabeleceram a missão naquela região cuja população rondava entre os cinco mil habitantes.

6 – Thomas Lewis, o missionário operativo

A sociedade Missionaria Baptista e a sua instalação na terra dos Bazombos. Este trabalho maravilhoso que beneficiou milhares de pessoas em termos de educação e saúde; seus filhos e netos oriundos da área Zombo, Damba e Nsosso. Um trabalho árduo que se deve à tenacidade e determinação de um missionário Inglês chamado Thomas Lewis.

O missionário era de origem do Pais de Gales e nasceu perto de Whitland, no dia 13 de outubro de 1859, imbuído de um propósito missionário, ele estudou na escola de gramática S. Clears e em 1880, ele entrou na faculdade Baptista Haverford West. Lewis foi aceite pela Sociedade Missionária Baptista e veio para a África em fevereiro de 1883 onde começou os seus trabalhos nos Camarões para depois foi para o Congo, ele liderou a formação da igreja em San Salvador (a primeira no Congo) e o estabelecimento do trabalho em Kibokolo como a segunda Estação do BMS que falaremos mais nesse artigo. Thomas Lewis casou três vezes e morreu em Londres em 5 de dezembro de 1929, e foi enterrado em New Southgate.

Os primeiros missionários instalados no Reino do Congo, enquanto olhavam para o leste de San Salvador, viam à distância uma série de colinas que se estendiam do sul e terminavam abruptamente em um ponto rochoso no nordeste conhecido entre os nativos como Ntu-a-Mboma (Cabeça da Giboia).

Esta montanha-do-rio podia ser vista de grandes distâncias quando o clima estava bom e certamente tem uma aparência sugestiva de um réptil (jiboia) cujo nome carrega.

É o fim do segundo planalto da África Central Ocidental, e marca aproximadamente a fronteira entre a terra Kongo e a terra Zombo. Para subir essa montanha era preciso ter cuidado com a sua inclinação mas era só ali que se podia encontrar um caminho para o topo. Thomas Comber, que tinha uma paixão em resolver mistérios, foi até o fundo das colinas no início dos anos 1880, e descobriu as Cataratas de Kizulu, que ele deu o nome de quedas de Arthington, isto é no rio Mbridge. Depois de correr pelas rochas numa série de cataratas, ele desceu aproximadamente a 20 metros num desfiladeiro profundo, e então emergiu num vale abaixo e entrou no mar em Ambrizete.

Lewis disse que tinha razões para se lembrar dessas Cataratas, pois em uma das suas visitas, passou um dia inteiro tentando se posicionar para fotografá-las. Ele fixou a sua câmara numa borda estreita de rocha à beira de um precipício. Depois de tirar as fotografias, entrego a câmara de volta ao seu filho, que estava segurando. Ele estava em cima de um pedaço de pedra grande o suficiente para descansar sobre ele, e quando ele torceu em volta para voltar, a pedra escorregou debaixo do seu pé, e ele se sentiu caindo.

Felizmente, ele estava segurando o ramo de uma árvore, e instintivamente com o qual se estabilizou, e gradualmente subiu. A sua esposa estava a poucos metros de distância, olhando com os meninos, mas eles pensaram que ele estava apenas a brincar, e não tinham ideia de que ele tinha vinte metros de profundidade abaixo dele. Por muitas noites depois ele acordava com um pesadelo pensando que estava a cair sobre um precipício.

7 – As divergências entre Beshikongo e Bazombos.

De acordo com Lewis nas suas memórias, os habitantes de Zombo eram conhecidos como pessoas muito fortes e guerreiros que estavam determinados a todo custo para manter o homem branco longe. Eles tinham jurado que nenhum homem usando calças deveria ser autorizado a passar pela terra deles; e isso significava que nenhum europeu seria bemvindo na terra do Zombo.

Esta atitude é justificada pelo facto dos bazombos terem sido por muitas gerações, as presas dos comerciantes de escravos que vinham principalmente de San Salvador. Estes beshikongos usavam o traje europeu para fazer parecer que eles vieram com a autoridade dos portugueses e do Rei do Kongo. Geralmente este era o caso, e os beshikongos e o povo de San Salvador eram suspeitos e odiados pelos bazombos em consequência dessa situação.

