Por Alfredo Dikwiza e Jeremias Kaboco
Uíge – As condições do hospital provincial, estradas e escolas do ensino primário e primeiro ciclo do município do Uíge, sede da província, com o mesmo nome, estiveram hoje, sexta-feira, na mira dos deputados da bancada parlamentar da União Nacional para Independência Total de Angola, no quadro de uma visita de trabalho na região de 72 horas. Com uma equipa chefiada pelo deputado Ernesto Mulato e coadjuvado por Félix Simão Lucas, em companhia de membros do secretariado provincial da UNITA local, começaram por radiografar o estado físico e das condições de trabalho dos professores e alunos da escola primária do bairro Nguengue, periferia da cidade do Uíge.
Uma escola onde maior parte das crianças estudam ao ar livre, ou seja, por debaixo de sombras de árvores de mangueira e abacateiros. Realidade que chocou com os políticos e não só ao ver as crianças aprenderem o A e B naquelas condições, no meio de um bairro, e de segunda a sexta-feira, suportam as condições do tempo, como frio, chuva e sol, além do barrulho e da poeira protagonizado pelos moradores que a escassos metros vivem e os que sobem e passam pelas ruas que rodeiam a mesma escola. Depois da constatação e ter feito seus apontamentos sobre a triste realidade do estado da escola e de como as crianças estudam, a comissão mudou de ângulo, cujo destino foi o hospital provincial. Logo a sua chegada, mantiveram um contacto com a direcção do referido hospital dirigido por Ernesto Migi e, em seguida, começaram por olhar de perto o banco de urgências, salas de consultas externas, pediatria e terminaram na área de Rx, tendo em cada local passado perguntar e ter recebido das possíveis informações sobre o seu estado de funcionamento e das respectivas dificuldades.
Ernesto Mulato e Félix Simão Lucas, assim como os seus membros, todos com ouvidos atentos e com uma caneta na mão direita ou esquerda auxiliada com uma folha A4, faziam as anotações dos maus e bons aspectos vistos e informados por quem ai labuta. Visitadas as áreas que lhes foi autorizada pelo responsável do hospital provincial, com o mesmo objectivo, a delegação do segundo partido em Angola, movimentou os carros em direcção ao bairro Pepelão, igualmente, periferia da cidade do Uíge, para de perto ver o mau estado da estrada nova, que liga a rotunda do Songo a rua do aeroporto.
Construído há menos de três anos, a mesma estrada também apelidada “Rua do Pombolo”, encontra-se com um senário assustador, ou simplesmente, repleto de buracos com mais de 50 centímetros de profundidade e bermas totalmente destruídas. Uma obra que tudo indica beneficiou apenas a quem a executou e prejudicou o dinheiro saído dos cofres do estado e a livre circulação de bens e pessoas. Com uma característica de fluxo de pessoas que sobem e descem, logo que se aperceberam da comissão da UNITA no seu perímetro de estrada de aproximadamente dois quilómetros e meio, os mesmos habitantes reunidos em pequenos e maiores grupos aproximaram-se dos representantes do povo na Assembleia Nacional (AN), com, entre outros, dizer afirmar terem sido enganados e improvisados com um asfalto que durou pouco menos de um ano.
“Quando Paulo Pombolo chegou aqui com a sua empresa para asfaltar essa rua, todos nós louvamos a iniciativa e ficamos congratulados pelas suas declarações inspiradoras e pelo trabalho que iam executar, mas na prática vendeu-nos um gato no saco e, hoje, olha o que estamos a passar, cujo imagens e o estado da própria estrada no centro do município sede, fala por si”, desabafou, Ntoto Makiadi Augusto.
Depois do bate papo com os moradores, os mesmos deputados dirigiram-se para rua Industrial, com primeira paragem na escola do primeiro ciclo Engenheiro José Eduardo dos Santos, no bairro Kakiuia. Uma escola de um pisos, com estilo de três blocos, mas que viu os alunos da 7ª a 9ª classe no presente ano lectivo serem transferidos por outras instituições de ensino, através do mau estado físico da mesma escola, que albergava mais de quatro mil alunos em três turnos (manhã, tarde e noite). Lurdes António Miranda Afonso, directora da escola Engenheiro José Eduardo dos Santos, disse ao Wizi-Kongo que a obra inaugurada em 2012, funcionou em pleno até 2015, um ano depois, isto é, em 2016, começou á apresentar mau estado físico da infa-estrutura (fissuras maiores), tendo com isso, em 2017, encerrar o outro bloco, o sul, no caso, e funcionar apenas com dois blocos (norte e oeste) e, este ano, os três blocos que corresponde a escola, por questões de segurança, foram encerrados, tendo os alunos e professores serem encaminhados para outras escolas.
“Por falta de um espaço próprio, a direcção da escola continua a funcionar no bloco norte, que aparentemente apresenta poucas fissuras, para facilitar também os encarregados de educação virem aqui tratar os documentos dos seus educandos com facilidades e sem ter que ir procurar a direcção da escola em outro lugar e, esperamos que o governo consiga resolver o mais breve possível essa situação, onde a demolição dessa escola seja a via correcta”, observou a directora. Em seguida, Ernesto Mulato e companhia deram sequência com a rua Industrial, desta vez, com destino no bairro Ilha, onde a rua Industrial com mais três enxurradas daqui em diante, será devorada por uma ravina ali transformada e que vai insolar o resto da cidade de um lado para o outro.
Com uma dimensão de aproximadamente quatro ou cinco metros de profundidade, a mesma ravina vai tirando sossego dos moradores na periferia, automobilistas, motoqueiros e não só, pois, que passar por aquele lugar, tanto de dia, como de noite, todo cuidado é pouco. A mesma ravina já leva anos, cujas intervenções improvisadas feitas há anos em nada resultou e, por conseguinte, foi no local que a comissão da UNITA deu por terminar as suas visitas de constatação das condições em que os uigenses vivem, iniciadas nesta quinta-feira, nos municípios de Songo, Milunga, Sanza Pombo e Buengas.
Wizi-Kongo
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