Casos de hemorragia sobem no Hospital Geral do Uíge

Por Joaquim Júnior

Cerca de 30 por cento dos 360 casos de hemorragias digestivas registados entre os meses de Janeiro e Setembro deste ano, no Hospital Geral do Uíge, resultaram em mortes, revelou ontem o director clínico, David Diavanza.

O responsável avançou que os casos registados representam um aumento de dados sobre as hemorragias digestivas que dão entrada diariamente na maior unidade sanitária da província do Uíge.

David Diavanza disse que, no hospital, os primeiros casos começaram a surgir em finais de 2016, na sua maioria, com sintomas de vómitos de sangue, situação que ainda se alastra até agora.

O director clínico esclareceu que a doença é causada pelo parasita “shistosomiase”, normalmente alojado nas águas dos rios e afecta as vítimas por meio da ingestão de água e pelo banho, sobretudo nas pessoas que usam os rios no período da tarde.

O médico avançou ser muito preocupante o facto de, neste momento, o hospital estar a registar todos os dias casos de hemorragias digestivas, com maior incidência no seio de famílias camponesas.

As hemorragias digestivas, alerta o médico, têm também como causador o uso excessivo de bebidas alcoólicas e, como consequência, a alteração do fígado, causando uma cirrose hepática. “Esta enfermidade, caso não seja tratada com urgência, pode resultar em morte”, disse.

Por norma, os pacientes chegam ao hospital a vomitar sangue e com uma palidez acentuada, o que requer que os doentes sejam necessariamente submetidos a uma transfusão de quase um litro de sangue.
O médico salientou ainda que outra maior preocupação tem a ver com o facto de os registos de casos serem maioritariamente de pacientes com idades compreendidas entre os 15 e os 40 anos.

David Diavanza alerta a população para a necessidade de desinfectar a água para o consumo com os produtos recomendados pelos serviços de Saúde Pública e evitar tomar banho nos rios no período nocturno, altura em que o parasita shistosomiase circula com maior frequência. Disse que, mesmo na sede capital da província, existem ainda áreas onde a população usa água das cacimbas e dos rios, produtos que acarretam consigo muitas impurezas. Por isso, a prevenção deve passar pelo tratamento da água, principalmente pela fervura, para evitar esta e outras doenças.

Casos de malária

David Diavanza avançou que a província registou 18.484 casos de paludismo, só no primeiro trimestre deste ano, dos quais 9.656 em crianças menores de cinco anos.

Os referidos casos de malária resultaram na morte de 91 pessoas, com grande incidência sobre os menores. “Esta faixa etária dos zero aos cinco anos é o elo mais fraco, para apanhar a doença, porque a sua imunidade encontra-se numa fase transitória, daí que os pais devem prestar maiores cuidados às crianças”, alerta.

No terceiro trimestre, segundo o médico, as doenças diarreicas agudas conheceram uma redução significativa, fruto do aumento do consumo de água potável a nível da cidade do Uíge. Os dados estatísticos do período em questão referem que apenas deram entrada no hospital 340 pacientes e nenhuma morte foi apontada. Mas, defendeu a necessidade de redobrar-se a vigilância epidemiológica, devido às fortes chuvas que se abatem na região.

“Saímos dum momento calmo para um período agitado, uma vez que, no tempo seco, temos tido redução de pacientes, mas durante a chuva a tendência é aumentar os casos”, disse para avançar que a direcção do hospital está a trabalhar no sentido de dar resposta a eventuais novos registos.

David Diavanza avançou que foram diagnosticados 89 casos de pessoas infectadas pelo vírus da sida, durante o trimestre em referência, dos quais nove resultaram em morte.
O director clínico do Hospital Geral do Uíge mostrou-se igualmente preocupado com o aumento de crianças seropositivas.

Hemoterapia confirma aumento de pessoas com hepatite B

Outra situação que o hospital tem vindo a registar tem a ver com os elevados casos de hepatite B, na sua maioria, detectados nas campanhas de doação de sangue, realizadas por diferentes grupos voluntários.
Disse que um relatório do serviço de hemoterapia confirma que “há um aumento do número de pessoas com hepatite B, alguns com a doença em estado crónico”, detectados ao doarem sangue. O médico explicou que a hepatite B também pode ser adquirida por via sexual, transfusão de sangue, sendo que a primeira causa é a maior fonte de transmissão da doença viral, ainda sem cura.

Em função disso, o director clínico apelou os munícipes a fazerem sempre sexo seguro, usando todos métodos de prevenção recomendados pelos serviços de saúde.

O responsável informou ainda que a paralisação registada nas obras de reabilitação do hospital, desde meados de 2015, está a dificultar o funcionamento adequado de alguns serviços, sobretudo o de pediatria, cujo edifício ficou descampado.

Por isso, solicitou às entidades afins, no sentido de retomar-se os trabalhos, para melhorar as condições de trabalho e acomodação dos pacientes.

Vírus da sida

David Diavanza avançou que foram diagnosticados 89 casos de pessoas infectadas pelo vírus da sida, durante o trimestre em referência, dos quais nove resultaram em morte.

O director clínico do Hospital Geral do Uíge mostrou-se igualmente preocupado com o aumento de crianças seropositivas, com idade compreendida entre os cinco e os 15 anos.

Via JA

 

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