Para o missionário britânico, os Zombos nascidos nas terras altas, eram mais saudáveis e tinham reabastecido a população da aldeia real por gerações, e alguns dos seus melhores soldados eram daquele distrito. Os bazombos eram grandes comerciantes e grandes caravanas de homens desciam pela sua terra, carregados de borracha e café, para trocar por pano, pó e sal com os europeus. Eles andavam bem armados com armas tradicionais e eram muito temidos pelos aldeões por onde eles passavam. Sua rota comercial não incluía San Salvador que eles evitavam a todo o custo para não serem capturados como escravos.

Os Missionários já estabelecidos em São Salvador (M’Banza Kongo), muitas vezes cruzaram com eles nos seus itinerários, e tentavam conversar com eles mas os bazombos não queriam nada a ver com os brancos. Os missionários notaram que os homens tinham uma corpulência física muito forte carregando muito peso e ansiavam assim por entrar na terra dos bazombos para ganhá-los para Cristo.

O missionário que certamente foi o melhor linguista foi Holman Bentley, que trabalhou incessantemente na aquisição do discurso dos nativos do Kongo. O nome da localidade de Kibentele na RDC deriva do nome dele. Lewis também conta que Bentley era um excelente colecionador de informações, e em pouco tempo conseguiu reunir milhares de palavras kikongo separadas estabelecendo já a base de uma gramática e dicionário da língua Kongo. Quando Thomas Lewis chegou a San Salvador nada tinha sido publicado ainda mas o Dicionário kikongo de Bentley não demorou a sair. Holman Bentley estendeu suas viagens de Ngombe Lutete naquela direcção, e nos anos noventa chegou a Maquela. O Seu relato da jornada criou grande interesse entre os missionários.

Foi assim que Lewis e os outros pediram para também visitar a terra dos bazombos e estabelecer uma nova estação missionaria no meio deles mas foi só em 1898 que foi autorizado pelos seus superiores para iniciar uma jornada de prospecção com o objetivo de estabelecer uma nova Estação Missionária entre os bazombos.

8 – A penetração na terra dos Bazombos.

OS MISSIONARIOS estavam ocupados com a construção da nova capela em San Salvador, mas o pessoal da estação missionaria considerou que o avanço para o interior de Kongo era tão importante e urgente que não hesitaram em suspender parcialmente as operações de construção por um ou dois meses. Eles decidiram que a esposa de Lewis deveria integrar a comitiva, pois nos últimos dias descobriram que a presença de uma senhora branca ajudou a aliviar as suspeitas dos povos negros e assegurar-lhes que os missionários tinham chegado para uma finalidade pacífica.

Quando portanto colocaram as pedras memoriais em San Salvador começaram a fazer os preparativos para a viagem, de modo a obter o benefício total da estação do cacimbo devido à ausência de chuvas. Lewis chamou um individuo chamado Mata, que sempre actuou como Capataz dele durante as viagens e explicou o propósito da jornada.

Ele era uma pessoa experiente e não tinha medo de nada, pois ele tinha viajado anteriormente com Thomas Comber, Hartland e Crudgington nas suas primeiras tentativas de chegar a Stanley Pool na RDC. Lewis ficou surpreendido quando Mata recusou de fazer esta viagem; Mata disse que não iria à terra dos Bazombos porque “não queria morrer ainda”.

Foi nesta ocasião que Lewis soube que os beshikongos tinham medo de ir para a terra dos bazombos para evitar que o povo bazombo não os retaliasse por causa da sua participação nas capturas de escravos de anos anteriores. Além disso, levar um homem branco para esta terra bazombo enfureceria ainda mais as pessoas contra eles, então Mata colocou todos os obstáculos que ele poderia pensar para que Lewis não fosse à terra do Zombo.

Por três semanas Thomas Lewis esperou por Mata mas finalmente a sua paciência esgotou e disse sem rodeios que se ele não quisesse vir ele arranjaria outros portadores. Depois de muitas hesitações, Mata concordou em consultar os seus homens que geralmente viajavam com ele, e numa noite Mata disse no Lewis que eles tinham aceitado porque não queriam deixar o missionário nas mãos de pessoas estranhas.

“Mas”, Mata sublinhou que “nenhum de nós voltará vivo. Nós conhecemos os bazombo, e você não os conhece”. Thomas Lewis aceitou toda a responsabilidade.

