Carta aberta contra a classificação de Mbanza Kongo como património com história falsa

Rio de Janeiro, 08 de Outubro de 2016.

  

À

    Alta atenção da UNESCO

No âmbito do projeto arqueológico de

‘’ MBANZA KONGO-Cidade a desenterrar para preservar’’

SAMBA TOMBA JUSTES AXEL

                 Licenciado em História e Estudante

                  À Universidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ)

                     Email: sambaaxel@gmail.com

                      Tel. (21)998641537   

Objeto: CARTA ABERTA CONTRA A CLASSIFICAÇAO DE MBANZA-KONGO

COMO PATRIMONIO DA HUMANIDADE COM UMA HISTORIA FALSA

Prezada (o) (s) senhora(s) (es) da Unesco,

‘’ A história é fundamental para o pleno exercício de ser humano. Se conhecermos nosso

passado remoto e recente, teremos melhores condições de refletir sobre nosso destino coletivo

e de tomar decisões. O contrário disso, leva ao obscurantismo total’’ disse uma lição de

História.

Através este pensamento, nós compreendemos que quando a gente falsifica a história, ela

falsifica também o presente, pois sem Passado, não tem Presente, nem Futuro.

Com efeito, o motivo que me levou a escrever essa carta aberta contra a classificação de

MBANZA-KONGO, antiga e majestosa capital do poderoso Reino do Kongo Dia Ntotila

como Patrimônio da Humanidade com uma verdadeira história falsa que não tem em

conta as fontes tradicionais orais e outras fontes escritas de outros pesquisadores. Eu quero

que MBANZA KONGO seja um Patrimônio digno a humanidade que vai ensinar a verdadeira

história do Poderoso Reino de Kongo Dia Ntotila.

Após que eu mencionei no dia 7 de setembro em uma carta aberta o erro e a falsificação de ano

de 1439, como ano de fundação de MBANZA KONGO, que foi publicado em uma notícia que

tem título ‘’ Mostras confirmam antiguidade da Cidade’’ sobre as escavações que se fazem em

Mbanza Kongo para torná-lo Patrimônio Cultural Mundial da UNESCO; a senhora

coordenadora deste projeto me respondeu que foi um erro jornalístico e me dei que o intervalo

que a coordenação do projeto e laboratórios arqueológicos deram é em entre 1425-1439.

Entretanto estes anos de 1425-1439 também não são adequados com a verdadeira história do

Kongo, em relação com as provas do alto nível da organização do KONGO naquela época do

século XV, que já atingiu seu apogeu há um século(XIV) atrás. Este intervalo de anos é sem

fundamentos históricos autênticos com fatos anteriores enunciados pelas tradições Kongo,

Ambundu, pelos primeiros missionários que chegaram lá, e pelos grandes historiadores e

pesquisadores.

Vou justificar e demostrar historicamente os fatos que eu falo nas linhas seguintes. Eu, como

outros pesquisadores, pesquisei muito sobre a data da fundação de Mbanza Kongo e do reino

Kongo.

Em primeiro lugar, temos que compreender que a fundação do Reino Kongo (diferente do

Reino do Kongo Dia Ntotila) é ligada a fundação da cidade de MBANZA KONGO, que

naquela época, se chamava MONGO WA KAILA (Montanha da Repartição). As duas

fundações não são separadas.

A cidade de MBANZA KONGO é uma cidade cuja fundação remonta ás primeiras conquistas

do príncipe NIMI A LUKENI do pequeno reino de Bungu ou Vungu (situado á abordagem

direita do Rio Kongo no atual Congo Brazzaville). O ano dessas conquistas é objeto de muitas

discussões entre historiadores. Enquanto à luz das tradições orais Kongo e de outros

historiadores, é cerca de 690 de nossa era, que NIMI A LUKENI com seus companheiros,

depois de conquistar as terras dos clãs Kongo (stricto Sensu) que são NZINGA, NSAKU,

MPANZU, e dos Ambundus, vai fundar uma capital em nome de MONGO WA KAILA

(Montanha da repartição). Mais tarde, sob sempre o reinado de LUKENI, a capital vai mudar

o nome para ser NKUMBI A NGUDI (Umbigo da Mãe). Sobre a fundação do reino por

LUKENI e sobre os primeiros nomes da capital ver RANDLES em sua obra titulada: ‘’ O

antigo Reino do Kongo das origens no fim do século XIX’’, Paris, edição Mouton, 1969.

