Por Valter Gomes
Um complexo habitacional com 80 casas, para acomodar jovens da província do Uíge, encontra-se abandonado há seis anos.
As residências apresentam um avançado estado de degradação, muitas delas com fissuras. Os imóveis, alegadamente pertencentes ao Banco de Poupança e Crédito (BPC), foram construídos num perímetro de mais de dois mil metros quadrados, no bairro Kilevu, arredores da cidade do Uíge, para acudir as necessidades habitacionais da juventude.
O projecto habitacional, com casas do tipo T3, começou a ser construído em 2010. Depois das obras serem concluídas, as casas foram abandonadas. Por concluir restavam os serviços básicos, como arruamentos, colocação de asfalto, mobiliário, água, energia, serviços de saúde e outros.
O complexo encontra-se actualmente rodeado de capim e árvores. A população que vive próximo do condomínio está a aproveitar os espaços previstos para os arruamentos para a plantação de ginguba, milho, quiabo e ervilha.
O director do Gabinete Provincial de Infra-estruturas e Serviços Técnicos, António Vicente Lima, lamentou o facto das residências, com condições de habitabilidade, se encontrem abandonadas. Esclareceu que o projecto habitacional não é da responsabilidade do Governo Provincial, mas sim do Banco de Poupança e Crédito.
António Lima, que reconhece haver um elevado número de jovens que ainda não tem acesso a uma habitação, disse que o BPC foi notificado para dar solução a questão do abandono das casas. “Apelamos aos proprietários para que concluam a obra e coloquem à disposição da população que sonha com uma casa própria”.
A equipa de reportagem do Jornal de Angola procurou, sem sucesso, contactar o BPC para apurar a titularidade do complexo e as razões do seu abandono.
Entretanto, munícipes do Uíge, ouvidos pelo Jornal de Angola, defendem a conclusão da obra, para que os destinatários possam adquirir os imóveis. “Ficamos alegres quando o projecto habitacional começou a ser erguido. Os jovens queriam ter uma casa própria, mas depois a obra ficou paralisada”, disse Afonso Dongala.
Jorge Pereira Mavindo, 32 anos, lamentou o estado avançado de degradação em que as residências se encontram. A água das chuvas, acrescentou, leva grandes porções de terra nos arruamentos e cria fissuras nas paredes das casas.
“Desde que foram construídas as casas, a empresa responsável nunca apareceu no local para proceder à comercialização das mesmas, são fundos que foram gastos e que deveriam ter ajudado os jovens a acomodar-se em boas condições”, lamentou.
Joana Domingos, professora e residente próximo do complexo habitacional, disse ter visto o espaço a ser preparado e as residências a serem construídas, em 2010. Indicou que, depois do abandono da obra, o local transformou-se num centro de esconderijo de marginais, facilitada pela falta de iluminação pública.
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