Mata preparou mais de quarenta homens transportando como logística, bens e comidas suficientes para cerca de três meses, e uma tenda, panelas, pratos e outros artigos necessários para as viagens tropicais. Os homens estavam bem determinados e em poucos dias tudo estava pronto para o início. Na noite antes de saírem de M’Banza Kongo, os portadores vieram arrumar as suas cargas em matete, uma cesta construída com folhas de palmeiras ordenadamente trançadas e muito fortes. Vários cristãos e assim como as esposas dos portadores também foram despedir a caravana. As mulheres estavam todas pessimistas, e olharam para os integrantes da caravana como indo para uma morte certa.

9 – O Povo expulsa os missionários de Kibokolo

Na manhã seguinte, acordaram muito cedo para começar a marcha. As mulheres choravam alto enquanto os seus maridos faziam o caminho com as suas cargas e as lágrimas escorriam pelos seus rostos com o pensamento de que nunca mais veriam seus queridos maridos.

Por dois ou três dias os amigos de Lewis tentavam lhe convencer a não ir para o Zombo, pois os bazombos eram ” pessoas tão más lá”. Lewis foi primeiro para a vila de Maquela onde havia um Chefe de Posto residente português e um comerciante. Mas como o objectivo de Lewis era fazer amizade com a população local, recusou as ofertas de hospitalidade gentilmente propostas pelo Chefe do Posto Português e o comerciante, e o missionário e sua caravana ficaram em cabanas nativas no meio daquele povo. Lewis e a sua comitiva foram bem recebidos e os chefes nativos pedindo lhe para construir nas suas aldeias.

Tanto em Mbongi (onde mora o Chefe do Posto) quanto em M’Banza Maquela (a principal aldeia do grupo Zombo) eles imploraram lhe para escolher um terreno e construir imediatamente.

Havia pessoas de Maquela iam frequentemente a San Salvador e conheciam Lewis bem pelo seu nome e reputação, e queriam que ele fizesse uma promessa de que viria para ficar na aldeia deles. O missionário explicou que queria ver primeiro toda a terra Zombo primeiro, e que não poderia fazer promessas.

Ainda assim, ficaram muito felizes em receber uma recepção tão calorosa, e ficaram lá vários dias, incluindo um domingo. O chefe do Posto de Maquela lhe deu um guia para os levar ao próximo distrito, Mbuzu, com suas trinta e seis aldeias e uma população de cerca de 5000 pessoas. Durante todo o trajecto passaram por muitas aldeias, incluindo Ngombe, com sua população de cerca de 3.000 habitantes.

Lewis explicou que queria ver toda a terra primeiro, e que não poderia fazer promessas. Ainda assim, ficaram muito felizes pela recepção tão calorosa, e permaneceram lá vários dias, incluindo um domingo. O chefe de Maquela lhe forneceu um guia para os levar ao próximo distrito de Mbuzu, com suas trinta e seis aldeias e uma população de cerca de 5 mil. Durante todo o trajecto passaram por muitas aldeias, incluindo Ngombe, com a sua população de cerca de 3.000 habitantes.

Eles foram bem recebidos em Mbuzu, e eles imploraram-nos para ficar lá mais um dia, o que fizeram, e o povo veio para ouvir a mensagem do evangelho. A caravana seguia em direcção ao Rio Nzadi (wemba), que corre em direcção noroeste ao Rio Congo, um rio que durante o período das chuvas inundava as áreas ribeirinhas e atravessar com uma canoa era muito perigoso porque havia lá muitos jacarés.

Os missionários tinham a intenção de atravessar o Nzadi Nkisi para o distrito de Kidiya, mas das colinas deste lado puderam ver que as aldeias opostas eram menos numerosas, havia pouca população comparado com Maquela e decidiram voltar atrás e não perder tempo. Além disso, o rio Nzadi Nkisi seria um grande obstáculo no transporte de mercadorias para o lado de kidiya (Béu).

Por isso, desistiram de toda a ideia de atravessar, e depois de três dias de estadia voltaram para Maquela do Zombo. Dois dias de viagem lhes trouxeram para Kinzau, outro distrito populoso, onde ficaram três dias; e três horas de marcha mais ao sul era Kibokolo, que era considerado o coração da terra do Zombo. Para o missionário, Kibokolo parecia muito densamente povoado contendo um dos mercados mais importantes da área e era a maior aldeia que ele tinha visto em toda a área Kongo.

Na altura, Kibokolo era estimada como tendo cerca de 5000 pessoas mais que San Salvador que tinha apenas cerca de 1.500 pessoas e não mais de 2.000 habitantes. Ali decidiram que Kibokolo era o local ideal para o trabalho missionário.

