Uíge, 26/12 (Wizi-Kongo) – A ambulância do centro médico da comuna do Bengo, município de Kangola, 225 quilómetros da sede da cidade do Uíge, foi transformada, há meses, pelo administrador local, João Pascoal Kussumba, em propriedade pessoal, utilizando-a em suas deslocações constantes da comuna a sede da vila, Alto-Kawale e vice-versa.
A mesma ambulância que chegou na comuna do Bengo no dia 23 de Julho de 2019, às 11 horas, quatro anos depois da referida localidade ficar sem meio de género, com objectivo de evacuar os doentes em estado clinico das aldeias ao centro medico e deste centro a sede da vila, tinha sido apresentada a comunidade local, em um comício, pelo administrador municipal, Pedro Coxi Zua, que, por sinal, coincidiu com aparição de João Pascoal Kussumba como novo inquilino aos destinos do Bengo.
Pouco tempo depois, os objectivos pelos quais fora entregue a ambulância mudaram de figurino e, passou a atender mais as saídas do administrador comunal, que a mesma ambulância permanecer na comuna a espera de quem estiver a necessitar de intervenção de emergência, como apurou de Setembro a Dezembro/2019, a equipa do Wizi-Kongo, na sede da comuna do Bengo, várias declarações dos habitantes locais.
A constatação foi feita através das várias passagens que a equipa do Wizi-Kongo efectouou naquela circunscrição que limita com as duas vizinhas provinciais de Malange e Kuanza Norte, dai, os habitantes admitiram a este portal as suas indignações sobre a atitude tomada pelo administrador comunal sobre o uso da ambulância, como se sua propriedade fosse.
“Estamos a trabalhar aqui na comuna do Bengo desde 2011, até a data presente, pagando o táxi com o dinheiro retirado dos nossos salário, o estado nunca se importou connosco em colocar nesta comuna pelo menos só um meio de apoio aos funcionários públicos, e são por cada viagem ida e volta da comuna a sede da cidade 12.000,00 (doze mil kwanzas), como pode agora o administrador comunal transformar uma ambulância que é de fins específicos, no caso, salvar vidas de pessoas, será que nós somos burros que andamos a gastar dos nossos bolsos e com todo este tempo?”, desabafou o colectivo de três professores ouvidos pelo Wizi-Kongo.
“O povo perdeu a vôz, o medo da retalhação é maior no seio da comunidade e só vai olhando as coisas acontecer sem nada para dizer, se vão ao bem ou de bem ao pior, os chefes é quem sabem, mas na verdade todos estão triste com isso e de outros benefícios que o Bengo nunca teve, que ficaram apenas nas promessas”, argumentou um soba e dois jovens.
Da comuna do Bengo a sede de Alto-Kawale são por distância separados aproximadamente 50 quilómetros, cujo estado da via é arrepiante, principalmente, na época chuvosa e para quem dela faz o seu vai e vem de motociclo, camiões, land-cruser ou outras marcas de carros com maior potência, enfrentam um desafio maior.
Os maiores sacrificados neste troço são os funcionários públicos, em destaque os professores, comerciante e a população em geral, que são obrigados em percorrer estes 50 quilómetros constantemente horas e horas e muita das vezes de motociclo, pagando da sede da comuna a de Alto-Kawale e vice-versa na ida e regresso 5.000,00 a 6.000,00, respectivamente.
Bengo, dista a 225 quilómetros da sede capital da província do Uíge e, é, uma das duas comunas que compõe o município de Kangola, a par do Kaiongo. Entretanto, Bengo possui em seu solo recursos minerais como cobre e diamante, mas a sua gente sobrevive da agricultura de subsistência, com a predominância da produção da mandioca, ginguba, feijão e não só, cujas línguas predominantes é o Kimbundo e português.
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