Crise no MPLA / 1962 – A ata da primeira reunião na Universidade de Louvanium de Léopoldville

MPLA/Crise de Outobro de 1962

Reunião de um grupo de quadros em Louvanium a 9 de Outubro de 1962

PRESENTES:

Mário de Andrade                      Agostinho Neto

Viriato da Cruz                           Eduardo dos Santos

Gentil Viana                                Manuel Videira

Rodrigues Boal                           Edmundo Rocha

Vieira Lopes                                Rui de Carvalho

Carlos Pestana                            Manuel Lima

Ámerico Boavida

O primeiro militante a usar a palavra foi Viriato, afirmou:

Viriato: – Estamos mergulhados numa grave crise – Não se pode seixar pensar nela. – É necessário superar a crise apresetando em bases totalmente. Torna-se necessário criar a disposição de irmos todos  até ao sacrifício supremo para se ir no encontro de uma confiança mútua e uma nova moral. É urgente a formação de uma filosofia revolucionária que nos informe sobre as causas, sem um  conhecomentos de uma causa nobre, não h’a uma perfeita adesão. É preciso intensificar o trabalho específicamente militar visando a interpenetração político militar que assegura as bases da disciplina e da justíça. Que vão fazer ois líderes? Que garantia podem dar? Nada se pode fazer sem dar: – a) Novo programa de acção. – b) Aceitação da igualidade no sacrifício. – c) Restauraçâo de um clima de confiança

Neto: – Vivemos uma situação de uma guerra evidente mas tenho a sensação de inutilidade. Há uma grande falta de cumprimentos de tarefas. É necess’arioi que a direcção seja disposta aos memos sacrifícios que qualquer soldado preparado. Existem entre nós questões graves de confiança, o acordo e armonia no futuro. É preciso criar um verdadeiro sentido de amizade. Dar a força e incisão ao MOVIMENTO. Não devemos atirarmos a aventura, é necessário uma prévia preparação.

Vieira Lópes:- De acordo com a reunião. Eu vejo só uma solução deste género pode tirarmos do ponto que nos encontramos actualmente.

Lima: – De que forma se pensa na igualidade de princípios?

Viriato: – Em assegurar a independência dos militantes dentro de um padrâo comum. Igualidade na maneira de viver e na acção.

Lima: – Isso exige um programa de acção novo. Acção directa dentro do quadro do nacionalismo, condicionado aos factores África, Angola e política congolesa. É necess’ario ter sempre presente a responsabilidade histórica no quadro da libertaçâo do resto de África. Criação de uma nova confiança mútua. Militarização de todos políticos e politização de todos militares.

Rui: – PPergunto-me qujal é a representividade deste grupo? E Comité director é um com. Provisório?

Viriato: – O problema da representatividade não se deve por tendo em conta a situação da crise que se justifica uma atitude revolucionária de um grupo que obrigasse sair desta situação, ninguém deve perguntar por isso  O que vale é reposiçâo das coisas no seu lugar.

Boavida: – Penso que a nossa reunião põe os objectivos como válidos. Ou não? se houver o consentimentos dos quadros o démarrage é feito por todos e não por uns apenas.

Rui:  – Constato que não estou no comité director nem preparatório. Estou perante um grupo de revolucionários. Vivemos todo ano em dissidências que parecem irrdutíveis. Engajo-me perante o grupo se sse levar em conta o restabelecimento da lealdade e de camaradagem.

Neto: – Considerou-se aqui o militante militar vice e versa, e muito bem. O engajado no movimento deve ser apto e pronto a  ser engajado na luta. Estou pronto aderir e quero quer o Comité o comité seja capaz de encontrar os processos necvessários à transformaçâo em vista.

Pestana: – A quem será apresentado este novo plano?

Viriato: – Adesâo implica responsabilidades iguais e uma actuaçâo segundo esse espírito. É preciso criar homens fora de grupos mas sim em função de programas e de princípios. O programa de acção deve ser feito por todos os indivíduos e exposto a direção e a votação de todos.

Pestana: – Houve antes uma reunião com membros estranhos ao Comité Director?

Viriato: – Sim fizeram-se reuniões parciais.