Mas em Kibokolo, a recepção não foi pacífica, Thomas Lewis, disse nunca antes ter visto uma tal exibição de feitiços e ritos supersticiosos. A sua aparição em Kibokolo causou muita confusão, e as pessoas estavam com medo que o missionário e seus homens trazia feitiço para causar a morte de todos. Houve gritos de”, e Nsi ifwidi eh” a terra está morta; nsi ifwidi eh, significando a terra está morta e os nativos acreditavam muito no feitiço.

Em menos de uma hora, conseguiram encontrar o chefe, e ele lhes deu uma casa nativa para dormir, e então algumas pessoas vieram ao redor dos visitantes para apertar as mãos. Naquela noite, o chefe e alguns de seus seguidores se reuniram, e Lewis conversou com eles sobre o Evangelho, e explicou lhes a mensagem. Eles não conseguiam entender que todo esse trabalho era para o bem deles.

No dia seguinte, sendo “o dia do mercado”, os chefes das aldeias vizinhas vieram e questionaram o povo de Kibokolo e seus chefes sobre a presença missionaria na terra deles.

Havia uma forte corrente de opinião que deviam lutar com o branco e matar todos com os portadores de carga; mas outros não concordaram com isso. Eles ouviram que os portadores passaram em muitas aldeias durante o caminho e não fizeram mal a ninguém.

Lewis aproveitou a tranquilidade daquela manhã para enviar os seus rapazes para o rio a fim de tomar banho e lavar as suas roupas, e cada um deles recebeu um pedaço de sabão. Algumas pessoas que voltavam do mercado, alguns já tinham consumido vinho de palma e estavam em estado de embriagues, eles notaram que os portadores tinham sabão que produzia espuma na água e queriam saber o quê que era. Eles nunca tinham visto sabão antes e não obtendo uma resposta satisfactória, eles levantaram logo o boato de que o homem branco tinha enviado seus homens para envenenar a água.

Mais um outro homem criou um outro boato dizendo que tinha visto um dos portadores escondendo um feitiço na floresta, enquanto um terceiro declarou que um dos meninos estava doente com varíola para infestar a aldeia. Tudo isso era inteiramente falso, as acusações sendo inventadas pelos chefes propositadamente para criar um alvoroço e lhes forçar a sair da aldeia. Num curto espaço de tempo, a maior parte dos aldeões cercaram os visitantes, alguns com armas tradicionais carregadas e outras com mocas, lanças, arcos e flechas, e paus, enquanto os curandeiros e mulheres exibiam seus feitiços e começavam a dançar e gesticulando.

Lewis testemunhou nisso, o paganismo na sua pior forma e a cena era indescritível. As emoções cresceram de intensidade, as pessoas tornaram se mais agressiva com os missionários e exigiram a sua partida imediata.

Lewis chamou todos os membros da caravana e disse-lhes para ficarem perfeitamente quietos. O dono da casa que eles ocupavam era muito simpático e ele com a ajuda de três ou quatro pessoas, tentou dissuadir a multidão.

O chefe lhes enviou o habitual presente de cortesia de duas aves e uma cabaça de cerveja nativa que dizem não ser intoxicantes para os portadores. Isso foi para lhes retirar da aldeia ” em termos amigáveis”, e ele (Mfumu vata) considerou a sua responsabilidade como terminada ai. A “cerveja”, como suspeitaram, tinha sido anteriormente ” amaldiçoada ” pelo curandeiro, e tinha supostamente o poder de matar todos os membros da caravana. Lewis aceitou o presente, os portadores beberam tudo na presença deles mas os habitantes da aldeia ficaram espantados de ver que nenhum da caravana tinha morrido depois de beber.

Lewis disse aos mais velhos que trouxeram o presente, que não iriam sair naquele dia, mas que pela manhã apresentariam os seus cumprimentos ao chefe antes de deixar sua aldeia. A excitação era tanta entre as pessoas, no entanto e não esfriou, pois os aldeões continuaram furiosos até o meio da noite com batida dos tambores e do sopro de chifres (mpungi).

Na manhã seguinte, arrumaram as suas coisas mas o barulho e a excitação continuaram. Eles ficaram evidentemente surpreendidos com a passividade dos membros da caravana sem nenhuma demonstração de lutar com eles. Lewis trocou presentes com Kapala, o chefe da aldeia que foi profuso em apresentar as suas sinceras desculpas pelo mau comportamento de seu povo, dizendo que ele não conseguiu impedi-los mas evidenciava provas de medo de uma possível retaliação por parte do povo.

