Como faleceu o Padre João PEDRO na batalha da Damba?

COMO FALECEU O PADRE JOÃO PEDRO?

De todas batalhas que UPA levou a cabo na Damba (foram 5), para expulsar os administradores coloniais, o ataque de 20 de Maio de 1961, foi o mais violento. Este ataque não só contou com os guerrilheiros da UPA vindos de Nkusu e Lukunga, mais também de makesa mindamba recrutados no local, depois do fracasso dos três prescedentes ataques ( 17 de Abril, 19 de Abril e 02 de Maio de 1961).

Com efeito, ao contrário dos ataques anteriores, o ataque de 20 de Maio foi feito apartir do lado sul da Vila da Damba e aconteceu no princípio da noite. Os atacantes separaram-se em dois grupos, a maioria vinda do lado de Kinzenze, deveria fazer ataque surpresa, enquanto que o primeiro grupo, faria diversão na via principal, de quem vem do Nsoso.

Depois do ritual de baptismo feito pelos Nganga a  Nkisi, que os tornariam invulneráveis das balas dos colonos, no Rio Lamba (a confirmar), os manifestantes independentistas, reuniram-se no Konzo, antes do Kinsakala. Dali partiram no fim da tarde, quando o novoeiro já estava denso, chegam no lugar onde está hoje a missão católica, dividiram-se em dois grupos.

O primeiro grupo, segundo o velho Nsoki que participou na batalha, que deveria fazer diversão, foi acolhido por um fogo cerrado dos colonos, que foram reforçados por um destacamento militar vindo de Makela, a nível do antigo edificio dos CTT.

Minutos depois, o segundo grupo entra na vila, apartir do oeste, com grande alarido, junta-se ao primeiro a nivel do Club de Beneficiencia da Vila da Damba, e faz frente com com militares da administração colonial, barricados atrás dos edificios do Concelho da Administração colonial, dos CTT até aos eucalíptos, estando a Igreja da vila no meio. Os guerrilheiros avançam, com o preço de muitos mortos, até ao espaço situado a frente da igreja, onde a batalha se intensifica. Com efeito, na impossibilidade de penetrar nos edificios administrativos, visto o cordão defensivo montado pelos colonos, com metralhadores, a intenção dos manifestantes concentrou-se na igreja, onde supostamente, estavam escondidos traidores mindamba. Para UPA, quem trabalhasse para o colono, era traidor.

Um crente mundamba, refugiado na igreja, pediu o anonimato, na altura tinha 9 anos, afirmou ter visto o padre João Pedro, com arma de fogo, a disparar contra manisfestantes, momento depois, o mesmo sacerdote vai vestir o seu burel, dirigindo-se aos manifestantes para pedir a cessação das hostilidades, ali foi morto com tiros. Outra versão diz que foi morto a catanada.

Para concluir, o maior ataque da Batalha da Damba, foi feito pelos nativos de Damba, jovens vindo de Missão Ndemba, Mbanza Damba, passando pelo Kazumbi até Luzuanda, juntaram-se aos makesa das aldeias de Mabubu. Tiveram apoio da aristocracia local, homens como Domingos Zola, cunhado do Soba Kyala Kya Ntalu, Makotelo Makila, sobrinho do Nzengele a Mazina, genro do Soba Namputu, estavam a frente dos makesa, sem esquecer o primeiro ataque em que o sobrinho-neto do Soba Nakunzi, Pontes Vinda Nkabata, participou e morto em combate ( ver: http://wizi-kongo.com/luta-de-libertacao-de-angola/porque-o-uige-esquece-os-seus-herois-um-deles-e-o-pontes-vinda-nkabata/). A implicação do próprio Soba Kyala Kya Zinga, no momento, a maior referência da autoridade tradicional da Damba, também foi determinante.

Na imagem, o enterro do padre Juan Pedro, na vila da Damba, no tempo da batalha da Damba.

Para mais informações consultam o artigo escrito pelo Carlos Álves no Boletim colonial

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