Por Ruí Ramos
Lucky Maianda nasceu no Uige no dia 17 de Setembro de 1991 e a sua infância foi vivida no meio da guerra. “Levaram-me em 2002 para Luanda devido à guerra que tínhamos no nosso país, irmãos que se amavam e se matavam na guerra.”
Lucky Maianda foi levado da sua terra natal para a capital do pais com 11 nos, “estudando a língua portuguesa para me integrar no sistema de ensino e perdendo a minha língua regional, a minha língua materna”.
Na escola, apesar das dificuldades, Lucky Maianda esforçou-se ao máximo no primeiro ciclo de meu primeiro círculo de aprendizagem, sempre interessado em todas as matérias, não se desviando do seu objectivo, aprender, e torna-se mesmo delegado de turma, e assim fez os seus primeiros estudos numa escola do Fundo de Acção Social- FAS.
Sem o calor dos pais, Lucky Maianda atirou-se para os braços da vida e em 2003 inicia uma nova vida, indo viver com um tio, Kanguika Panzo, que o ajuda desinteressadamente. “Comecei a ser projectado para um novo olhar e para uma nova ideia de vida com este tio que acabava de chegar da África do Sul e que dizia ser amigo muito chegado do Lucky Dube”, recorda. “E quando ele vem para Angola logo me leva para vivermos juntos e ai eu imitava o Lucky Dube nos “chwes” da escolas e dos bairros.”
Antes de se apaixonar pela música reggae, Lucky Maianda cantava música hip hop interpretando, por exemplo, “To gueda house one prison remmember sleeve”.
“Em 2004 conheço o ancião Faia Congo e assim começo a realizar o meu sonho de ser um grande ícone da música reggae, eu imitava o Lucky Dube mas quando me deparo com o ancião Faia Congo começa o meu contacto com a ordem rastafari, chamada AMORA-Associação do Movimento da Ordem Rasta de Angola.”
Por intermédio de Faia Congo, que pagava a escola de Lucky Maianda, ele conhece a comunidade rasta, ainda com 13 anos. “Eu vivia na sua casa com a sua família e a minha família não se opunha porque a família que me acolhia tinha bons princípios, uma forma de vida “rasta” que eu não estranhava porque tinha crescido na ordem kimbangu.”
Em 2004, Lucky Maianda grava a sua primeira música reggae e recorda ter sido muito criticado e”quase crucificado”.
Mas ele prosseguiu sempre com a sua visão musical e em 2012, sem nunca desistir da escola. “embora com muitos combates por causa de ser rasta, sofrendo constantes “bullings”.
“Eu estava preparado por causa da teocracia e filosofia rastafari que me unifica com ideologias africanas e da personalidade espiritual do ser rasta dentro da sociedade.”
Lucky Maianda faz o ensino médio na escola 4071 e termina em 2015, enfrentando dificuldades para receber o certificado para concorrer a uma bolsa de estudos para o Canadá “porque eu tinha de cortar o cabelo e neguei”.
Lucky Maianda formou-se no Curso de Ciências Humanas e é professor do primeiro ciclo. leccionando História, Biologia e Sociologia. “Sou director da escola da AMORA, onde também sou professor, além de ser coordenador e professor do colégio Malokolo e além do que faço também sou secretário da informação, comunicação e imagem da AMORA.
Lucky Maianda já trabalhou na Rádio Cacuaco durante 2 anos, “mas sempre fazendo música”.
Considera-se um activista social e neste momento trabalha na área de administração comercial da empresa Webis express
“Assim é o rastafari discriminado mas ele faz o seu mundo Estamos aqui mostrando a eficácia e o bom olho do rastaman, em 2020 recebi um bom voto do Planeta Reggae do Brasil sobre o meu estilo musical reggae loves”, enfatiza, para acrescentar: “Sou o rastafari chamado de “arroz branco2 por motivos de solidariedade que tenho tido com as pessoas e assim o meu maior sonho é ser um ícone da musica reggae em Angola e mesmo no mundo, transcendendo para um estilo criado por mim em 2017, a que dei o nome de “kureggae”. “Fico contente pela boa recepção deste estilo musical criado por mim e que tem passado no canal da “bi kuduro” E a concluir. “Agradeço pelo jah rastafari tata nzambi mbumba wa mpungu kongo tu lendu kalunga por ter me dado a oferta divina a minha quinny Natividade Maianda como minha esposa porque o que se une na Terra se une nos céus. Assim sejam louvados os profetas da África Haile Selassie, Papa kiamba kiamessu fumu kimbangu e a ya Kimpa Vita e vita kanga porque assim somos os filhos do Nsaku Mpanzu e Nzinga.”
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