Os portadores petrificados para levantar as suas cargas e Lewis disse nunca ter visto tanta ânsia por parte dos portadores em abandonar Kibokolo, de estar em marcha porque eles estavam todos assustados e queriam sair dai a todo o custo. Uma multidão os seguiu cerca de 2 quilómetros fora da aldeia com seus pungis (chifres) e tambores correndo a caravana dali.

Para Lewis, não obstante não terem conseguido ver realizado os seus planos na íntegra, consideraram, no geral que era a forma mais sabia de se retirar e deixar ao povo a opção e tempo de descobrir que a presença dos missionários não era maldosa. Ainda assim, mesmo em Kibokolo houve dois ou três que entregaram suas casas para os missionários e seus portadores, alguns lhe defenderam da hostilidade popular durante os tumultos.

A caravana saiu da terra do Zombo de regresso a San Salvador, porém naquela viagem de regresso, uma coisa mais incomum ocorreu, que veio mais tarde a mudar a percepção dos bazombos em relação aos missionários. Quando Lewis se aproxima de San Salvador, descobriu que o povo dos distritos de Lembelwa e Tanda tinham fechado a estrada para a costa e nenhum portador bazombo era permitido passar.

10 – Reconciliação entre Beshikongos e Bazombos.

A caravana de Lewis a caminho de San Salvador encontrou cerca de quinhentos Zombos, um grande número dos quais eram do distrito de Kibokolo, de regresso à sua terra com grandes quantidades de borracha que não conseguiram vender porque não lhes deixaram passar. Eles tinham muito medo da caravana de Lewis, temendo uma retaliação por sua parte devido ao tratamento que deram aos missionários em Kibokolo; mas o missionário conseguiu juntá-los e persuadi-los a virem na sua caravana e Lewis prometeu intervir junto dos beshikongos para passá-los para a costa sem problemas nenhum. Lewis levou algum tempo para convencê-los das suas boas intenções, mas no final eles concordaram em confiar no Missionário.

No dia seguinte, chegaram ao distrito perturbado, e Lewis tomou a sua posição na frente de toda a caravana. Na entrada de cada aldeia foram recebidos por homens armados, que mandavam parar todos que queriam passar. Ele era bem conhecido por todos eles, e eles não fizeram nenhuma resistência quando Lewis pediu-lhes para deixar passar todos os Zombos.

Naquela noite, a caravana pernoitou em Mwingu, uma das aldeias perturbadas, e Lewis reuniu se com os chefes, e falou com eles muito fortemente da maldade e tolice de seu comportamento, os chefes dos bazombos na caravana ouviram todo o seu discurso e os beshikongos reagiram positivamente prometendo reabrir a estrada e permitir que os transportadores passassem sem problemas e o efeito sobre os bazombos foi muito notável porque até aí eles viam no missionário branco como seu inimigo mas tinham sidos convencidos que o missionário inglês era seu melhor amigo, afinal.

Os cristãos nativos que lhes acompanharam como portadores ficaram encantados com a virada do assunto, e Mata, o chefe da caravana, disse a Lewis naquela noite: ” 0h mestre, eu vi uma obra maravilhosa de Deus; o povo de Kibokolo o tratou mal lá na terra deles mas quando estes portadores voltarem para as suas aldeias o seu nome será levantado para o céu por todos os bazombos.

Na verdade, Deus fez este trabalho maravilhoso.” Quando chegaram a San Salvador descobriram que as noticias que tinham chegado nos seus amigos via Maquela sugeriam que a caravana de Thomas Lewis tinha sido toda dizimada em Kibokolo, e o Chefe do Posto Português estava realmente a preparar um grupo de soldados para ir em busca dos corpos.

A profecia da MATA foi cumprida mais cedo do que esperada. Os Zombos que lhes acompanharam na viagem de volta falaram da longa conversa em Mwingu que lhe permitiu passar, vender os artigos e contaram aos chefes em Kibokolo do que o Missionário tinha feito. Eles concluíram que seria uma coisa boa ter aquele homem branco para viver na aldeia deles e resolver certos problemas. Durante três meses eles se reuniram em conferências para discutir meios para recuperar o Missionário, mas como eles lhe afastaram de sua aldeia com brutalidade pensaram que Lewis estava muito ofendido e não os poderia receber nunca mais e da maneira tradicional africana usual, eles pensaram em Mbumba, o chefe de M’Banza Mputu, e decidiram enviar seus mensageiros através dele.