Pestana: – Como militante lamento ser afastado e sem informaçâo nenhuma sobre a vida do Movimento. É diícil  decidir ir para ali  súbitamente sem coordenadas definidas. Não sei qual é a natureza e quais responsáveis pela gravidade da situação actual. Não sei se estou a votar um porograma para um indivíduo que não merece a minha confiança.

Viana: – Mas prevè-se a eleiçâo de novos corpos dirigentes.

Pestana: – Se fosse votar por exemplo em G. nâo sei que responsabilidade lhe cabe na gravidade da situação.

Boal: – O movimento está em crise. a crese caba a todos dirigentes e dirigidos. Apesar de segredismos de ambos os comités, nosd podiámos andar a par e saber a que ponto o programa estava a ser respeitado. É preciso restaurar de novo em bases sólidas a vida do Movimento. Estou de acordo com uma disciplinazação dos quadros e de ambiente do Movimento. Espüero que o programa que se vai se estabalecer a segurança necessária e a confiança mútua. Pensei que a crise fosse sobretudo uma crise temporária de amadurecimento ou de crescimento  do Comité director e do Movimento. Parece a crise acenta na falta de confiança mútua entre membros do Comité Director. A crise veio desmonstrar  a necessidade de se rever tudo.

Edmundo Rocha: – Todos se tinha apercebido de uma crise grave sobretudo ao nível de quadros dirigentes. O caminha da reconciliação que se fala, parece que vira a dar os seus frutos. Os princípios enunciados aqueles que terriamos aderidos ao ser de Portugal no entanto eu pessoalmente as dúvidas poara dizer é com grande sensação de falhanço pessoal e colectivo, a sensação de ter sido at´certo ponto enganado que tenho reagido até agora. Para al’em das ideias progressistas comuns, havia problema das pessoas que dirigiam o Movimento e que mereciam confian4a cega até ao ponto de nos trmos deixado arrastar a uma indignidade pessoal e por nâo termos reagido. Esta sensaçâo de ter sido enganado afectou profundamente esses militantes, a mim pelo menos. Perginto-me até que ponto um programa estabelecido por todos ser’a seguido. Nunca quero lançar no ambiente um espírito ou sentimento  de derrotado. Os 3 pontos podem salvar o movimento e eu eu reservo-me ao momento de verificar a elaboraçâo do programa e como as coisas se vão passar.

Viriato: – Como revolucionário devemos construir um novo movimento no sentido ideológico. Nâo admito um sentido oportunista. Quaisquer que sejam os erros nos devemos acusar o espírito de crítica e de autocrítica. Todos homens sâo recupráveis. E desintegraçâo exigia o afastamento de alguns e nós somos poucos o que traía a revoluçâo angolana. Nós defendemos a criaçâo de uma democracia. O dever de lançar uma vda nova em Angola, na base de uma nova acção.

Programa de Acção: – Existiu em Maio a ideia de um novo programa já redigido em forma de um projecto: Capítulo Interior, Capítulo Militar , Capítulo Exterior. Pode servir de base a um pensamento crítico.

Mário de Andrade: – O programa projectado trata de uma modificação dos quadros técnicos e intelectuais da massa angolana. Voces sâo que estâo em melhores condições de o fazer. Há acusações a fazer aos responsáveis : Segredismo, Capitalização de movimento. Vamos em base livre discutir as responsabilidades de uns e de outros. Vocês também são  responsáveis na medida em que não fizeram funcionar o programa do Movimento. Ainda nâo é tarde embora estejamos atrasados. É possível refazer o movimento, recolocar o problema no seu lugar na perspectiva que o leva a uma solução imediata. Estamos aqui para discutir os problemas e respensa-los nas sua perspectivas angolana e mundial. Tudo isto justifica plenamente a reunião que pretemos fazer. Alguns pretendem garantias. Ninguém pede para se entragar o movimento nas mãos de dirigentes actuais. Todos devemos pomar parte na condução do problema. Nós soimos para isso. Há sub-empregos dos quadros do Movimento. Há responsabilidade do Comité Director. O futuro assenta no afrontamento diante  do problema angolano.

