As Festas das Cidades do UÍGE e de MBANZA KONGO não celebram a CULTUTRA KONGO.

Por Sebastião Kupessa

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Segundo o prof. Alexandre Disengomoka, não se pode celebrar a Cultura Kongo, com aberturas das actividades “sem NKUWU, MALAVU e MAKAZU. Os que procedem assim, estão na impossibilidade de desenvolver um debate sério em torno da Cultura Kongo.”

Este mês, a cidade do Uíge celebrou o seu centenário, as festas duraram 30 dias. fFram programadas 35 actividades, mas nenhuma, com carácter promocional da Cultura Kongo, com a excepção da improvisada Primeira Conferência Provincial da Cultura do Uíge, em quase 42 anos da independência!

No lugar da Conferência, estava prevista uma Mesa Redonda, “Uíge, 100 anos de História, de Cultura e de Trabalho”.

Nesta Conferência falou-se de tudo, menos a língua Kikongo com os seus símbolos já citados.

Na província do Bago Vermelho, germinam cérebros que defendem a conservação da Culltura Kongo, tal como professores Patrício BatsîkamaTony SofrimentoMiguel ZengueleMiguel Kiame, Francisco Cobe, Dombel Silva, Barroso Kiala, Arlindo Isabel, Manzambi, Dissengomoka AlexandreCamilo Afonso, Pedro Kyameso e tantos outros, alguns residem mesmo na cidade do Uíge, mas não foram convidados, oficialmente, para poder presidir nem sequer uma única palestra que se põe em valor a nossa cultura. Trata-se, oficialmente, de um CENTENÁRIO, da Cidade do Uíge.

Os Grupos Folclóricos que existem na cidade do Uíge, são utilizados apenas para “decorrar” a entrada pomposa e triunfal dos dirigentes da província, na inauguração de certas actividades, mas nunca foram chamados para expressar a mensagem que eles veiculam nas suas músicas tradicionais.

Para agradar o povo crioulado do Uíge, os organizadores (orgulhosos sobredimensionados) fazem apelo, para a “cabeça do cartaz”, não num artista local, mais popular que seja, mas em um artista vindo de Luanda, com destaque, os artistas mal-criados do estilo Kuduro, com canções inaudíveis e de natureza pornográfica (isto é cultura Kongo ?).

Para os músicos que cantam em kikongo, apenas lhes são atribuidos escassos minutos no palco, para os sorteados, pois a grande maioria dos artistas locais, nem conseguem aproximar-se dos organizadores arrogantes e prepotentes. Idem para os artistas que vêm da diáspora!

Em Mbanza Kongo, não há muita diferênça do que acontece no Uíge, aliás por ser o centro cultural Kongo, as festas deveriam se organizar de uma outra forma, como questionou recentemente o ilustre mukongo, Nkazi Makuta Nkondo ,”…como se pode celebrar uma festa desta Capital ou a Meca dos Akongo – Kunda kia Kintinu ki’a Kongo – na ausência dos representantes do Wizi (Uige), Kimbinda (Cabinda), Malanzi (Malange), Kuangu (Lunda), RDCongo, Congo-Brazzaville, Gabão e São Tomé e Príncipe, além dos Akongo antigos escravos fora do Império?”

Urge a necessidade de procurarmos meios de regressarmos as nossas origens, adaptando-as com o tempo em que vivemos. Fazendo inaugurações não “Champagne” mas com Vinho de Palma (Malavu ma Nsamba) acompanhado de Nóz de Cola (Makazu), sem esquecer mandalala (folhas de palmeiras) no lugar de “cortar fitas”. É isso que se chama a nossa identidade, como disse a vice-governadora provincial do Uíge para o sector político e social, Maria Fernandes da Silva e Silva, “Um povo sem cultura, é um povo que não tem identidade”.

 

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