Como gesto de boa vontade, os chefes de Kibokolo enviaram vários meninos para a escola em San Salvador e visitaram o Missionário em San Salvador. Thomas Lewis sugeriu que eles deveriam voltar para e que ele só seguiria para Kibokolo durante o cacimbo, aproveitando a ausência de chuvas.

11 – Kibokolo a segunda estacão missionária da BMS.

Em junho do mesmo ano quando as chuvas terminaram, Thomas Lewis decidiu voltar para Kibokolo e não teve dificuldades em obter portadores desta vez, e Mata estava novamente no comando dos homens.

O Chefe Nasso da aldeia de M’Banza Mputu tinha decidido integrar a caravana. Ele estava a ficar velho e fraco, e teve que ser carregado todo o caminho numa tipoia. Mesmo que fosse mais novo, a dignidade de sua posição teria exigido que ele fosse carregado em grande estilo, pois ele era visto como o chefe do clã Nkusu e para atender aos seus desejos, tomaram um caminho diferente, para que pudessem visitar aquela aldeia primeiro. A caravana subiu o planalto em Kizulu, e seguiram o curso do rio Mbridge durante a maior parte do dia.

Todo este distrito pagou lealdade directa a ele e foi devidamente festejado o tempo todo. A dança e a bateria foram parte da recepção que tiveram que aturar. O povo não o via desde sua conversão ao cristianismo, e o povo estava muito espantado com a mudança no comportamento do Chefe Nasso; um leão que tinha se tornado em um cordeiro, aquele chefe Nasso que antes não pensava duas vezes antes de matar uma pessoa por um pequeno acto de descuido ou desrespeito, era agora um homem manso e leve.

Fizeram um caminho por zonas montanhosas e pantanosas, as vezes tinham que passar por áreas difíceis. Eles chegaram a aldeia de Nkusu. O chefe da aldeia, que era um ” sobrinho ” de Nasso, lhes deu as boas-vindas reais. Foi através dele que os chefes de Kibokolo se aproximaram de Nasso.

Lewis conta também nas suas memorias que no início da manhã de domingo, um homem com a trombeta de Nasso foi enviado para a aldeia toda dizendo-lhes para não irem às suas lavras mas para virem ouvir a palavra divina do homem branco.

Logo depois do matabicho, o chefe, cujo nome era Ndosimão, foi cumprimentar Lewis acompanhado com seus conselheiros (mbanda mbanda). Eles saudaram na moda do Congo, ajoelhando-se a cada poucos metros e batendo palmas (makonzo). Eles se divertiram quando Lewis aceitou a sua homenagem da maneira habitual de um grande chefe. Todos eles se reuniram à sombra da praça para conversar.

Lewis falou para o povo, explicando a mensagem do Evangelho e Mata seguiu, enquanto Nasso terminou com seu ‘testemunho pessoal ao poder do ensino. Antes de terminar com o povo da aldeia, outros povos chegaram de aldeias mais distantes, então começaram de novo com um público novo.

À tarde tiveram outra oportunidade de falar com outras pessoas que tinham chegado. Mata tinha sido escolhido para dizer-lhes como o Evangelho estava a trazer paz e felicidade para a terra, e que as pessoas que acreditavam e aceitavam o seu ensino não mantêm a raiva nos seus corações, uns contra os outros.

Quando Mata parou de falar; Ndosimao apareceu, passou pela multidão até chegar onde estava sentado o Missionário e saudou de joelhos e, em seguida, disse: “Temos pedido para o homem branco; esse tipo ensinamento que ele nos dá e é bom: então vamos recebê-lo e seus ensinamentos e ser seus amigos.

No dia seguinte que era segunda-feira de manhã, os chefes de Kibokolo chegaram com uma multidão. Ficou claro para Lewis que havia muito ciúme entre eles sobre qual seria a aldeia que deveria ter o homem branco.

De facto, a discussão se tornou tão quente que Lewis declarou que, em vez de causar desentendimentos e lutas entre os povos na área, a melhor solução seria montar a Estação Missionaria em Maquela onde o Chefe do Posto estava. A reacção dos Chefes de Kibokolo não foi positiva, eles insistiram que se Lewis passasse pela estrada Maquela eles matariam os portadores. Foi ali que Lewis pediu a Ndosimão para que lhe dessem um guia para lhe levar de outra maneira à Maquela sem passar por Kibokolo.

