Por Alfredo Dikwiza
Uíge, 28/02 (Wizi-Kongo) – Entre os 16 municípios que compõem a região do bago vermelho, a antiga administradora municipal do Songo, na província do Uíge, Adelina Alexandre Pinto, há um ano foi conhecida como a única acusada na prática dos crimes de peculato e falsificação de documentos durante o seu mandato, cuja detenção foi no dia 30 de Janeiro de 2019, sob mando da Procuradoria-Geral da República(PGR) local.
Agora condenada a 14 anos de prisão, inicialmente, na altura em que foi detida, estava sendo acusada do desvio de mais de 69 milhões de kwanzas dos fundos alocados ao município para as despesas de bens e serviços e, faltava ainda apurar-se o valor relacionado, com os investimentos públicos na construção de obras de impacto social.
Porém, 11 meses depois, isto é, no dia 20 de Dezembro de 2019, numa sexta-feira, lia-se a sentença da ré, que, dava conta da sua condenação e igualmente a pagar uma multa de 204 milhões e 836 mil, 936 kwanzas de indemnização ao Estado, bem como uma taxa de justiça de duzentos mil kwanzas.
Da detenção até ao julgamento de Adelina Alexandre Pinto, num processo conduzido pela PGR e pelo Tribunal Provincial, em ambos locais, a província do Uíge não chegou de assistir outro julgamento ou detenção de um administrador municipal, que seja por práticas de peculato ou outras condutas indecorosas neste exercício. Assim, Adelina Alexandre, surge como a única administradora gatuna no Uíge.
Adelina Figueiredo Alexandre Pinto, que, antes de assumir o cargo de administradora em 2013, até Janeiro de 2019, altura em que foi exonerada e substituída por Júnior Kudimuena, novo administrador recentemente empossado, era directora provincial do MINARS, ficou conhecida há um ano nas bandas de Mpinda Simão, como a única mal gestora, onde os seus colegas de governo nunca fizeram algo de género.
Entretanto, depois da detenção de Adelina Alexandre Pinto, as famílias dos outros 15 municípios ficaram com muita expectativa dos seus representantes “como um será, entre a certeza e a incerteza”. Na verdade, alguns munícipes aguardavam as detenções de seus administradores ou antigos administradores “numa questão de poucos dias ou poucas horas”, pois, na certeza todos estavam que na antiga governação, mesmo na actual, não existiu ou existe inocentes, que a socidade uigense pode considerar de bons Samaritanos.
“Lhe apanharam com a boca na botija”, agora falta os “até X serem detidos”, era assim a manchete nas conversas nos dias que seguiram, depois que Adelina Pinto fora detida. Naqueles dias, a quem teve tempo para reflectir e dar nota dez a PGR e outras instituições que lidam com as leis, em seguida, assistiu-se apenas um festival de passagem dos dias, semanas e meses até nos dias de hoje, nem um e nem outro, fora mais detido, logo, a Adelina Pinto, é a única que pilhou nos cofres do Estado.
Enquanto isso, as famílias perderam a expectativa das detenções, por terem compreendido que o silêncio da PGR fala mais alto do que aquilo que se imaginava por acontecer, ou seja, cada um engoliu o seu sapo, abanou a saia, a calça e até um dia se Deus quiser. Para tal, os administradores que não foram detidos, tal como se cobiçava, continuam a deambular, daqui e acolá, muitos até hoje em pleno exercício de governação.
Mas, como aqui na “banda”, Uíge, todos se conhecem, então, umas gargalhadas aonde se encontram ou vão conseguem soltar e, entre eles, certamente, nunca faltou uma curiosidade de uma pergunta do tipo “como você se escapou da PGR?”, “você não estavas a ser cobiçado pela PGR?”, “você tens um pau forte, né?”, assim, não pode existir nenhum motivo mais para desconfiar ou apontar o dedo aos antigos administradores e os actuais, porque a única administradora gatuna no Uíge, é, Adelina Alexandre Pinto.
A lei afirma que o crime de peculato advém do facto de o sujeito que praticou o crime ser funcionária pública, para o qual está previsto uma moldura penal de dois a 16 anos de prisão maior, enquanto que o de falsificação de documentos, possui uma moldura penal abstrata entre os dois a 8 anos de prisão. Para isso, entende-se porque a ex-administradora do Songo, foi condenada a 14 anos de prisão.
Além das condenações da ex-administradora do Songo, Adelina Alexandre e do antigo delegado da justiça e Direitos Humanos, Miguel Kutoca, no âmbito do combate à corrupção, estão ainda em curso outros processos que envolvem os antigos directores do Comércio, Indústria e Hotelaria, Boseke Mayamona Mansony, e o da Educação, Manuel Zangala, que já estão detidos desde 2019.
As sondagens levadas efectuadas pelo Wizi-Kongo e que culminaram hoje, sexta-feira, nesta cidade, dão conta que, para o ex-director do Comércio, Indústria e Hotelaria, Boseke Mayamona Mansony, está a ser culpado nos crimes de peculato, abuso de autoridade, falsificação de documentos e associação de malfeitores, actos praticados na qualidade de director da instituição na altura. Enquanto Manuel Zangala, outro ex-director da educação, apenas soubesse que a sua detenção é a através do crime de peculato.
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