CRISTIAN NOGUEIRA PERSONALIDADE DA LITERATURA NO UÍGE

Por Rui Filipe Ramos

Garcia Nogueira Castelo adoptou o nome artístico Christian Nogueira, pelo qual é mais conhecido. É filho de António Carlos (em memória) e Amélia Henriques João, ambos naturais do Bembe.

“Nasci no bairro Dunga, na cidade do Uíge, a 28 de Janeiro de 1998. Sou poeta-declamador, compositor, cantor, actor e apresentador de eventos”, começa por dizer.

Aos dois anos de idade, em 2000, a mãe de Christian Nogueira leva-o, na companhia da irmã que lhe sucede, para Luanda, onde cresceu e vive actualmente. Concluiu a Escola Primária e o I Ciclo do Ensino Secundário no Colégio Alegria, no Cazenga, e o Médio no Liceu do Uíge, entre 2015 e 2017, na opção Ciências Físicas e Biológicas.

“Frequento o 2° ano de Psicologia Clínica no ICISA (Instituto de Ciências da Saúde) da Universidade Agostinho Neto. Sou também técnico de Contas e professor de Biologia e Química”, diz. “Desde cedo, mostrei inclinação pelas artes, inicialmente pelo desenho e depois pela dança, tendo imitado, durante um certo tempo, o lendário Michael Jackson”.

O bichinho da poesia eclodiu em Christian Nogueira na 7ª classe, em 2011, quando Domingos da Silva, seu professor de Português, lhe ensinou a versificação. “A partir daí, escrevi o meu primeiro acrónimo de que já não me lembro de cor. Depois, passei a declamar em igrejas e casamentos”.

Nos finais de 2014, ainda no Colégio Alegria, ingressa no grupo teatral que acabava de ser criado. “Foi tão boa a experiência vivida que no ano seguinte, quando regressei ao Uíge para viver, decidi continuar a representar no Grupo Alvo do Evangelho e na Companhia de Artes Unidos em Cristo (CAUC), até meados de 2017”.

Christian Nogueira integrou, em 2016, a produção do Dipanda Uíge Cartoon, primeira exposição de caricatura com o “famigerado Nelson Paim”.

Conta que trabalha para o Canal X Produções, canta RAP desde 2018 e compõe letras para ele e outros intérpretes da geração jovem.

“No ano passado, juntamente com a cantora Ariana Lara e o meu produtor musical Nex Diamond, criei o Projecto Malamba, que em Afro Naija traz à tona a reflexão de problemas do dia-a-dia do povo angolano, tendo como canção promocional “Vem só””. E acrescenta: “Coordenei e apresentei semanalmente, de 2017 a 2019, o maior recital de poesia do Uíge, “Quintas Poéticas”, do Movimento Literário Viv’Arte, fundado em 2012, pelo escritor Vrackichakiri Abelardo, exercendo funções na Área de Marketing e Informação”.

Christian Nogueira foi indicado em 2017 e 2018 para representar o Uíge no Festival Nacional de Poesia no Huambo, mas não chegou a viajar por inexistência de patrocínio.

“Participei, em Janeiro de 2017, na II Edição do Feste-A-Cacuaco, com a Companhia de Artes Unidos em Cristo (CAUC) e a Obra “Lágrimas de mãe” e, no mesmo ano, co-protagonizei o romance “O outro lado do amor”, pelo Protesa Teatro.

No Uíge participa, com o Protesa Teatro, em 2018, no “casting” local que dava acesso directo à I Edição da FEJETEC (Feira Juvenil de Educação, Tecnologias, Empreendedorismo e Comunicação), realizada em Luanda.

Em 2017, fez parte da equipa organizadora da I Conferência Provincial de Literatura do Uíge e no ano seguinte esteve presente no Transpirando Spoken, primeiro e grande Slam de Rua em Luanda.

Christian Nogueira foi o vencedor do Moda Uíge 2018 na categoria “Personalidade da Literatura”.

No fim de 2018 assina com o Projecto Artes em Todas as Vertentes, na Escola Primária 8.000 do Kinaxixi, para ser o artista de cartaz nos seus eventos.

“Entre 16 concorrentes, fui o 2° classificado da Carmona Slam, I Batalha de Spoken Word nas Terras do Bago Vermelho, produzida em Setembro de 2019, pela Art Sem Letra, em parceria com a MZ Eventos”.

Em 2020, é nomeado para os Prémios Talentos da Vida da Rádio Online Vida como “Melhor Poeta e Declamador”, tendo perdido para Zola Ramos, Simplesmente O Poeta.

Christian Nogueira conta com passagens em programas da TPA, TV Zimbo, ZAP Viva, Palanca TV, RNA e Rádios Cazenga, Cacuaco, Ecclesia, Global FM, Kairós, Muzangala, Escola e Tocoísta.

Adora desporto e, em 2012, teve uma curtíssima passagem pela equipa juvenil do Progresso do Sambizanga e na B da Santa Rita de Cássia do Uíge, em 2015.

“Apesar dos dezanove anos de Luanda, considero-me muito mais uigense e um artista multifacetado, no universo dessas “várias”, em Literatura, olho para o escritor angolano Kialunga Afonso como o expoente máximo”.

O seu desejo é estar “entre os artistas grandes, aprender com eles, ser um deles e deixar legado publicando, pelo menos, um livro de poemas ou álbum de música”.

Os maiores apoios de Christian Nogueira vêm da mãe e irmãs e a sua maior perda foi a morte do pai, em Novembro de 2020. “Ele era a única pessoa a quem podia recorrer em momentos de aflição e angústia, trazia-me sempre para casa o jornal, o que me trouxe a paixão pela leitura”.

 

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