Enquanto negociavam, O Chefe Nasso apareceu para dizer que os chefes Kibokolo tinham concordado em deixar o Lewis escolher o seu próprio local para uma Estação da Missão. Foram assim dois dias de viagem de M’Banza Nkusu até a primeira aldeia. Eles foram primeiro para Kimalomba, cujo chefe era Nkila Nkosi (a Cauda do Leão). Ele era um homem inteligente e muito viajado, e gostava de bebida, e foi ele que deu mais problemas em Nkusu. Ele não gostou da ida do Missionário Thomas Lewis para o outro lado. Eles tiveram uma grande conversa com ele e finalmente chegaram a uma conclusão.

Nkila Nkosi perguntou à Lewis se sabia onde queria construir. Lewis lhe disse apontando: “Você vê aquelas palmeiras na colina lá? ” “Há outra colina atrás dessa, e tem muitas palmeiras também”. Quanto Nkila Nkosi perguntou a Lewis como sabia, ele respondeu simplesmente: “Oh, eu estava aqui doze meses atrás e vi isso então.”

Ambos riram quando Nkila Nkosi disse então ‘‘ Você escolheu o lugar para a sua casa, então quando nós te demos corrida? Lewis respondeu afirmativo.

E quando é que você vai construir?”, Inquiriu Nkila Nkosi. “Imediatamente”, Lewis respondeu que se alguém lhe vendesse uma casa ele iria colocá-la no mesmo dia.”

Todo o mundo se prontificou para vender a casa dele! Era um novo negócio, e os bazombos são, acima de tudo, comerciantes. Ele foi em torno de uma das aldeias perto do local e selecionou uma cabana que se adequaria ao seu propósito, acomodou o preço com o proprietário, pagou-lhe doze metros de panos para isto, e ele ficou satisfeito.

Os homens imediatamente começaram a cavar em redor da tal cabana para levá-la até ao novo lugar, e as mulheres se ofereceram para ir e limpar o chão do capim, preparando-o para erguer novamente a cabana. Quando chegaram no local tudo estava pronto, e em menos de meia hora os homens tinham reerguido esta cabana nativa, que se tornou a primeira CASA MISSIONÁRIA EM KIBOKOLO.

As pessoas voltaram para suas aldeias para dançar e beber sua cerveja (mbamvu) e vinho de palma (nsamba e lungwila) para celebrar o assentamento da Missão em Kibokolo.

Quando ficaram quietos na colina, organizaram os desgastados troncos de lata no interior da cabana, e no centro colocaram um tronco de lata maior, para servir como uma mesa. Havia oito pessoas, incluindo o Chefe Nasso, que eram membros da igreja em San Salvador, e eles se reuniram para uma reunião de oração. Foi uma experiência que Lewis nunca esqueceu, essa de ouvir os homens agradecendo a Deus por proteger as suas vidas nessas jornadas para Zombo, e especialmente para o estabelecimento de uma nova Estação Missionaria em Kibokolo.

Depois da reunião de oração, realizaram uma cerimónia de santa ceia, sentados naqueles troncos ao redor da sala, com um tronco como uma Mesa da Comunhão, um copo de água fria e um biscoito seco, muito seco, para os elementos; e desta maneira simples comemoraram o amor moribundo de nosso Senhor, e consagraram o lugar para o serviço de Cristo.

Novamente depois do Serviço de Comunhão Lewis disse a eles como esperavam chamar nossa nova estação de Estação Memorial Comber, em memória de uma família dedicada a causa missionaria. Há seis pessoas com esse nome: três irmãos e uma irmã, com duas esposas, enterradas em África.

Depois de Kibokolo, a terceira missão a ser fundada foi a Estacão de Bembe. De acordo com Henderson, em 1905, conseguiram fundar uma missão em Mabaya a sul de San Salvador mas devido a uma epidemia de varíola e doença de sono que acabou por vitimar um dos missionários, a estação foi encerrada. Bembe foi em 1930, a alternativa à Mabaya que nunca mais foi reaberta.

BIBLIOGRAFIA

These seventy years, An autobiography by Thomas Lewis.

Henderson, Lawrence, a Historia da Igreja em Angola.

W. Holman Bentley (1900),Pionnering in the Congo, Volume I London, The Religious Tract Society, p.59.

 

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