Essa capital foi fundada acima duma montanha, que segundo as tradições, LUKENI dividiu

essa capital aos seus companheiros. Por esta razão, o primeiro nome da capital é Mongo Wa

Kaila (Montanha da Repartição). E a partir daí, ele mesmo LUKENI vai ser o primeiro Mani

Kongo (Rei do Kongo) nesse ano de 690.

O ano de 690 é citado por a historiadora inglesa Anne Hilton em sua obra: " THE KINGDOM

OF KONGO" clarendon press, 1985, pp. 86 -132, por os historiadores alemães Peter

Truhart & K.G Saur Munich na sua obra: " REGENTS OF NATIONS”, art." Costal

States/Kustenstaanen" 1984-1988, p238-240.

Também este ano é citado por NE MANSUEKI em seu blog: http//www.ne-kongo.net, na

parte " Origines du nom Kongo" se apoiando sobre as narrações das tradições Kongo.

O ano de 690, segundo minhas análises históricas, me parece uma data quase justo ou senão

justo, à luz da crítica histórica dita interna que analisa os fatos, achando a verdade histórica

anteriormente às datas propostas.

E de mesmo, este ano é justo na crítica histórica dita de alcance que "é baseada na comparação

dos depoimentos. Quando os fatos concordam é símbolo da veracidade dos fatos. A mesma

crítica nós mostra que quando um testemunho esta contradito pelos muitos outros, não significa

automaticamente que ele mente”. É o caso dos muitos historiadores hoje que sustentam que o

Reino Kongo foi fundado no século XV.

E outras provas históricas que confirmam a fundação deste Reino em 690 são: quando os

portugueses chegaram no Kongo em 1482, eles foram impressionados por seu nível de

organização que foi ao pico. Isso mostra que o Reino Kongo Dia Ntotila (diferente do

Reino Kongo) já existiu há muito tempo 7 séculos atrás. Historicamente, se a Unesco

acredita que o Kongo já foi ao apogeu no século XIV quando os portugueses chegaram, isso

não foi possível em 57 anos(1425-1482).

Esta estrutura que atingiu ao apogeu é o Reino de KONGO DIA NTOTILA. Em outras

palavras: o reino do Kongo unificado, a confederação da Nação Kongo, das culturas, com

vassalos e territórios de influencias com uma superfície de 2.500.00km2, quase toda

superfície da Europa ocidental atual. É a inovação e a grande extensão do reino Kongo.

Tudo isso foi fundado pelos sucessores de Lukeni. Ora NIMI A LUKENI fundou só o reino

Kongo: uma estrutura gerada ao nível de clãs, etnias autônomos, sem ligados políticos

entre eles e todas estas comunidades étnicas autônomos reconheceram NIMI A LUKENI

como chefe supremo, sem ter o verdadeiro poder de unificação dos todos grupos humanos

no seu território.

E daí, naquela época de Kongo Dia Ntotila, a capital vai ser nomeada por ‘’ MBANZA-

KONGO’’ que significa: ‘‘Sede, lugar, grande Centro do Povo Kongo inteiro’’.

Um exemplo, hoje a maioria dos países africanos já têm 56 anos da independência, mas o nível

do desenvolvimento é ainda lento, apesar que tem as novas tecnologias (tratores, caminhões,

etc.). Que sejam os países que conheceram a guerra (Angola, dois Congo), sejam os países que

não conheceram a guerra (Botswana, Tanzânia, Gana), todos não são países desenvolvidos.

Mesmo os países da América Latina espanhola (Bolívia, Chile, etc.) que tem mais de cento anos

de independência, não são desenvolvidos, é o apogeu. Enquanto o Kongo que existiu na

Idade Meia não pôde se desenvolver nos 57 anos no sentido daquela época. É para dizer

que o apogeu ou desenvolvimento é uma questão dos séculos. Nenhum historiador sério

pode afirmar que o Kongo foi fundado e desenvolveu-se em 57 anos.

E este alto nível de organização do KONGO que espantou os portugueses é falado pelo o

etnólogo alemão Léo Frobenuis em seu livro " Histoire des Civilisations Africaines" p101,

quando ele disse que "os Kongo são civilizados até a medula dos ossos".

Também outra prova arqueológica que vem confirmar a anterioridade da fundação do reino

Kongo antes 1425- 1439: segundo MARET na sua obra " Neolítico do Baixo Zaire" (o título

está em francês) em Estudos de História africana,1977-1978 pp.69-73, a arqueologia do Baixo

Zaire situa o neolítico nesta região no século I° antes nossa era.