Eduardo dos Santos: – Devemos olhar sobretudo para luta aberta em África e os resultados obtidos. Angola está confrontada com alguns problemas grave. Conhecemos a soluçâo posta. As condições internacionais. O nosso Comité director considerou o problema, mas nâo deveria ser o Comité Director a tomar as decisões. Devo vincar que no espírito de alguns indivíduos vinham pensando que esta solução política era injusta. Hoje há angolanos que estão prontos a entrar imediatamente. O Pestana e o Rocha puseram questão de confiança nas pessoas que aqui estão. Não venham iludir o problema pondo a questão da confiança pessoal.

Neto: – Interrompe para pedir mais cuidado e mais reflexão porfque a decisão a tomar é muito grave e é preferível uma adesão consciente. O programa deve convencer toda gente a estabelecer a confiança. Vamos entrar imediatamednte na sua discussão geral no congresso para esclarecer todas as dúvidas. Penso que será dentro da discussão da discussão do plano de acção que vamos encontrar soluções.

Edmundo Rocha: – Embora conheça de longa data alguns membros do Comité Director, foram esses mesmos elementos que levaram o Movimento ao que chegou. Eu tenho responsabilidade em diversos planos socias, familiar, político, etc, e tenho que encontrar o equilibrio entre eles. Não vou em entusiasmo juvenil como o que nos trouxeram de Portugal para aqui. Eu era de opinião que a reconciliação era o único caminho.

Pestana: – O Edmundo tem todos os dados para raciocinar e emitir opiniões o que eu nâo posso de modo algum fazer.

Eduardo dos Santos: – O Rocha sabe onde eu quero chegar. O Rocha nunca deu resposta às questões que por diversas vezes lhe tinham postas. Eu queria adesão no sentido em que vamos todos renovar o Movimento.

Viriato: – O Pestana e o Rui têm razão em pedir informações para darem uma adesâo ao novo programa. Não confundam as quastões e vamos construir o Movimento em bases novas. Será que todos estão de acordo com os 3 princípios são suficientes para criar um novo Movimento. Agora quais sâo os homens que vão pôr em prática? É preciso olhar sobretudo ao seu passado, é necessária uma selecção.

Gentil: – Eu penso que o Viriato j’a esclareceu as dúvidas uma coisa é o programa de acção. Outros sâo princ´pios revolucionários. Tentamos com uma remodelação resolver problema porque não havia igualidade de sacrifícios. Tentemos a conferencia mas não porque nem todos se sacrificam igualmente ou não foram igualmente aproveitados.  Todos os indivíduos são recuperáveis, mas se não se recuperarem ficarão sem responsabilidades. Conto que não há mais dúvidas, mais não quero dfizer que não as aceites.

Videira: – Apesar de tudo nâo constitui a grande surpresa para aqui reunidos responsáveis do Movimento que ainda há pouco tempo pareciam divididos. Nas verdade homens que dedicaram anos da suas vida à luta pela libertação do seu país não poderiam dividir-se profundamente por discussões de alguns dias. O movimento cometeu faltas no seu passado e uma delas foi a falta de informação dos seus quadros, mas hoje não estamos aqui para duscutí-las. Hoje estamos aqui para construir e neste sentido que me pudessem responder já sobre quais as ideias que o grupo faz da nova linha de acção de Movimento, o que é preciso começar hoje mesmo a fazer.

Viriato: – Informa que as linhas do novo programa ainda não estã estabelecidas, devem ser préviamente discutidas por todos a sua aplicação deve resultar de uma difusão dos prinipais no sentido horizontal para o conhecimento dos responsáveis e num sentido profundo em relação ?as massas que, é o mais impotante.

Videira: – De facto como diz o Viriato a difusão de uma nova linha de acção deve fazer-se buscando os dois efeitos horizontais e vertical, mas, por paradoxal que pareça, neste momento o efeito horizontal porque no quadro da luta angolana a decisâo de lutar entre dirigentes é o que tem mais faltado. É na camada das elites que tedm faltado a coragem para entrar imediatamente no combate directo. Felizmente não tem faltado nem ao movimento  nem ao qualquer partido o apio do povo para a luta armada. É afinal de contas uma questão de falta de colimes da nossa parte. A minha adesão aos princípios expostos é total.

 

Congo/Louvanium (Faculdade de Biologia)

Le 9 Octobre 1962.

 

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