Este município tem segredos naturais encantadores que devem ser aproveitados e transformados em produtos turísticos rentáveis, afirmou o guia à equipa de reportagem
Por Joaquim Júnior
Com catana na mão direita, o guia turístico Neves Lucas orientava a caminhada que um grupo de turistas e elementos afectos à administração municipal de Mucada, na província do Uíge, efectua pelo interior da localidade. “Este município possui segredos naturais encantadores, que devem ser aproveitados e transformados em produtos turísticos rentáveis”, afirmou o guia à nossa equipa de reportagem que integrava a caravana.
Os funcionários da administração de Mukaba, que integravam a comitiva, tinham a incumbência de inventariar os pontos turísticos e locais históricos da região.
Já o elenco de turistas, composto maioritariamente por jovens, pretendia meramente “matar” a curiosidade de conhecer os famosos recantos de Mucaba. O trajecto começou pelas matas do Nzadi-a-Matadi, a 15 quilómetros da aldeia Zamba.
Depois de algumas horas de andamento, ao cair da tarde, nas quedas do rio Nzadi, deparamo-nos com um fenómeno impressionante: o reflexo dos raios solares incidia de forma brilhante sobre a água que escorria entre as aberturas das rochas. Era uma sensação de que se estava diante de um arco- irís.
O município de Mucaba, aos fim-de-semana, é destino de centenas de pessoas, devido a atracção turística. A localidade é, também, passagem preferida e, ao mesmo tempo, paragem obrigatória para muitos viajantes que se deslocam do município da Damba para Maquela do Zombo, essencialmente, devido a actividade comercial que vem ganhando corpo. No referido troço, o comércio diverso, desde a venda de utensílios a alimentos, inclusive confeccionados, arrasta uma multidão, proveniente das redondezas e os passageiros que circulam constantemente por ali.
Mucaba, um dos 16 municípios da província do Uíge, situa-se a 65 quilómetros ao norte da cidade capital da província. Faz fronteira com os municípios da Damba a Norte, Songo e Bembe a Oeste, Bungo a Este e Uíge a Sul. Tem uma área de 964 quilómetros quadrados e 43.974 habitantes, maioritariamente
camponeses e estudantes.
O Rio Nzadi, conhecido por vários nomes, entre os quais Nzadi-a-Matadi, Matombe, Bala Mihindi, entre outros, é um dos maiores patrimónios do município.
Este rio, considerado o maior da província, tem várias espécies de peixes, sendo o bagre o mais consumido entre munícipes.
A nascente do Rio Nzadi transformou-se numa “fábrica” de maruvo, uma bebida tradicional. As populações das proximidades vivem da vendadesta bebida, da pesca e da agricultura.
A Cachoeira do Mabulungu
A cachoeira do Mambulungo é uma das maiores atracções turísticas de Mucaba. Localizada a 20 quilómetros da sede do município, atrai centenas de pessoas aos fins desemana. Mesmo desse sítio, passa o rio com o mesmo nome, considerado como “bravo”, devido a forte correnteza da água. Este rio, se- gundo a administração local, tem uma bacia hidrográfica de vasta dimensão.
“Eu nasci aqui no Mucaba, mas nunca desconfiei que existisse aqui lugares tão bonitos como os que estamos a visitar,” disse Joaquim Ernesto, um dos excursionistas. O jovem Francisco António, outro excursionista, disse que na sua infância frequentava a cachoeira de Mambulungo. “Nos dias de hoje, a
natureza tratou de criar melhores encantos no local. Isso agora está mais atraente, daí que devemos criar condições para a promoção do turismo neste local”, apelou.
Mitos involventes de Mukaba e outras glórias.
A Palmeira Gémea, a Lagoa Misteriosa e as Malas de Pedra são três das grandes glórias das populações de Mucaba. E fazem questão de contar, com grande orgulho, para os turistas que aportam àquela localidade do interior da província do Uige, os mitos e histórias envolventes daqueles símbolos locais.
A Palmeira Gémea está localizada no interior da aldeia Quikoxi, junto ao rio, e chama a atenção pela sua configuração: uma palmeira bifurcada em dois ramos. Tem sido alvo, segundo a população residente, de visitas frequentes de investigadores da área da agronomia e outros especialistas para estudo cientifico do fenómeno.
Lagoa misteriosa
A Lagoa Misteriosa está situada no interior da aldeia de Quissangui Kia Mongue e, segundo relatos do pastor Tocoísta Paulo Pedro, Mais Velho Paulo como também é tratado, esteve envolvida sempre num grande misticismo que lhe garantiu a fama que hoje ostenta. Explica o mais velho Paulo que durante muito tempo aquela lagoa produzia, durante a noite, um grande clarão que iluminava toda a região envolvente de Quissangui Kia Mongue por muitos dias e as folhas que caiam das árvores ficavam suspensas, não to- cavam na água. “Com o passar do tempo, a lagoa se foi.
Restou apenas um pequeno charco e as respectivas regras míticas que a comunidade local ainda obedece até ao momento”, disse o pastor.
Malas de pedra
Do outro lado da mata do Quissangui Kia Mongue, como é considerada pelos nativos aquela área, repou-sam as “Pedras das três malas”. Os velhos da aldeia Quiyeca contam que no local existiam três malas de pedra, com cadeados e chaves, que desapareceram durante o conflito armado e ninguém sabe hoje o paradeiro. “Mas as marcas ainda podem ser observadas no local.”
De Maruvu ao prato típico
Aos turistas, os habitantes de Mucaba fazem ainda alarde do seu maruvo, bebida típica extraída da palmeira ou do bordão e muito consumida e apreciada naquela localidade. Apontaram como principais fontes de extracção do produto, os bosques de Quibuiz, Nzadi, Nsundi e outras baixas local.
Explicaram que nos pontos de comercialização da bebida, mesmo sem dinheiro, o apreciador, muitas vezes, acaba por ficar embriagado só de provar. É uma prática local, antes de comprar o produto, o cliente tera oportunidade de experimentá-lo e apenas adquiri-lo se gostar.
Segundo um dos vendedores, é impossível calcular as quantidades de litros que são comercializados ou consumidos diariamente no município. Mas pode-se dizer que centenas de bidões cheios do líquido branco saem de lá para a cidade do Uíge e para outros pontos do país.
Gastronomia
A gastronomia é outras das glorias de Mucaba. Dentro a vila, aos poucos vão nascendo os serviços hoteleiros, a exemplo da hospedaria Rosi Pinto, com oito quar- tos, restaurante e lojas de comercialização de produtos diversos. Mas, ainda assim, as barracas de comes e bebes proliferam grandemente o continuam a ser bastante solicitadas.
O visitante pode desfrutar dentro de barracas, feitas de pau-a-pique, o melhor o funje de bombó, acompanhado de feijão de óleo de palma, carne de caça fumada ou cozida, grelhados diversos, muteta e outras iguarias confeccionadas na- quela comunidade.
Via JA
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