O historiador congolês(Congo Brazzaville) e professor Theophile Obenga trouxe uma outra

prova tangível no seu livro " La Cuvette,les Hommes et les Structures", Paris 1976, onde ele

afirma que as chefias tradicionais Mbundu já foram estabelecidas na parte meridional nos

séculos II e IV de nossa era Cristiana e que as organizações políticas(chefias tradicionais )

de  Mbata e MPangu(futuras províncias do Kongo) desenvolveram-se a partir do século

IV, ora na História, a chefia tradicional é a última formação ou etapa sócio política tradicional

para fundar um Reino.

Além disso, o historiador congolês (Congo Brazzaville) NDINGA MBO cita em seu livro "

Introduction à l’histoire des Migrations Bantoues au Congo”, Tome I, Edição

Bantoues,1984 alguns historiadores que dizem que " da fundação do Reino até ao rei NZINGA

NKUWU João I em 1482, tem cinco dinastias". E de mesmo o padre belga Van Wing na sua

obra de referência ‘’ Etudes Bakongo: Sociologie e Magie",1928 p.32 nós fala de NZINGA

NKUWU como quinto rei do KONGO. Portanto fundação de MBANZA KONGO é anterior

a 1425 ou 1439. Enquanto os anos de 1425- 1439 que a Coordenadora, você fala não é

adequada.

É uma falsificação, um erro gravíssimo histórico dos laboratórios arqueológicos, que

trabalharam sobre MBANZA KONGO, eu tenho certeza que eles manipularam estes resultados

em bases cientificas. Prezados(as) acham que os anos de 1425 ou 1439 até 1482, em intervalo

de 57 ou 43 anos, pode ter 5 reis, quando nós sabemos que a duração de um rei ao poder em

África pré colonial é cerca de 30 anos. Este fato de 57 ou 43 anos com 5 reis, mesmo na

sociologia e antropologia das sociedades antigas africana, é sem bases científicas, portanto

errado.

Outro fato a mencionar é que Yala Nkuwu não foi a árvore sagrada gêmea. Yala Nkuwu é o

lugar sagrado onde os Mani Kongo fizeram a cerimônia da Toma posse. A árvore sagrada que

foi perto deste lugar é NSanda (do seu nome latino é FICUS DUSENII ARTOCAPÉE). Sob

esta árvore que os Reis fizeram o tribunal tradicional que foi o LUMBU (ver Joseph Zidi

Doutor (com uma tese sobre a Província de Nsundi) e historiador congolês no curso de "

Histoire de l'Afrique et du Congo",2014-2015 da universidade Marien Ngouabi de

Brazzaville).

Por favor, Prezados(as) senhores(as) da Unesco, e todas outras personalidades da cultura do

projeto de MBANZA-KONGO, de modificar estes anos falso de ‘’1425-1439’’ para analisar os

fatos históricos sobre o ano de ‘’690’’ ou ‘’ cerca de 690’’ que eu falei, de trabalhar com todas

outras fontes (livros, tradições orais.etc), de parar com esta classificação temporalmente para

atingir para a verdade de nossa história africana.

Em virtude dos fatos mencionados em cima com a base da crítica histórica, e as realidades

antropológicas, sociológicas e arqueológicas, nós acreditamos e nós pensamos que o Reino do

Kongo, (pai do Reino do Kongo Dia Ntotila) foi fundado no século VII de nossa era, portanto

sejam 7 séculos após migrações Bantu Kongo em África Central(300-100AC). Este

intervalo entre o fim das migrações Bantu Kongo e a fundação do Reino Kongo, é muito

razoável na edificação de uma grande estrutura sócio política que já atingiu o apogeu no ponto

de vista sociológico e histórico. A Unesco não vai me dizer que todos historiadores africanos e

estrangeiros mencionados em cima, fizeram erros nas suas pesquisas científicas. Estou capaz de

falar tudo isso que mencionei em frente das autoridades da Cultura de Angola e da Unesco.

Atenciosamente,

SAMBA TOMBA Justes Axel,

Licenciado em História

Pesquisado do Grupo de Pesquisa ​Multi-Institucional ​África​s(UERJ)

www.grupoafricas.wix.com/site

Membro pesquisador da ABPN

Membro do laboratório LéAfrica(UFRJ).

-Copia a:

-Sonia Domingo, Coordenação do projeto de ‘’ MBANZA- KONGO’’,

-Ministério da Cultura de Angola,

-Embaixada de Angola no Brasil.

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